terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Expressão 'atrás das grades' é imprópria, admite STJ sobre caso de Dirceu

TER, 05/01/2016 - 10:04
ATUALIZADO EM 05/01/2016 - 10:39


Jornal GGN - Após o Superior Tribunal de Justiça (STJ) divulgar em seu twitter, no último ano, que José Dirceu iria "passar o Ano Novo atrás das grades", a comunicação gerou grande repercussão sobre a parcialidade e adequação da assessoria do Tribunal. Uma das críticas foi a do blog Maria Frô, do Portal Forum, que relacionou o histórico do atual Secretário de Comunicação do STJ, Douglas de Felice, com a possível motivação para uma postura partidária do jornalista. Felice enviou uma carta resposta, admitindo que a expressão usada no tweet foi "imprópria", mas defendeu que a crítica "é inverídica, difamatória, carece de apuração, não procurou ouvir o tradicional 'outro lado' e foi movida por puro preconceito".

"A matéria do Forum tenta, equivocadamente, ou maldosamente, construir a tese de que este Secretário de Comunicação tem inspirações partidárias ou profanas", disse o Secretário, completando que já trabalhou durante o primeiro governo da presidente Dilma Rousseff, com o então ministro do Esporte, Aldo Rebelo, durante a organização da Copa das Confederações e da Copa do Mundo, além de já ter assessorado parlamentares petistas, durante a sua carreira na imprensa.

Douglas de Felice afirmou que sentiu "o gosto amargo dos que são acusados sem o direito à ampla defesa" e que não se considera "tendencioso, mas sim um defensor do amplo direito de defesa e da presunção da inocência, princípios da democracia e do meio jurídico" que preza. "Continuarei trabalhando para que todos tenham voz", finalizou.


Leia a carta completa:


Rio de Janeiro, 04 de janeiro de 2016

Senhor Editor-responsável do Portal Forum, de Maria “Frô”, abrigado no IG,

Um dos grandes aprendizados que tive na vida, e em minha carreira de 35 anos, é que há o bom e o mau jornalismo, dicotomia repetida em várias profissões.

O bom, o correto jornalismo praticado em nosso país, e no mundo, tem limites éticos estabelecidos por entidades representativas como ABI, FENAJ e Sindicatos, por práticas louváveis, como apuração rigorosa, espaço para o contraditório, imparcialidade e pelo pré-requisito fundamental da informação precisa. O mau jornalismo vai na contramão destes princípios democráticos.

A matéria “Currículo do Secretário de Comunicação do STJ pode explicar o twitter do STJ sobre José Dirceu” teve o cuidado de ferir todos os paradigmas básicos de nossa profissão. É inverídica, difamatória, carece de apuração, não procurou ouvir o tradicional “outro lado”, no caso a minha pessoa, e foi movida por puro preconceito. Ou achismo imperdoável!

A acusação que me é feita pela pessoa que assina a matéria, com teor fortemente opinativo, é que o twitter da conta oficial do STJ, no dia 29 de dezembro de 2015, teria tripudiado com um dos quadros do PT, demonstrando o que ela considera “parcialidade e partidarismo anti-petista”. E isso se deve ao fato de haver sido escrita, nesta rede social, a frase: “Como o recesso do Judiciário só termina em fevereiro, José Dirceu vai passar o Ano Novo atrás das grades”.

A única concordância que a matéria tem de minha parte é que a expressão utilizada na frase é imprópria à Comunicação institucional de um Tribunal. Efetivamente, o tweet foi concebido e redigido não por este jornalista que vos escreve, mas por um outro profissional altamente qualificado, imparcial e experiente, editor-chefe da área de conteúdo da Comunicação do STJ, que eu prefiro preservar o nome para não parecer que evito as responsabilidades do cargo.

O erro que ele cometeu foi tentar explicar numa linguagem comum e sucinta, própria de sua formação de rádio e TV, nos exíguos 140 caracteres que o Twitter permite, uma decisão tomada no plantão pelo Presidente deste Tribunal Superior. Economizou nas palavras e foi, no que alguns consideram, inclusive eu, infeliz na expressão, mas explícito na descrição e tradução da decisão judicial.

Devo esclarecer que, no período das festas de final de ano, entre o Natal de 2015 e o Ano Novo de 2016, eu estava em recesso, autorizado pelo Presidente da egrégia Corte, para um curto período de descanso com minha família fora de Brasília e, portanto, desconectado das atividades diárias da Comunicação do STJ. Em meu lugar, respondia uma profissional experiente que, informada da reação ao texto considerado inadequado, determinou sua retirada. Apesar de estar fora do trabalho, tomei, nas horas seguintes ao episódio, as providências que considerei adequadas para que tal erro não mais se repita.

A matéria do Forum tenta, equivocadamente, ou maldosamente, construir a tese de que este Secretário de Comunicação tem inspirações partidárias. Ou profanas… Já que menciona clientes ditos polêmicos para os quais efetivamente trabalhei em minha carreira.

Vamos aos fatos, o verdadeiro amálgama do bom jornalismo. Depois de exercer, por 20 anos, a profissão na iniciativa privada, como repórter, editor, chefe de reportagem e diretor de jornalismo em diversos órgãos da chamada grande imprensa, desde o SBT, passando pela Manchete, Radiobrás, JB, CBN e TV Globo, entre diversos outros veículos, me dediquei à assessoria de imprensa.

Especializei-me em gerenciamento de imagem, o que implica, muitas vezes, trabalhar com personagens que enfrentam crises, como foi o caso de Renan Calheiros e José Maria Marin. Chefiei a comunicação do PSDB, na gestão de Sérgio Guerra, assessorei o governador Marconi Perillo e fui convidado por uma empresa de comunicação de grande porte para colaborar na crise que o atual governador do Paraná, Beto Richa, atravessa, embora não tenha chegado a atuar. E prestei consultoria a outras instituições e personagens de diversas correntes ideológicas, inclusiva da base do atual Governo.

Portanto, daí, simplesmente, classificar este profissional aqui de “antipetista” seria um óbvio exagero. E uma mentira! Afinal, se isso é verdade – e garanto que não é – porque teria eu trabalhado, também, no primeiro governo Dilma, do PT, com o então Ministro do Esporte, Aldo Rebelo, hoje na Pasta da Defesa, durante a organização da Copa das Confederações e Copa do Mundo? Ou teria assessorado parlamentares petistas, por ocasião de denúncias de aluguel irregular de veículos em seus estados?

Ou seja, se fosse tucano ou anti-petista, tais autoridades jamais teriam me contratado. E, digo mais: não seria nada inteligente de minha parte. Sabe por que? Porque para um profissional que presta consultoria em crises, seria um gesto impensado eliminar um público, ou clientes, falando do ponto de vista de mercado. Seria como um locutor famoso de futebol declarar que torce para determinado time. Perderia legiões de admiradores no mesmo instante. E pior: não teria mais credibilidade, bem tão valioso que está em jogo, na hora em que escrevo esta resposta.

O texto ainda me faz diversas acusações, com base em recortes de jornais, à época dos meus trabalhos de assessoria a alguns destes personagens. Somente esqueceram, talvez por desconhecimento, ou má fé, de averiguar que tais textos jamais tiveram fundamento ou incorreram em qualquer processo, inquérito ou denúncia por parte do Ministério Público ou qualquer órgão policial contra a minha pessoa. E sabem por que? Por serem absolutamente inverídicas.

Enfim, talvez as pessoas comuns não tenham conhecimento, mas para ser nomeado em um Tribunal Superior, ou em qualquer órgão público, é preciso ter ficha limpa. Tive de me submeter a este crivo e apresentei nove certidões negativas que comprovam minha idoneidade.

Portanto, Sra. Conceição Oliveira e Portal Forum, não me considero tendencioso, mas sim um defensor do amplo direito de defesa e da presunção da inocência, princípios da democracia e do meio jurídico que tanto prezo.

Reitero o meu profundo respeito a todos, repito todos, os jurisdicionados do STJ, independente de ideologia ou agremiação política, ao Poder Judiciário brasileiro e, principalmente, ao bom jornalismo, algo essencial para a construção de um país verdadeiramente democrático.

Senti o gosto amargo dos que são acusados sem o direito à ampla defesa. Mas continuarei trabalhando para que todos tenham voz. E que seja a voz da cidadania, lema deste Tribunal para o qual trabalho e que tanto admiro.

Atenciosamente, Jornalista Douglas De Felice.



Comentários

 
 

A parcialidade, o preconceito e a leniência

O sr. INFELICE demonstra, mais uma vez, a parcialidade do sistema judiciário brasileiro visto em suas cortes maiores. Aliás o conhecido Daniel Dantas já havia afirmado e demonstrado após HCs em série, que o problema eram os juízes singulares, nos tribunais supériores tinha facilidades.
Várias e várias e várias operações foram sumariamente anuladas por detalhes burocráticos quando os elementos eram integrantes da Casa Grande e áulicos... 
Por outro lado o "não vem ao caso" famoso em terras curitibanas não serviu para o assim chamado "mensalão", onde tivemos um voto, antes lembrado, onde se condena por que os "literatos gibis" permitem. Aí, sequer provas são necessárias.  Aquilo foi um escárnio ao devido processo legal, ao conjunto legal que nos rege e apresentou claramente o "condeno porque quero".
É o aparelhamento do ESTADO e não apenas do GOVERNO. 
As instituições estão tomadas pelos imparciais: a vazajato e seu "grupo" de "não vem ao caso"; o MPF e toda a sorte de subterfúgios para livrar a cara dos maus elementos da direita corrupta; a PF não conseguiu desvendar o "helicoca" mas tambem não achou culpados, só inocentes; o trensalão paulista, velho de 30 anos, só tem corruptores; o presidente da Câmara, sob uma avalanche de provas segue no cargo a manobrar para derrubar a presidente e, de outro lado, safar-se da prisão.
Como acreditar nos Felices ?
recolher
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caju azedo

Costa Concordia

Você me lembra o comandante do Costa Concordia: em vez de se responsabilizar pelo desastre ser o último a abandonar o barco, tratou logo de se escafeder. Você é um covarde, qualidade aparentemente essencial para se segurar no STJ.
VADA À BORDO, CAZZO !!!
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Edivaldo Dias Oliveira

Dedo duro

"efetivamente, o tweet foi concebido e redigido não por este jornalista que vos escreve, mas por umoutro profissional altamente qualificado, imparcial e experiente, editor-chefe da área de conteúdo da Comunicação do STJ, que eu prefiro preservar o nome para não parecer que evito as responsabilidades do cargo."
Com um confidente desses quem precisa de traíras?
A única preocupação do missivista em todo o episódio foi tirar o dele da reta, limpar a sua barra, ele não diz se fala em nome do STJ ou em nome próprio, embora por não se tratar de texto em papel timbrado, tem-se como certo que até o momento o supremo órgão chancela o palavrório utilizado. Vergonha!
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sabra arad

Boca na botija

Gostaria de fazer piada, dizendo para Felice que todos se dizem inocentes. Mas isto seria demais, pois com certeza alguns pensariam que eu falo de Dirceu. ( mas a inocência de Dirceu esta na frase da Juiza Weber-  "mesmo sem provas eu o condeno porque a literatura assim o permite" ).  Esta pérola da justiça brasileira, como as teses famosas de Barbosa sobre o Dominio do Fato,  deixam explícito o viés político do julgamento.  Isto tudo vem sendo incentivado por uma imprensa que estimula a agressão e o ataque a pessoas e a um partido. O PT e Dirceu não estão sendo condenados por erros, mas sim pelos acertos, Mas para ser explícito com Felice ele  apenas confirmou que se não ele , alguém de sua  equipe quis obviamente , e mais uma vez,  arrastar [...]ver mais
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Heloísa Coellho

Pior a emenda do que o soneto


Na minha opinião, o rapaz conseguiu piorar ainda mais a sua situação e continuou prejudicando a imagem do STJ. Em vez de simplesmenet pedir desculpas, expressamente, pelo gravíssimo erro profissional, ele partiu para uma linha de vitimização e de ataque a terceiros. Ficou muito pior!!!
Se o STJ não tomar providências, parecerá que sua administração e os ministros estão chancelando o comportamento desse rapaz.  Aliás, o erro foi cometido no noticiário original:http://www.stj.jus.br/sites/STJ/default/pt_BR/noticias/noticias/Lava-Jat...
Mesmo que a notícia tenha sido corrigida, ela já estava publicada.
E a correção não veio pelo mesmo meio e com o mesmo destaque, em nota posterior, conforme orientam os Códigos de Ética de Jornalismo, ou seja, na página de noticiário geral do[...]ver mais

VIGANÇINHA BÁSICA

Pimenta nos olhos dos petistas é refresco.
E PIMENTA entrando com recurso também vai arder no JUSTICEIRO.
Dá pra sentir de longe o escárnio de quem proferiu a mensagem.
Um mixto de ódio, vingançinha, cinismo e desculpinhas  básicas.
Em lombo calejado, só um tapinha não doí.
Não é não FELICE??? 
SILOÉ-RJ
imagem de altamiro souza
altamiro souza

de repente, o rapaz deve ter

de repente, o rapaz deve ter sofrido um surto de epifania profana e fascista....
agora oujtro surtto epifanico-falacioso....
mas o prejuízo que causou a ele mesmo ,  a dirceu e às instituições foi imenso,

E José Dirceu esta sendo trado como?

"Senti o gosto amargo dos que são acusados sem o direito à ampla defesa."
Eh, agora imagina como se sente José Dirceu. So por um minuto.
imagem de josé maria de souza
josé maria de souza

De fato, a emenda foi pior do

De fato, a emenda foi pior do que o soneto.
josé maria


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