sábado, 28 de julho de 2018

FMI e Moro contra a democracia


27 de Julho de 2018

Por Emir Sader


Quem tem medo da democracia hoje no Brasil? Quem lucra com a política econômica de um governo que atende os interesses do capital financeiro e não da massa da população brasileira. Quem atua sem controle, de forma arbitrária, promovendo perseguição política pelo manejo discricionário das leis.

Eles atuaram a seu bel prazer nestes anos, desde o golpe que rompeu com a democracia no Brasil. Ganharam muito dinheiro e acumularam poder de forma arbitraria. Agora se juntam para difundir o temor às eleições. Do que eles têm medo realmente é da democracia, da expressão voluntaria da vontade da população mediante o voto direto.

O FMI adverte que as eleições podem colocar em risco uma recuperação que nem existe. Porque sabem que quem aplica sua política é em grande parte responsável pela imensa falta de popularidade do governo atual. E que, se houve eleições minimamente democráticas, esse modelo não se sustenta e será modificado profundamente.

O que o FMI deveria fazer não é se opor a essas eleições, mas apoiar o seu candidato, Henrique Meirelles, que coloca em prática rigorosamente o ajuste fiscal que o FMI recomenda. Basta ver a falta de apoio desse candidato para nos darmos conta da razão do medo do FMI das eleições. As eleições deste ano são um risco para um modelo aplicado contra a vontade democrática da grande maioria da população e suas consequências econômicas e sociais desastrosas para o país.

Moro resolveu se somar às "advertências" do FMI de que as eleições são um risco para o ajuste fiscal que o governo golpista coloca em prática, e se pronunciou, ele também, no sentido de que as eleições colocam em risco a Lava Jato. De que maneira? Porque os candidatos que se identificam com a Lava Jato não têm nenhuma possibilidade de ganhar as eleições presidenciais. E, com mudança de governo, ainda mais com a provável vitória de candidatos que pretendem convocar uma Assembleia Constituinte, haveria um imenso processo de democratização do país, que incluiria o poder judiciário, que se tornou o coveiro da democracia no país, ao permitir que todo tipo de desrespeito à Constituição seja colocado em prática.

O que deveria fazer Moro e seus colegas e apoiar e fazer campanha para os candidatos que defendem a Lava Jato – Alvaro Dias ou outro qualquer – e submeter assim à vontade popular, a Lava Jato e suas atuações nestes anos. Se acreditam que atuam conforme os interesses da maioria dos brasileiros, como continua a apregoar, não deveriam temer as eleições, porque o povo se pronunciaria a favor dos seus candidatos.

Mas do que eles têm medo, tanto o FMI como o Moro, não é das eleições, mas do que elas podem representar como forma de reinstaurar a democracia no Brasil. Eles têm medo da democracia, da vontade majoritária e livre da população.

Se acreditam que atuam a favor do país, se acreditam que contam com o apoio da maioria da população, não tem por que temer as eleições. Eles serão a expressão livre da consciência e dos interesses da maioria da população.

Mas eles em consciência, cada vez mais clara, que a popularidade do Lula expressa exatamente o contrário do que eles fazem. Lula prega um referendo revogatório, em que a população se manifestará sobre o pacote de3 medidas que o governo golpista conseguiu aprovar no Congresso. Basta que os que defendem a necessidade de congelar por 20 anos os recursos para políticas sociais, a fim dos direitos trabalhistas, a reforma da previdência, entre outras medidas, que defendam essas posições nas eleições e depois, no referendo revogatório.

FMI e Moro tem medo da democracia, porque sabem que defendem interesses cada vez mais minoritários. O FMI orienta a destruição econômica do país e Moro tenta impedir que o Lula recomece a reconstrução do pais. Eles têm medo do povo e sua preferência pelo Lula.


Brasil 247

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