26 de Outubro de 2016
Emir Sader
As pessoas tendem a se acostumar com a trajetória de vida de Lula, a trajetória mais expressiva que um brasileiro pode ter. Ter nascido no Nordeste e cruzado as maiores secas da história da região é uma marca de vida, que por si só sintetiza tudo o que foi o Brasil ao longo do século XX. O que foi o Nordeste e o que foi o centro-sul, para o qual imigraram milhões e milhões de nordestinos sobreviventes da miséria, como aconteceu com o próprio Lula e
com seus irmãos.
Tendo tido como estudo o que interessa ao boom econômico de São Paulo – escola técnica para se transformar em operário qualificado para a indústria paulista –, se tornou trabalhador no ABC – a região que melhor expressou a expansão econômica de São Paulo nos anos 1950/1960/1970. Ter perdido um dedo na máquina inscreve no seu corpo a super exploração do trabalho a que tantos seguem sendo submetidos, pelas jornadas esfalfantes, pelo cansaço, pelo ritmo de trabalho ditado pelas cadeias de produção.
Tornar-se militante sindical em plena ditadura fez de Lula um ator fundamental na luta contra o arrocho e contra a própria ditadura, conforme passou de militante sindical a dirigente. Suas fotos falando no estádio de Vila Euclides para milhares de trabalhadores são antológicas e representam dos mais belos momentos da história de lutas do povo brasileiro.
Assim ele foi se construindo como líder de massas, passando a líder político, com a fundação do PT e da CUT, em que ele teve papel decisivo. Foi crescendo como dirigente e se projetando na cena política brasileira. Fez o aprendizado da democracia política como candidato, várias vezes, preparando-se para ser o presidente que promoveria o objetivo fundamental do partido que ele fundou – a democratização social do Brasil.
Pouco de mais de duas décadas depois de ter liderado as greves mais importantes da história do sindicalismo brasileiro, Lula se elegeu presidente da República do Brasil. E fez o governo mais importante da nossa história, desmentindo os clichês e os preconceitos que se pretendiam impor. Tivemos desenvolvimento econômico com distribuição de renda e não fazer crescer o bolo para depois, quem sabe, um dia, distribuir. Tivemos expansão econômica e controle da inflação. Tivemos inclusão social e desenvolvimento. Expansão do mercado externo e do mercado interno ao mesmo tempo. Tivemos política externa soberana, papel ativo do Estado, bancos públicos fortes. Nunca como naquele momento nos orgulhamos tanto de sermos brasileiros, nunca nossa auto estima foi tão alta, nunca acreditamos tanto que a luta contra a desigualdade social é a mais importante de todas, que a solidariedade é o sentimento mais nobre de todos.
Lula elegeu e reelegeu sua sucessora. E hoje paga o preço duro de ter contrariado os interesses e os pensamentos das elites. É a pessoa mais investigada e mais perseguida pela coalizão de juízes e policiais arbitrários, de mídia e judiciário partidarizados. E, ainda assim, o povo ama Lula. Não acredita nas mentiras que contam sobre ele. Quer ele de volta como presidente do Brasil. Por isso a democracia se torna fatal para a direita. Com democracia, o povo decide que quer Lula de novo dirigindo o País.
No dia de mais um aniversário de Lula, um abraço solidário e de reconhecimento, de respeito, de orgulho por tê-lo como o mais importante dirigente político do Brasil, a pessoa em quem o povo confia, no destino de quem repousa o destino do País.
Brasil 247
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