Publicado por Carlos Fernandes
- 28 de outubro de 2018
A democracia nos arcos da Lapa, no Rio
Vencemos.
Essas são minhas últimas palavras que escrevo antes do resultado oficial da eleição mais importante de nossa história pós-ditadura militar.
Nesse dia decidiremos muito mais do que o presidente da República. Decidiremos sobre que tipo de país queremos ser. Decidiremos sobre que espécie de ser humanos podemos ser.
Talvez nunca tenha lutado tanto. Nos últimos 20 dias percorri 4 regiões diferentes desse Brasil do qual nasci e do qual amo. Conversei com amigos, desconhecidos, companheiros de luta e adversários políticos.
Percebi como nunca nossas diferenças regionais e culturais, afinal, somos um país continental com mais de 200 milhões de almas.
Quis sucumbir a cada demonstração de racismo, de preconceito, de intolerância, de ignorância, de desinformação e de violência.
Mas percebi também que para cada ato que me tirava o ânimo, outro ato, diametralmente oposto, me refortalecia.
As demonstrações de carinho, de esperança, de solidariedade, de respeito às diversidades, de preocupação com o outro chegavam a mim como a certeza de que podemos superar todas as adversidades, todas as mentiras, todo o poder econômico que nos oprime e nos humilha.
Não omito. Sofri especialmente quando me deparei com a terrível realidade de ter parentes próximos e amigos queridos que se deixaram levar por um sentimento que jamais imaginei ser possível habitar em pessoas minimamente decentes.
Tentei com todas as minhas forças demovê-los de tamanha insensatez. Em parte consegui. Em parte fracassei.
Agora chegamos a esse momento único em que toda uma nação terá que optar por uma escolha aparentemente fácil, mas que por uma série de distopias que afligem essa terra tropical, se mostrou inexplicavelmente confusa.
Antes que esse domingo acabe, saberemos se permanecemos avançando esse barco ao impulso dos ventos da democracia ou se naufragaremos nas águas turvas do fascismo e do autoritarismo.
Independentemente do resultado, uma coisa está muito clara para mim.
Pelo bom combate que travamos, por tudo que tivemos que superar, pelas pequenas batalhas cotidianas que não nos fustigamos a enfrentar e, sobretudo, pelo amor à democracia, à justiça, ao Estado Democrático de Direito, às liberdades individuais e à dignidade humana, nós já vencemos.
A todos que lutaram por esses ideais iluministas, o meu muito obrigado.
Diário do Centro do Mundo - DCM
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