O acordo sobre a produção de energia nuclear do Irã mereceu espaço no programa “Café com o Presidente” desta segunda-feira (17/5). O presidente Lula classificou a reunião em Teerã (Irã) concluída na madrugada desta segunda-feira (17/5) como sendo extremamente importante e destacou a atuação da diplomacia do Brasil, do Irã e da Turquia, para acertar os detalhes sobre o tema. O presidente Lula afirmou também que “há um milhão de razões para a gente ter argumento para construir a paz”.
“O Brasil teve um papel importante, sobretudo a afinidade existente entre o ministro Celso Amorim, o ministro da Turquia e o próprio ministro das Relações Exteriores do Irã, e foi uma coisa extraordinária. Eu acho que a diplomacia sai vencedora hoje. Eu acho que foi uma resposta de que é possível, com diálogo, a gente construir a paz, construir desenvolvimento. Mas eu acho que nós precisamos fazer justiça, e acho que até numa homenagem ao ministro Celso Amorim que está aqui do meu lado, porque ontem nós nos reunimos muitas vezes, mas ele ficou reunido até quase 1h da manhã, até concluir o acordo, e assinamos a declaração agora há pouco”, afirmou Lula.
Em seguida, o presidente sugeriu que o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, fizesse um detalhamento sobre a questão no programa produzido pela EBC. Amorim explicou que as negociações demandaram meses e tiveram início com a visita do presidente do Irã, Mahomoud Ahmadinejad, fez ao Brasil.
“Nós havíamos percebido que, em função de uma proposta que havia sido feita pela Agência Atômica, que reconhecia o direito iraniano de enriquecer urânio, havia uma possibilidade de acordo. Mas como você bem pode imaginar, são muitos os detalhes. Então, nós tivemos que trabalhar durante muito tempo, enfrentar o ceticismo de muitos países. Mas o que eu queria lhe salientar é que essa declaração entre Turquia, Brasil e Irã contém os elementos principais que são necessários… todos os elementos que são necessários para que haja o acordo de troca de urânio por elementos combustíveis. Naturalmente, esse acordo não vai resolver todas as questões que existem na questão nuclear. Mas ele é o passaporte para que possa haver discussões mais amplas que criem a confiança na comunidade internacional e, ao mesmo tempo, permita o Irã exercer o direito legítimo à energia nuclear para fins pacíficos, inclusive com enriquecimento”, destacou o ministro Amorim.
O ministro acredita que os termos do acordo firmado em Teerã são suficientes para evitar sanções internacionais ao Irã. Amorim contou que o presidente Lula, naquele momento, acabará de conversar com o presidente a França, Nicolas Sarkozy, e que os desdobramentos passaram por contatos com autoridades americanas, russas e chinesas.
“Nós negociamos com a consciência das questões e das preocupações que eles têm. Eu não vejo nenhuma razão, nem a Turquia que, aliás, é um país membro da Otan, portanto, é muito ligado, aliado, aliado militar, até, dos Estados Unidos, então, claro, cada um fará seu julgamento, mas nós não vemos nenhuma razão para que haja continuidade nesse movimento em favor de sanções. Vamos continuar, quer dizer, vamos continuar discutindo e vamos ver o que vem, o que vai acontecer. Sempre achamos que era necessário dar um crédito de confiança à paz e à negociação. Agora nós temos as condições materiais para que esse crédito de confiança exista,” contou.
Depois, o presidente Lula voltou a conversar sobre o tema. Segundo ele, o Brasil sempre acreditou que era possível fazer o acordo e considerou importante a relação de confiança estabelecida entre os países envolvidos no processo.
“Nós temos que acreditar nas pessoas, e eu penso que nós conseguimos um grande intento. Eu, ontem, fiquei muito feliz porque foi uma vitória da diplomacia. Quando os diplomatas se reúnem em torno de uma causa séria e têm o apoio dos seus presidentes, a coisa acontece. Então, meu caro, eu estou embarcando agora, neste momento, para Madrid, vou participar da Cúpula União Europeia-América Latina, depois vou participar da Cimeira Brasil-Portugal e, na quinta-feira de manhã estarei no Brasil”, destacou o presidente no programa.
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