sexta-feira, 18 de março de 2022

'Lava Jato emparedou magistrados e tribunais contra Lula', diz Zanin


Advogado do ex-presidente deu entrevista à Veja e refutou alegações de que Lula teria sido absolvido por meras "questões técnicas": 'havia um vício gravíssimo, a suspeição do juiz'

18 de março de 2022

Cristiano Zanin Martins, ex-presidente Lula e Sérgio Moro (Foto: Felipe L. Gonçalves/Brasil247 | Reuters)


247 - O advogado do ex-presidente Lula (PT), Cristiano Zanin Martins, em entrevista à Veja, rebateu alegações de que o petista somente teria sido absolvido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por conta de "pequenas questões técnicas". Ele também refutou a ideia de que tribunais superiores, além da Vara comandada por Moro, teriam concordado com as condenações contra o ex-presidente porque ele seria sim culpado. Zanin explicou que a Lava Jato "emparedou" instâncias superiores, pressionando-as a agirem contra Lula.

"Sem condenação, a presunção de inocência está intacta. Lula teve a sua vida devassada e os acusadores tiveram todas as oportunidades de apresentar provas, inclusive com a ajuda de um juiz parcial, e não obtiveram êxito. Os processos não foram anulados por pequenas questões técnicas, mas por um vício gravíssimo, que era a suspeição do juiz. Moro queria condenar sem processo porque sabia que, dentro das regras do jogo, ele não tinha condições de impor as condenações. Não se conduz um processo na base do jeitinho", esclareceu.

"Todo mundo errou?", questionou o repórter da Veja Leonardo Lellis sobre decisões de tribunais superiores que endossaram, por "intimidação", as condenações da Lava Jato contra Lula. "Houve várias iniciativas da Lava Jato para induzir ao erro o sistema de Justiça com o discurso de que, se alguém não era a favor da operação, era a favor da corrupção. A Lava Jato adotou uma técnica de emparedamento que consistia na intimidação de magistrados e de tribunais que pudessem de alguma forma rever as decisões que eram tomadas na primeira instância".

O advogado afirmou que a Lava Jato não deixou "nenhum legado positivo", nem mesmo as quantias milionárias devolvidas à Petrobrás. "Qualquer recuperação de valores provenientes de atos ilícitos deve ser louvada, mas isso se deu a um custo muito maior para o país. Por isso que a nossa crítica está na forma de combate à corrupção como pretexto para atingir fins apenas políticos".


Brasil 247

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