terça-feira, 22 de março de 2022

Pastor pediu 1 kg de ouro e R$ 15 mil antecipados para liberar verbas do MEC, diz prefeito do Maranhão


O prefeito do município de Luis Domingues (MA) disse que Arilton Moura, um pastor do gabinete paralelo do MEC, pediu propina para protocolar as demandas da prefeitura. Ouça

22 de março de 2022

Ministro do MEC, Milton Ribeiro, com o pastor Gilmar Santos (Foto: Reprodução)


247 - Pastores do gabinete paralelo do Ministério da Educação pediram pagamentos em ouro e dinheiro para liberar recursos para construção de escolas e creches, segundo reportagem do jornal Estado S.Paulo, que ouviu o prefeito do município de Luis Domingues (MA), Gilberto Braga (PSDB).

O prefeito disse que Arilton Moura, um pastor do gabinete paralelo, pediu R$ 15 mil antecipados para protocolar as demandas da prefeitura. Depois de atendidas as demandas, pediu mais um quilo de ouro.

“Ele (Arilton Moura) disse: ‘Traz um quilo de ouro para mim’. Eu fiquei calado. Não disse nem que sim nem que não”, relatou o prefeito. De acordo com ele, a conversa ocorreu em abril de 2021 em um almoço no restaurante Tia Zélia, em Brasília, após uma reunião com o ministro da Educação, o pastor Milton Ribeiro.

“Ele disse que tinha que ver a nossa demanda, de R$ 10 milhões ou mais, tinha que dar R$ 15 mil para ele só protocolar [a demanda no MEC]. E na hora que o dinheiro já estivesse empenhado, era para dar um tanto, X. Para mim, como a minha região era área de mineração, ele pediu 1 quilo de ouro”, afirmou o prefeito.

“Ele (Arilton) falou, era um papo muito aberto. O negócio estava tão normal lá, que ele não pediu segredo, ele falou no meio de todo mundo. Inclusive, tinha outros prefeitos do Pará. Ele disse: 'olha, para esse daqui eu já mandei tantos milhões, para outro, tantos milhões'”, informou.

De acordo com a reportagem do Estado de S.Paulo, o pastor repassou o número da sua conta corrente para que prefeitos anotassem e pudessem fazer os repasses.

Bolsolão do MEC

Internautas foram ao Twitter, nesta terça, criticar o esquema de liberação de verbas para aliados de Jair Bolsonaro. Usuários apontaram crime de responsabilidade e cobraram do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do procurador-geral da República, Augusto Aras, para que abram investigações. O "Bolsolão do MEC" está entre os assuntos mais comentados do Twitter

Segundo gravações, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, afirmou que o governo prioriza, na liberação de verba, prefeituras com pedidos negociados por dois pastores (sem cargo na gestão federal). A bancada evangélica avalia pedir ao governo a demissão do ministro.


Brasil 247

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