Uma entrevista do embaixador Celso Amorim à rede de TV global CNN está na origem do violento ataque que sofreu do general Augusto Heleno, futuro ministro da Defesa de Bolsonaro e um dos homens fortes do núcleo duro bolsonarista; Heleno acusou Amorim de uma "atitude impatriótica, vergonhosa e injustificável” por fazer a defesa pública de Lula -um discurso típico das ditaduras contra seus opositores; a entrevista aconteceu na segunda-feira, não por iniciativa de Amorim, mas da jornalista Christiane Amanpour, da CNN Internacional, respeitada mundialmente; assista, na TV 247
3 DE NOVEMBRO DE 2018
247 - Uma entrevista do embaixador Celso Amorim à rede de TV global CNN está na origem do violento ataque que sofreu do general Augusto Heleno, futuro ministro da Defesa de Bolsonaro e um dos homens fortes do núcleo duro bolsonarista. Ele acusou o ex-chanceler e ex-ministro da Defesa de promover uma "campanha no exterior contra o seu próprio país, mentindo sobre a prisão de Lula". E disse que Amorim tem uma "atitude impatriótica, vergonhosa e injustificável” -um discurso típico das ditaduras contra seus opositores. A entrevista aconteceu na segunda-feira (29) e não foi por iniciativa de Amorim, mas da jornalista Christiane Amanpour, da CNN Internacional, respeitada mundialmente.
Na entrevista, de pouco mais de oito minutos, Amorim foi perguntado sobre as acusações contra Lula e disse que "o político mais popular do Brasil está na prisão com base em acusações muito frágeis e esta não é apenas minha única opinião, mas igualmente do New York Times e do Le Monde entre outros".
Num outro trecho, Amorim referiu-se à preocupação com a explosiva combinação entre política e pensamento econômico bolsonarista: "Na campanha e ao longo de toda a sua vida -e nós temos muitas razões para estar preocupados- ele tem apresentado combinação muito estranha de ideias políticas de extrema-direita com um pensamento ultraliberal em economia e eu nunca vi essa combinação funcionar em nenhum lugar. Nós estamos muito preocupados com o que vai acontecer.
Amanpour fez uma pergunta ao embaixador expressando uma preocupação que atravessa toda a comunidade internacional: "Deixe-me dizer alguma coisa, você estava falando sobre armas e de fato na campanha ele disse que todo mundo deveria andar armado e disse igualmente coisas terríveis sobre uma certa mulher [referindo-se à deputada Maria do Rosário, que Bolsonaro disse que não estupraria por ser "feia"] e as mulheres em geral, sobre a comunidade gay e ele falou coisas também que deixaram os ambientalistas extremamente preocupados, deixe-me ler o que o diretor de programas da Amazon Watch disse à CNN [e prosseguiu lendo uma breve análise de Christian Poirer sobre a ameaça de destruição da Amazônia representara pela eleição de Bolsonaro]".
Na resposta, Amorim expressou a preocupação com a situação brasileira, partilhada pela comunidade latino-americana: "Há uma negligência total para o tema ambiental e também os direitos dos povos indígenas, assim como para os afro-descendentes e as pessoas homossexuais. Estamos realmente diante de algo inédito. Mesmo durante a ditadura militar, na qual tortura foi praticada, isso nunca foi admitido publicamente e muito menos elogiado. Agora, Bolsonaro não apenas admitiu a possibilidade como disse que talvez, em vez de apenas torturar, o governo militar deveria ter matado mais pessoas".
Amorim ainda manifestou estranheza pelas seguidas declarações de amor de Bolsonaro aos EUA e pelo fato de ele ter prestado continência à bandeira americana e reafirmou, no final da entrevista, a grande preocupação em relação ao tema dos direitos humanos no país.
Assista à íntegra da entrevista (em inglês) na TV 247:
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