Diretor-geral do DataFolha diz que apesar de toda a perseguição, Lula segue visto por pelo menos 1/3 do eleitorado como alguém "confiável" e é o maior líder político do país. O ex-ministro do Supremo Joaquim Barbosa é a única novidade na disputa até agora e pode ter peso no processo eleitoral, ao contrário de Marina Silva que, sem tempo de TV, pode morrer na praia de novo
4 DE MAIO DE 2018
247 - Em entrevista para o jornal Valor Econômico, diretor-geral do Instituto Datafolha, Mauro Paulino, afirma que pesquisas indicam que população considera Lula o maior líder do país; ele é visto como "um político confiável, mesmo com as acusações, mesmo com todo o noticiário, desde o mensalão, a condução coercitiva, o depoimento ao [Sérgio] Moro e, agora, a prisão". Para Paulino, 1/3 do eleitorado é ferrenhamente pró-Lula e irá votar nele ou no candidato que ele indicar.
Até o momento, a única novidade no cenário é o candidato do PSB, o ex-ministro do STF Joaquim Barbosa que, para Paulino, é visto por parte do eleitorado como o Lula intelectualizado, ou o Fernando Henrique que pode se conectar com o povo e entra na disputa bem colocado pelo recall de sua atuação no caso do mensalão no STF: "Isso é recall e lembrança da atuação dele no caso do mensalão. Ele entra na disputa não só com uma taxa de intenção de votos significativa, mas com algumas características que podem ser importantes neste momento. Por exemplo: se compararmos com Lula e com Marina Silva, ele também tem uma origem humilde, só que, ao contrário do Lula, ele estudou e teve sucesso, chegou a um cargo muito importante, mesmo com sua origem humilde, tendo sido faxineiro. Nós fizemos uma pesquisa muito importante há 20 anos, uma qualitativa, cuja conclusão foi de que o candidato ideal para o eleitor brasileiro seria uma mistura de Lula com Fernando Henrique. Que tivesse a origem e o conhecimento dos problemas como o Lula e a erudição e o preparo intelectual do Fernando Henrique. O Joaquim Barbosa, de certa forma, concretiza isso. Se isso for bem comunicado, ele pode inclusive abocanhar votos da esquerda."
Ele vê um obstáculo quase intransponível para a candidatura de Marina Silva. Apesar do alto recall das duas campanhas presidenciais anteriores, de ser vista pelo eleitorado como alguém de fora do universo político tradicional e ser vista como alguém não explosiva, diferentemente de Ciro Gomes e Joaquim Barbosa, ela "terá pouco tempo de propaganda para expor seus argumentos e pode ser desconstruída se ameaçar crescer, como ocorreu em 2014." Com uma bancada de seu partido (Rede) diminuta e sem alianças, Marina arrisca-se a ter apenas 11 segundos na TV, numa eleição na qual, segundo Paulino, "a TV talvez tenha até importância maior que na eleição passada", por conta do tempo reduzida da campanha.
Para o diretor do DataFolha, Bolsonaro ameaça ter "batido no teto": "Do início do ano até aqui ele parou de crescer. Isso de fato pode indicar que ele atingiu o teto. Não dá para afirmar ainda, precisaríamos ter mais tomadas. Mas eu desconfio que sim, que ele atingiu o teto e precisa abrir o leque de discurso. Se permanecer com o mesmo discurso e o mesmo padrão Bolsonaro de radicalismo, é possível que ele fique nesse patamar ou caia, principalmente porque, aparentemente, ele não vai ter tempo na TV. Ele se movimenta muito bem nas redes sociais, mas me parece que nesse aquário ele já pescou todos os peixes."
Brasil 247
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