sexta-feira, 18 de julho de 2014

Pesquisa Globo-Datafolha e a igualdade entre diferentes

sex, 18/07/2014 - 06:17 - Atualizado em 18/07/2014 - 12:00

Sergio Saraiva

Dilma pode ganhar já no 1º turno, mas se não ganhar, pode dar Aécio no 2º turno ou Eduardo Campos ou até Dilma mesmo. 


Se essa conclusão é meio, digamos assim, inconclusa, é porque a pesquisa Globo-Datafolha de 17/07/2014 para as eleições presidenciais traz uma contradição em si. E um hiato não explicado entre os gráficos de inteção de votos do primeiro e do segundo turno que acaba por descrever a situação proposta acima.

Dilma ganha no 1º turno.



Já de algum tempo percebe-se uma estabilização nas intenções de voto para as eleições presidenciais de 2014. Dilma com algo em torno de 37%, Aécio 20%, Eduardo Campos próximo de 10% e Pastor Everaldo consistentemente em torno de 4%.

Basta reparar no ângulo da reta que resolve os pontos.



Isso daria a vitória a Dilma já no primeiro turno das eleições. O empate técnico - Dilma 36% X Todos os outros 36% - é na verdade um ruído estatístico provocado pela presença de 7 candidatos nanicos, com 5 deles pontuando. Na campanha eleitoral não serão sequer notados, dado o tempo exíguo de televisão que terão.

Há aqui um dado relevante. Existem 3 estratos diferentes nesses dados. O percentual de Dilma é praticamente 60% maior do que o de Aécio, o de Aécio é mais que o dobro do de Eduardo Campos. De Eduardo Campos para baixo, os valores são pequenos demais para serem distintos.



Logo, caso houvesse segundo turno, a polarização se daria entre Dilma e Aécio, mas não é isso que os gráficos abaixo irão mostrar.

Dilma perde no 2º turno.

Quando se analisa os gráficos de intenção de votos no segundo turno, o que se nota é uma contínua queda de Dilma com seus votos perdidos sendo consistentemente ganhos por Aécio e Eduardo Campos indistintamente.

Basta reparar no ângulo da reta que resolve os pontos.



Esses dados são incoerentes com a estabilização e com a situação estratificada mostradas nos gráficos do primeiro turno. O eleitor, na hipótese de um segundo turno, parece não distinguir Aécio de Eduardo Campos, mas há uma enorme diferença entre eles no primeiro turno.

Além disso, Aécio e Eduardo Campos dão saltos no segundo turno que são inconsistentes com as preferências eleitorais do primeiro turno e com o total de indecisos que é de 14%.

Aécio obtém um acréscimo de 20 pontos percentuais, um salto de 100%, e Eduardo Campos aumenta fantásticos 30 pontos, um lançamento espacial de 375%. Dilma acrescenta apenas 8 pontos percentuais aos que já possui, ou um passinho à frente de 25%.

Então, qual é a explicação para tal diferença? A Folha tenta:

“A oscilação negativa de Dilma no primeiro turno e a aproximação de seus rivais em simulações de segundo turno são coerentes com o aumento do percentual de eleitores que julgam o atual governo como ruim ou péssimo”.

Isso, no entanto, não dá conta de explicar a discrepância entre as intenções de votos do primeiro e do segundo turno. Mesmo porque, aqui também o quadro é próximo da estabilidade.



A única explicação possível seria na base do "everybory hates Dilma".

Ou seja, como uma segunda opção, todos os eleitores de Eduardo Campos votam com Aécio e todos os eleitores de Aécio votam com Eduardo Campos. Ambos são "adversários-aliados" há muito pouco tempo para já terem formado tal grau de identificação. E ainda tem se que parte dos eleitores de Eduardo o são, na realidade, de Marina Silva. Vê-los votando no PSDB seria muito interessante. Além do mais, deveriam chamar para si todos os votos dos indecisos.

Fácil? Então, lembremos da pesquisa de 15 dias atrás, quem está positivamente na cabeça do eleitor é Dilma e não seus adversários.



Continua a questão, se nada muda, por que tudo muda do primeiro para o segundo turno?

Enfim, é aguardar a próxima pesquisa.

Se os dados desta se mantiverem, então, Dilma continuará vencendo no primeiro turno, mas será ultrapassada por ambos, Aécio e Eduardo Campos, no segundo. E aí, ou dormiremos com um barulho desse ou a Globo-Folha nos trarão uma explicação. 



Jornal GGN

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