TER, 24/03/2015 - 09:54
Finalmente, o governo Dilma começa a escapar da paralisia dos primeiros meses.
1. No front político, houve a reorganização do conselho político da presidência, com a redução simbólica e elegante do Ministro-Chefe da Casa Civil Aloizio Mercadante do centro das articulações.
Na saída do encontro, a palavra ficou com o Ministro das Cidades Gilberto Kassab e o Ministro do Planejamento Nelson Barbosa informando que a articulação seria coletiva e Mercadante continuaria com o protagonismo... na Casa Civil.
Parte dos problemas políticos criados foi de responsabilidade de Mercadante; a maior parte, foi assumida por Mercadante mesmo sem ter responsabilidade nos atos.
2. Mais importante que o Conselho, em si, são as novas atribuições do vice-presidente Michel Temer.
Nos últimos dias ele se encontrou com Deus e o diabo, com parlamentares da base e com José Serra, com comitivas empresariais e jornalistas. Nos meses em que foi escanteado, não se ouviu dele uma queixa, uma crítica. Assumiu o posto que lhe cabia por imposição dos fatos e poderá se tornar na grande âncora política do governo.
3. No campo econômico, a dobradinha Joaquim Levy-Nelson Barbosa começa a se mover.
Levy assumiu as negociações com o Congresso; Barbosa começa a soltar os primeiros resultados dos trabalhos de revitalização das concessões além de começar a exercer a interlocução econômica com as chamadas forças produtivas – de empresários a movimentos sociais e sindicatos.
Ao mesmo tempo, Levy tem mostrado flexibilidade para contornar os obstáculos políticos à aprovação do pacote econômico.
Aliás, se o pacote é recessivo ou não, discute-se outra hora. Inês é morta e não há, neste momento, como recuar do caminho proposto.
4. Nos últimos dias, a crise amainou, com o governo retomando algum controle sobre o Congresso e, ontem, com a manutenção do grau de investimento pela Standard & Poor’s.
A economia continua preservando os principais fundamentos. As dúvidas são apenas de ordem política. O diagnóstico da S&P comprova que estão sendo dissipadas as dúvidas em relação a política econômica.
5. Por outro lado, a desvalorização do real começa a surtir efeito.
Há uma bola quicando na área do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior). A recuperação da economia brasileira se dará com o fim dos problemas da Petrobras, com o aumento das exportações e com o reinício das concessões.
O que falta
Ontem, Dilma reuniu-se com seu Ministério para um início de articulação. Pediu empenho. Falta apresentar as ideias, o projeto de governo.
Ideias, há. A questão agora é aproveitar a relativa calmaria dos próximos dias para apresentar, finalmente, suas propostas para o segundo governo.
Jornal GGN
Nenhum comentário:
Postar um comentário