segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

O general tem razão: 2018 é um plebiscito, se deixarem o povo falar


POR FERNANDO BRITO · 15/01/2018



Na boa entrevista que dá ao Estadão, o Comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, vai além do evidente – e negligenciado – risco de contaminação das Forças Armadas com o seu emprego constante e banalizado como polícia. E além, também, de alguns conceitos de quem – desacostumado a aceitar as diferenças – espere ver nele um pensamento revolucionário e não o de um conservadorismo que, lúcido e equilibrado, nada tem a ver com a selvageria dos fanáticos.

Mas é na resposta à última pergunta da entrevista, quando lhe foi pedida uma avaliação das eleições deste ano. Abriu um campo de avaliação imenso e, como a entrevista parou ali, deve ter se recusado a ir além do que disse, que é uma chave.

-As eleições, de certa forma, representarão um plebiscito em relação à Lava Jato.

O general tem razão, se a sua frase não for vista com os olhos miúdos do moralismo.

Porque, de fato, será um plebiscito em que se decidirá se queremos um Brasil em progresso ou arruinado pela sanha destruidora que se apossou destas terras desde que a “Lava Jato” se tornou a grande, maior e única preocupação e, claro, a grande desculpa para desfechar-se um processo de atropelos, golpismos e, por ele, de afundamento do país.

Não é, senão para os privados de capacidade racional, um plebiscito sobre responsabilização e impunidade, diante do que é irregular.

É sobre transformar-se a justiça em espetáculo, a opinião em lei e a condenação em veredito prévio.

É sobre condenar-se o Brasil à exclusão, à crise, à falta de liderança e à perda de suas riquezas e valores.

A expressão plebiscito é preciosa, porque se refere ao único e magno instrumento democrático e constitucional que permite a afirmação soberana da população, fonte da legitimidade, muito mais do que da lei.

Resta saber se a Justiça vai consumar o esbulho deste direito sagrado do povo brasileiro se manifestar, pois não há plebiscito algum se a disputa for entre o “sim” e o “sim, senhor”.



Tijolaço

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