O Globo publica hoje uma reportagem daquelas onde a gente, velho de guerra no jornalismo, diz que “o lead está no pé”. Isto é, que a informação mais importante está no final do texto, quase pedindo para se transformar numa grande reportagem mas ali, relegada a um plano inferior.
Explico: é um reportagem sobre o sumiço de armas da Polícia Federal, especialmente aqui na Superintendência do Rio de Janeiro: 80, em 11 anos, ou sete por ano. Sério, sim, mas nada que seja relevante no quadro de violência da cidade.
Bo final do texto, porém, o repórter ouve o coronel reformado José Vicente da Silva Filho, da PM de São Paulo, , consultor e professor do Centro de Altos Estudos de Segurança da corporação que diz, com todas as letras que as empresas de segurança privadas compraram, em 15 anos, cerca de 600 mil armas e que a Polícia Federal, que controla o inventário do armamento em poder delas, diz que elas possuem estocadas perto de 300 mil.
Se não me falha a aritmética e o coronel está certo no que diz, são cerca de 300 mil armas sumidas, sem contar o estoque anterior que possuíam.
Agora, sim, estamos falando de uma quantidade que – perdão, Globo – faz diferença.
O mercado de segurança privada, que cresceu no Brasil desde a ditadura, entre outras razões porque era – e é – uma formula para policiais e militares – na reserva e alguns na ativa – ganharem dinheiro com o medo da violência passou a movimentar bilhões.
E que cresce sem parar. Se contar os que estão na informalidade, são mais de 700 mil seguranças privados no Brasil.
É uma pergunta interessante para a turma que defender a liberação do porte de arma indiscriminadamente, além destes 700 mil, quantos mais deveríamos ter carregando uma arma de fogo?
Tijolaço
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