Enquanto simpatizantes de Mauricio Macri comemoravam a vitória na eleição presidencial deste domingo ao som de música brasileira, o novo presidente argentino garantia que sua primeira visita de Estado será feita à presidente Dilma Rousseff, no Brasil; “Para o governo brasileiro será muito mais fácil trabalhar com a gente do que com a Cristina”, declarou a Guido Nejamkis, editor do 247 em espanhol, um dos principais formuladores da política externa de Macri; novo presidente pretende estabelecer políticas em sintonia com os ministros pragmáticos do governo Dilma, que seriam Joaquim Levy, Armando Monteiro e Kátia Abreu; no entanto, deve haver mudanças em relação à Venezuela; Macri pedirá que o país de Nicolás Maduro seja expulso do Mercosul, caso não liberte os presos políticos
22 DE NOVEMBRO DE 2015 ÀS 22:32
Por Guido Nejamkis, editor do247 em espanhol
A festa dos simpatizantes de Mauricio Macri na capital argentina foi com muita música brasileira.
O tom da celebração já antecepa um fato relevante: o Brasil será um dos centros da nova política externa da Argentina, que começará a andar no dia 10 de dezembro, data da posse do sucessor da Cristina Kirchner.
Com as pesquisas indicando já a semana passada uma vitoria eleitoral, auxiliares de política externa do presidente eleito da Argentina, Mauricio Macri, começaram as conversas com o governo brasileiro para cumprir uma promessa de campanha do candidato opositor: realizar sua primeira viagem como chefe de Estado argentino ao Brasil para encontrar aquela será sua colega a partir do dia 10 de dezembro, a mandatária Dilma Rousseff – depois do Brasil, Macri deverá ir ao Chile.
Devido ao calendário de viagens da Dilma (COP21, Japão e Vietnã), e muito provável que a primeira reunião entre os dois seja ainda na condição de Macri como presidente eleito. Isso será definido nas próximas horas. Os dois deverão assistir juntos no dia 21 de dezembro em Assunção, no Paraguai, à Cúpula do Mercosul. Dilma deverá antes prestigiar em Buenos Aires a posse do Macri.
“Para o governo brasileiro será muito mais fácil trabalhar com a gente do que com a Cristina”, declarou a 247 um dos principais formuladores da política externa do PRO (Proposta Republicana), o pequeno partido do Macri, considerado por grande parte da mídia internacional como de centro-direita, mas que se descreve a ele próprio como desenvolvimentista e modernizante.
Para o diplomata, a vitória do Macri fortalecerá o que ele considera como a ala pragmática do governo Dilma: o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e os ministros de Agricultura e de Desenvolvimento, Kátia Abreu e Armando Monteiro.
Isso porque a aposta do Macri será pelo livre comércio (mesmo com a Argentina sofrendo em breve uma desvalorização do peso) e pela vinculação com os blocos mais dinâmicos da economia mundial, entre eles a aliança TransPacífico.
No cardápio da nova equipe de política externa da Argentina, que tentará deixar de lado as práticas protecionistas derivadas do controle cambial – e da escassez de divisas – que afetaram o comércio com Brasil, vêm as seguintes propostas, a serem discutidas com o Brasil:
– Reformulação do Mercosul: dar flexibilidade a seus membros para negociar acordos comerciais com terceiros países ou blocos, o que hoje é proibido pelas regras da união alfandegária.
– Esforço imediato para tornar a América do Sul uma área de livre comercio.
– Trabalho conjunto para procurar um consenso sobre como ajudar a Venezuela a uma transição democrática.
A Venezuela será um ponto chave da agenda da política externa do novo presidente argentino. Macri pedirá a saída do país caribenho do Mercosul no caso de que o seu presidente, Nicolás Maduro, não libere os 80 presos políticos que mantém, entre eles Leopoldo López – amigo pessoal do Macri – e o prefeito Antonio Ledezma. A esposa do López, Lilian Tintori, comemorou a vitória do Macri em Buenos Aires.
A Venezuela será, também, o “case” de política externa do Macri, para mostrar ao mundo como e quão grande e profunda é a mudança de rumo na Argentina.
Brasil 24/7
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