27 de outubro de 2014 | 08:26 Autor: Fernando Brito
Liga-me um amigo, logo após o discurso da vitória de Dilma (que reproduzo ao final do post), aos berros:
-Você viu como ela falou? Que droga, porque ela não falou desse jeito na campanha, teria mais uns dez milhões de votos!
E desligou, não sem que eu antes ouvisse os gritos de Dilma, Dilma! do pessoal que estava em sua casa.
Meu amigo tinha alguma razão, mas não toda, a começar por uma coisa: ali estava uma nova Dilma, que não existia ainda, até a tarde de ontem.
Momentos heróicos como o da vitória de ontem, (em que ainda sobraram 3,5 milhões de votos, apesar dos milhões que se perderam com a sórdida ofensiva final que se promoveu, usando um bandido e até mesmo o boato de seu “envenenamento” ) exercem transformações imensas na alma humana.
Se nos mesquinhos engendra a vaidade, o egoísmo, a saliva do ódio, da ambição e do gosto de vingança,que mal se consegue conter nas bocas, naqueles que são emocional e racionalmente grandes, os sublima.
Ontem à noite, já não era apenas a mulher correta, a gestora, a amiga e companheira fiel que Lula colocou no governo, em 2010 quem falava.
Era ela, sim, mas também uma outra Dilma, completamente absorvida, impregnada pela causa do povo brasileiro, num processo que foi além do ideológico e do racional que, desde jovem, a puseram neste caminho.
Dilma, após o massacre, as injustiças, as traições, o abandono, o linchamento midiático ao qual foi submetida saiu ontem, de branco imaculado, deste casulo de opressão.
É a mesma, mas é diferente, porque agora não precisa mais provar nada, embora precise fazer tudo.
E começar logo, com a força da legitimidade flamante que as urnas dão a um governante, como anunciou ao definir a reforma política como a mais urgente de todoas, porque são as estruturas político-eleitorais deste país que corrompem e afastam do povo os poderes que a democracia lhes dá.
Os que, nas colunas, jornais e revistas, nem esperaram as urnas se fecharem para destilar seu ódio e seu golpismo devem ser deixados à míngua, para que voltem a ser o que são: apenas quistos de monstruosidades que existem no organismo social e, volta e meia, entram em metástase.
A Dilma nascida ontem não lhes fez um aviso, nem ameaças. Apenas anunciou que este país tomará um banho de democracia, de revitalização da representação política e que é o próprio povo, num plebiscito, quem vai dizer, afinal, como quer ser representado e governado.
Aí está o único campo em que Dilma será radical e que todos nós seremos: o povo brasileiro não será mais apenas vítima ou espectador passivo das estruturas de poder deste país: o econômico, o midiático, o dos políticos.
A liberdade de ganhar dinheiro, de publicar o que quiserem e de fazerem seus acordos será imensa, mas não pode mais ser selvagem.
Porque, para sermos um país livre, temos de ser também civilizados e respeitar lei que não são apenas a da selva.
Sai das urnas, como observou meu amigo, uma mulher agora pronta a se comunicar diretamente com o povo brasileiro e que não vai mais se descuidar de faze-lo como antes, quando cria que o exemplo, gestão e generosidade no exercício do governo bastariam para vencer.
Uma Presidenta que sabe que precisa de todos os que estão a seu lado, mas que é dela o papel de líder, o dever de ser a referência, ao lado de Lula, de quem busca o futuro.
Dilma viveu momentos de escuridão: na clandestinidade, na prisão e na tortura do regime militar e depois, fisicamente, no câncer.
Igualmente já teve vitórias, como a de 2010.
Mas esta, diferentemente de outras, a sublimou, porque se deu contra a mais terrível conjuração de forças do atraso que este país já viu desde a morte de Getúlio Vargas.
As trevas tentaram se impor até a última, a derradeira hora, cravar uma bala no coração de um sonho.
E agarramo-nos à luz e porque agarramo-nos à luz, vencemos.
Diz Victor Hugo que a escuridão da noite produz efeitos diversos nos espíritos humanos, segundo sua natureza: ou rastejam ou criam asas.
Meu amigo não entendeu que viu uma nova Dilma voar, ontem.
Liga-me um amigo, logo após o discurso da vitória de Dilma (que reproduzo ao final do post), aos berros:
-Você viu como ela falou? Que droga, porque ela não falou desse jeito na campanha, teria mais uns dez milhões de votos!
E desligou, não sem que eu antes ouvisse os gritos de Dilma, Dilma! do pessoal que estava em sua casa.
Meu amigo tinha alguma razão, mas não toda, a começar por uma coisa: ali estava uma nova Dilma, que não existia ainda, até a tarde de ontem.
Momentos heróicos como o da vitória de ontem, (em que ainda sobraram 3,5 milhões de votos, apesar dos milhões que se perderam com a sórdida ofensiva final que se promoveu, usando um bandido e até mesmo o boato de seu “envenenamento” ) exercem transformações imensas na alma humana.
Se nos mesquinhos engendra a vaidade, o egoísmo, a saliva do ódio, da ambição e do gosto de vingança,que mal se consegue conter nas bocas, naqueles que são emocional e racionalmente grandes, os sublima.
Ontem à noite, já não era apenas a mulher correta, a gestora, a amiga e companheira fiel que Lula colocou no governo, em 2010 quem falava.
Era ela, sim, mas também uma outra Dilma, completamente absorvida, impregnada pela causa do povo brasileiro, num processo que foi além do ideológico e do racional que, desde jovem, a puseram neste caminho.
Dilma, após o massacre, as injustiças, as traições, o abandono, o linchamento midiático ao qual foi submetida saiu ontem, de branco imaculado, deste casulo de opressão.
É a mesma, mas é diferente, porque agora não precisa mais provar nada, embora precise fazer tudo.
E começar logo, com a força da legitimidade flamante que as urnas dão a um governante, como anunciou ao definir a reforma política como a mais urgente de todoas, porque são as estruturas político-eleitorais deste país que corrompem e afastam do povo os poderes que a democracia lhes dá.
Os que, nas colunas, jornais e revistas, nem esperaram as urnas se fecharem para destilar seu ódio e seu golpismo devem ser deixados à míngua, para que voltem a ser o que são: apenas quistos de monstruosidades que existem no organismo social e, volta e meia, entram em metástase.
A Dilma nascida ontem não lhes fez um aviso, nem ameaças. Apenas anunciou que este país tomará um banho de democracia, de revitalização da representação política e que é o próprio povo, num plebiscito, quem vai dizer, afinal, como quer ser representado e governado.
Aí está o único campo em que Dilma será radical e que todos nós seremos: o povo brasileiro não será mais apenas vítima ou espectador passivo das estruturas de poder deste país: o econômico, o midiático, o dos políticos.
A liberdade de ganhar dinheiro, de publicar o que quiserem e de fazerem seus acordos será imensa, mas não pode mais ser selvagem.
Porque, para sermos um país livre, temos de ser também civilizados e respeitar lei que não são apenas a da selva.
Sai das urnas, como observou meu amigo, uma mulher agora pronta a se comunicar diretamente com o povo brasileiro e que não vai mais se descuidar de faze-lo como antes, quando cria que o exemplo, gestão e generosidade no exercício do governo bastariam para vencer.
Uma Presidenta que sabe que precisa de todos os que estão a seu lado, mas que é dela o papel de líder, o dever de ser a referência, ao lado de Lula, de quem busca o futuro.
Dilma viveu momentos de escuridão: na clandestinidade, na prisão e na tortura do regime militar e depois, fisicamente, no câncer.
Igualmente já teve vitórias, como a de 2010.
Mas esta, diferentemente de outras, a sublimou, porque se deu contra a mais terrível conjuração de forças do atraso que este país já viu desde a morte de Getúlio Vargas.
As trevas tentaram se impor até a última, a derradeira hora, cravar uma bala no coração de um sonho.
E agarramo-nos à luz e porque agarramo-nos à luz, vencemos.
Diz Victor Hugo que a escuridão da noite produz efeitos diversos nos espíritos humanos, segundo sua natureza: ou rastejam ou criam asas.
Meu amigo não entendeu que viu uma nova Dilma voar, ontem.
Tijolaço
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