POR NOCAUTE
20 DE JULHO DE 2018
A Abril afirmou que o grupo “está iniciando uma nova fase de seu processo de reestruturação operacional” e Giancarlo Civita “volta à sua função de membro permanente do Conselho Editorial, junto a Victor Civita Neto”, seu irmão.
O Grupo Abril – editor, entre outras, da revista Veja – anunciou nesta quinta-feira (19) que a família Civita deixará o comando da empresa. O novo presidente-executivo (CEO) será Marcos Haaland, diretor executivo da norte-americana Alvarez & Marsal e especialista em empresas em estado falimentar.
Marcos Haaland, o novo capo da Abril: zero experiência no mundo editorial, mas especialista em socorrer empresas em estado falimentar.
A empresa de consultoria, que tem sede nos Estados Unidos e atua em outros 23 países, pretende recuperar a Abril de uma grave crise financeira. Em 2017, o grupo teve prejuízo de R$ 331 milhões, após resultado negativo de R$ 137 milhões em 2016.
Em nota a consultoria afirmou: “A Alvarez & Marsal assumiu a gestão do grupo Abril nesta quinta, para dar continuidade ao processo de reestruturação operacional da companhia e, principalmente, aos negócios do grupo”. E acrescentou que Haaland tem “ampla experiência em projetos de melhoria de desempenho de empresas”.
No currículo de Haaland não há qualquer menção de trabalho ligado ao setor de Comunicação. Antes de se tornar CEO da Abril, ele atuou em projetos de reestruturação de empresas do agronegócio, alimento, óleo e gás. Atualmente Haaland é membro de um conselho de empresas de alimentos e rações.
Assim, Giancarlo Civita, presidente executivo, e Victor Civita Neto, presidente do conselho editorial, deixam o comando da empresa mas ficam como membros permanentes do conselho editorial. A família “continua no controle da empresa com sua posição acionária inalterada”, afirma Victor Civita Neto em e-mail enviado aos funcionários do grupo.
Victor “Titi” e o irmão Guancarlo Civita, agora rainhas da Inglaterra.
Aos seus funcionários a Abril afirmou que o grupo “está iniciando uma nova fase de seu processo de reestruturação operacional” e Giancarlo Civita “volta à sua função de membro permanente do Conselho Editorial, junto a Victor Civita Neto”, seu irmão.
Há tempos a Abril vinha atravessando graves dificuldades financeiras e buscava recursos para tapar os buracos sucessivos nos balanços da empresa.
Graças a uma emenda substitutiva de 1997, de autoria do então deputado Aloysio Nunes (PSDB-SP), a Constituição Federal passou a permitir que o capital estrangeiro pudesse ter, com direito a voto, até 30% do controle de jornais, revistas, rádios e televisões.
Até então a Constituição proibia expressamente a participação de capitais estrangeiros – fossem de origem física ou jurídica – em empresas de comunicação brasileiras.
A primeira beneficiária do arranjo foi a editora Abril, gigante jornalística concessionária de rádio e TV, que à época já se encontrava com a corda no pescoço. Com a brecha aberta pela emenda de Aloysio, a Abril vendeu 30% de seu capital à multinacional sul-africana Naspers, empresa ultraconservadora que foi um dos esteios do apartheid racista na África do Sul.
Há alguns anos, o Grupo Abril vem tentando reestruturar o seu negócio. Em 2015, os Civita fizeram um aporte de R$ 450 milhões para reorganizar a dívida do grupo. O pagamento foi feito pela Abrilpar (holding familiar que administra e controla outras companhias) em novembro do mesmo ano. Logo em seguida, em fevereiro, a holding já havia vendido a participação e o controle da então Abril Educação para a Thunnus Participações, da gestora Tarpon, por R$ 1,3 bilhão.
Nocaute
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