Na Grécia, economistas não ortodoxos passam a defender saída da zona do euro.
Flávio Aguiar, de Berlim
Reino Unido
As atenções da semana se voltam para as eleições nacionais de quinta-feira, 07, no Reino Unido. Conservadores e Trabalhistas estão tecnicamente empatados. A última pesquisa divulgada pelo The Guardian dá aqueles com 34% das intenções de voto e estes com 33%. Mas o aspecto mais importante é que, pelas projeções atuais, nenhum destes partidos poderá formar uma coalizão com maioria confortável no Parlamento. Os Conservadores não conseguiriam maioria mesmo se todos os partidos mais à direita se aliassem a eles, incluindo os Liberais Democratas que atualmente estão na coalizão governista. Os Trabalhistas teriam de se unir aos Independentistas da Escócia para alcançarem a maioria, o que parece improvável. A única fórmula de se obter uma maioria é a união, também improvável, de Conservadores e Trabalhistas num único governo. Assim, o destino é incerto: um governo de minoria, uma nova eleição? A ver.
A mídia tomou posição: o Financial Times e outros jornais conservadores apoiaram Cameron; o The Guardian e o The Observer, Milliband, líder dos Trabalhistas.
Mediterrâneo
No fim de semana a Marinha italiana anunciou ter resgatado quase 6000 “boat people” no Mar Mediterrâneo. Felizmente, não se registraram vítimas fatais. A União Europeia pretende obter um mandato da ONU para promover ações na Líbia que coíbam os grupos que agenciam as viagens. No entanto, espera-se que no curto prazo o número de migrantes que se arriscam no mar aumente, devido à chegada da primavera e ao risco de que no futuro as restrições às viagens e aos vistos aumentem.
Alemanha
Prosseguem as investigações sobre as denúncias de que o Bundesnachrichtdienst, um dos órgãos do serviço secreto alemão, praticou atos de espionagem, inclusive industrial, contra outros países, a serviço dos Estados Unidos. A empresa Airbus apresentou queixa a instâncias jurídicas internacionais a respeito. As denúncias dizem que a chanceler Angela Merkel tinha conhecimento destas atividades irregulares do BND.
O presidente Joachim Gauck surpreendeu gregos, troianos e alemães ao dizer que seu país deveria considerar o pedido de indenização da Grécia por danos financeiros durante a Segunda Guerra Mundial. O governo alemão tem negado sistematicamente a pertinência de tais demandas.
Em Berlim começou um debate sobre uma possível proibição de manifestações do 1* de maio no bairro de Kreuzberg, tradicional reduto dos imigrantes turcos. A manifestação, que tem o caráter de uma grande festa, com muita música, cerveja, caipirinha, mojito e outras bebidas, reuniu neste ano mais de 45 mil pessoas e transbordou os limites costumeiros, tomando conta de todo o bairro. Os adeptos da proibição alegam motivos de segurança, mas vários representantes no Parlamento local disseram que é contraproducente proibi-la, já que é uma manifestação popular que beneficia o bairro, além de ser um direito da liberdade de expressão.
Os debates têm focado também um incidente ocorrido em Weimar, no 1* de maio, quando um grupo de jovens neonazistas atacou uma manifestação de esquerda, ferindo vários manifestantes. Dos quarenta neonazis que participaram do ato, 29 foram presos pela polícia posteriormente, mas teme-se que nada aconteça com eles. Deputados no Bundestag lembraram que o ato era semelhante aos praticados pelos nazistas nos anos 20 e 30.
Estados Unidos
Prosseguem as investigações para determinar as causas e os planejadores do atentado contra uma exposição anti-islâmica na cidade de Garland, Texas, que deixou dois mortos (os assaltantes) e um ferido (um vigia). A exposição, com várias caricaturas do profeta Maomé, é organizada por grupos de extrema-direita, como o American Freedom Defense Initiative, de Nova Iorque, e contou com a presença de Geert Wilders, o líder da direita holandesa.
A cidade de Baltimore suspendeu o toque de recolher imposto desde as manifestações contra a violência policial, as maiores desde os anos 60, com saques e depredações em vários bairros e no centro.
Estado Islâmico
Vários despachos afirmam que o líder do grupo Isis, ou Estado Islâmico, Abu Bakr al-Baghdadi, está gravemente ferido e parcialmente paralisado depois de um bombardeio do local onde se encontrava, no Iraque.
Iêmen e Arábia Saudita
A Arábia Saudita está sendo acusada por grupos de defesa dos direitos humanos de ter usado bombas de fragmentação (proibidas pelas convenções internacionais) de fabricação norte-americana em seus bombardeios contra posições huthis no Iêmen.
Grécia
Alguns economistas não ortodoxos têm defendido a saída da Grécia da zona do euro, afirmando que isto, embora fosse duro nos primeiros momentos, beneficiaria o país no longo prazo, que recuperaria sua soberania monetária e o controle sobre sua economia.
Carta Maior
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