Empulhação desmesurada
É admirável como alguns segmentos da sociedade brasileira são tão passivos diante de tanta empulhação.
Até a semana passada, o discurso do governo golpista e da sua grande aliada, as Organizações Globo, era que a reforma da previdência é essencial por se tratar de “uma exigência do mercado”.
Sem elas as contas públicas não se equilibram. Os empresários deixarão de investir no País e mergulharemos no mundo das trevas.
Apesar de tamanha dramaticidade, a camarilha de Temer e a mídia a soldo não tinham conseguido, até então, convencer os 308 deputados necessários para aprovar a “indispensável” reforma.
Por mais obediência que prestem a Temer, os parlamentares da base aliada sabem que as mudanças que pretendem fazer no sistema de aposentadorias são um tremendo “fio desencapado”.
Na quinta-feira passada (11/01), a agência norte-americana de classificação de risco Standard & Poor’s – S&P – rebaixou a nota do Brasil.
A demora em aprovar a reforma da previdência e conter os gastos públicos, de acordo com essa instituição, transformou o Brasil num local perigoso para se investir. Deixamos de ser um “bom pagador”.
Especialmente, para as “velhinhas do Kentucky”.
A expressão faz parte do jargão dos economistas. Refere-se a um grupo de professorinhas aposentadas daquele estado americano que, na virada do século, adquiriram o hábito de aplicar suas poupanças em títulos do governo ou em ações de empresas brasileiras
Para quem já se esqueceu, a Standard & Poor’s não foi capaz, por exemplo, de prever, em 2008, o estágio de especulação predatória que tomou conta do sistema financeiro e do mercado imobiliário dos Estados Unidos.
A maior crise financeira deste século, por pouco, não varreu os bancos e algumas empresas americanas do mapa. Não fosse um aporte de quase 4 trilhões de dólares do Tesouro dos Estados Unidos tudo teria se transformado em pó lá por aquelas bandas.
O cochilo da “implacável” Standard & Poor’s foi tão vexaminoso que nem as “velhinhas do Kentucky” acreditam mais nela.
É bem provável que nem o vassalo Meirelles acredite nessa lorota.
Mas, ele e a camarilha do Planalto não se furtaram em usar o tal rebaixamento para pressionar a sociedade brasileira e os parlamentares no sentido de aprovarem a reforma de qualquer jeito, no próximo dia 19 de fevereiro. Mais um embuste contra os que precisam do governo para sobreviver na velhice.
Desde quando reformas dos sistemas previdenciários são feitos para atender o clamor dos mercados ou de agências de risco?
Nações que se prezam fazem isso, em primeiro lugar, para garantir a qualidade de vida de seus cidadãos e, depois, para ajustarem suas economias.
O rebaixamento do Brasil pela S&P já era esperado pelo Banco Central, por todo o sistema financeiro e pela Bolsa de Valores. Para quem é do ramo não houve surpresa alguma.
Só que o ministro Meirelles e o presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia (DEM-RJ) – ambos candidatíssimos a Presidência da República, em outubro vindouro – resolveram vir a público para trocar farpas.
O ministro acusa o deputado pelas vacilações na aprovação reforma previdenciária na Câmara.
Maia retruca dizendo que quem tem vacilado na matéria é governo. Até agora não conseguiu o número necessário de votos na Casa para aprovar as mudanças.
Enquanto esse teatrinho de horrores se desenvolve nas páginas dos jornais e nas telas dos telejornais, ninguém tem ânimo para tocar numa questão que incomoda profundamente o “mercado” e as Agências internacionais de “rating”: o tamanho da dívida das empresas com o INSS.
Pois bem, em 2016, os bancos e as empresas deviam ao instituto R$ 426 bilhões. Ou seja, três vezes o valor do apregoado rombo da previdência.
No rol dos grandes devedores/sonegadores encontram-se instituições veneráveis como: o Banco Itaú e o Bradesco.
Acontece que ferrar os aposentados é muito mais fácil do que obrigar os patrões de Meirelles meterem a mão no bolso para pagarem o que devem á previdência.
Haja empulhação!
Tijolaço
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