POR FERNANDO BRITO · 07/01/2020
O Valor Econômico publica hoje a análise de uma consultoria sobre os pedidos de recuperação judicial e empresas brasileiras, mostrando que eles aumentaram vertiginosamente.
O total de dívidas das empresas nessa condição atingiu R$ 242 bilhões em outubro, 62% a mais que o de dezembro de 2018. E mesmo que se eliminasse o processo bilionário da Odebrecht, o aumento do volume de dívidas impagáveis subiria 10%.
Alem dos números, há na reportagem dados que, em toda a linha, desautorizam qualquer aquecimento real – não apenas financeiro – da economia.
Leonardo Coelho, diretor da Alvarez & Marsal, diz que o mais preocupante é “a concentração da amostra em empresas relacionadas à infraestrutura, dos setores de construção pesada e energia, (…) empresas ligadas à construção, casos de Odebrecht, OAS e UTC, estarem em situação de fragilidade no momento em que se espera pela retomada econômica no país”.
“O crescimento tende a ser puxado pelo segmento de infraestrutura. No entanto empresas relevantes do setor ou estão em recuperação judicial ou ainda tentam reestruturar seus negócios. Elas não estão a pleno vapor para suportar essa expectativa. “Nessa situação, grupos menores e os estrangeiros é que vão ter de dar conta de suportar o crescimento. Não existem grandes players brasileiros preparados hoje para a briga”
Muito menos o grande player deste setor, historicamente, o Estado.
Toda a euforia do “mercado”, afinal, vem de virarmos um mero exportador agropecuário e mineral, entregarmos o pré-sal e repassarmos o patrimônio nacional representado por empresas que já funcionam, que querem simplesmente “passar nos cobres”.
Há no final da avaliação do consultor, um prova explícita deste “liquidacionismo nacional”:
.Já o setor naval, para o qual o Brasil não tem nenhuma vocação, avalia Coelho, tende a desaparecer. Três das 20 maiores recuperações judiciais são [de] empresas diretamente ligadas ao setor naval.
Como é que o Brasil, com 13 mil km de costas, exortando minério e grãos, desenvolvendo talvez o maior projeto de exploração marítima de petróleo desde o Mar do Norte europeu e já tendo sido o segundo maior construtor de navios do mundo “não tem nenhuma vocação” para a indústria naval?
Sabe o que é? É que temos uma elite dominante que é preguiçosa, não quer investir em construir nada e tem como objetivo apenas a exploração predatória do país.
Tijolaço
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