sábado, 19 de julho de 2014

Cúpula dos Brics coroa política externa inovadora




Com segurança e objetividade, sem provocações, Brasil avança em política externa alternativa; resultados econômicos aparecem; fortalecimento dos Brics, aproximação com Unasul e presença à frente da OMC contribuem para criação de polo independente da influência dos EUA; sem ser "contra ninguém", como disse a presidente Dilma Rousseff a respeito do banco internacional com capital de US$ 50 bilhões e fundo de reservas de US$ 100 bilhões, ação altiva contribui para equilíbrio global de forças; novo peso

19 de Julho de 2014 às 19:17




247 – A sexta cúpula dos Brics, encerrada na quarta-feira 16, em Brasília, trouxe à luz do dia os primeiros resultados concretos de uma política externa alternativa que vem sendo praticada pelo Itamaraty, com a presidente Dilma Rousseff à frente, nos últimos anos. Sem grandes festejos, enfrentando problemas mas, ao mesmo tempo, sem arredar pé do rumo escolhido, o País foi se afastando da influência política dos Estados Unidos e dos moldes tradicionais da parceria comercial com a Europa. Ao contrário das projeções pessimistas, os resultados positivos estão aparecendo.

Em ações criticadas, mas efetivamente praticadas no plano político, como a não reação sobre os conflitos separatistas na Ucrânia, e movimentos rápidos no campo econômico, a exemplo da disposição para criar o banco dos Brics, a diplomacia brasileira passou a realizar atos concretos - e não apenas formular hipóteses. Um exemplo dessa disposição já fora dada, pelo comando pessoal de Dilma, no trabalho vitorioso em torno da candidatura do embaixador Roberto Azevedo ao comanda da Organização Mundial do Comércio. Ser a zebra deu certo.

Agora, tendo na vitrine o Novo Banco de Desenvolvimento, com capital de US$ 50 bilhões reunido por Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul e o fundo de contingência de US$ 100 bilhões, os Brics ganharam organicidade e uma poderosa ferramenta de ação. Com a intenção de operar o quanto antes, os cinco sócios, apresentados pela presidente Dilma Rousseff, travaram um contato inédito com presidentes do continente americano.

Organismo criado por iniciativa do Brasil, a Unasul compareceu em peso ao encontro em que os donos da nova instituição de financiamento apresentaram as linhas gerais de apoio a obras de infraestrutura. Ao mesmo tempo, acenaram que o fundo de contingenciamento pode ser usado por diferentes países além dos Brics.

Não é sonho. Além da dinamização no comércio entre o Brasil e os parceiros do grupo, a organicidade dos Brics instala um novo ponto de aglutinação para os países que, na década de 1970, eram chamados de 'não alinhados'. O Itamaraty sempre exerceu influência sobre esse conjunto de países, entre os quais muitas nações africanas e do oriente médio, mesmo sem assumir um papel de liderança. Mas, agora, com uma correção e um ampliação de eixo, chegando às gigantes China e Rússia, a força é outra.

Antes que reações críticas ou, ao menos, frias chegassem da comunidade internacional, a presidente Dilma Rousseff afirmou que o banco dos Brics "não é contra ninguém". O mesmo vale para a ação política que, aos poucos, o grupo pode começar a desenvolver com mais frequência nos foros internacionais como o G20. Na forma dos Brics, um novo ator está entrando na cena mundial.
 
 
Brasil 247

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