publicado em 20 de outubro de 2014 às 0:17
Hoje mais calmo, o senador se afastou do legado tucano, mas apenas quando interessou
por Luiz Carlos Azenha
Durante o debate da TV Record, o candidato do PSDB, Aécio Neves, disse literalmente: “Sou absolutamente fiel aos trabalhadores”. Também afirmou que, quando governou Minas Gerais, ouviu os trabalhadores, ao contrário do que denunciam sindicalistas.
Aécio prometeu manter a política de aumento do salário mínimo de Dilma até 2019, além de discutir o fim do fator previdenciário, instituído durante o governo de Fernando Henrique Cardoso e que prejudica os aposentados.
Afirmou que dará continuidade aos programas sociais, que pretende fortalecer a Petrobrás e os bancos públicos, ao contrário do que demonstra a História privatista dos tucanos e uma declaração de Armínio Fraga, que será ministro da Fazenda se Aécio for eleito.
O senador também repetiu que a Minas Gerais que ele governou tem a melhor educação fundamental do Brasil e a melhor saúde pública. Se assim fosse, Aécio Neves não teria perdido a eleição em primeiro turno em seu próprio estado, alguém poderia tê-lo lembrado.
Das duas, uma: ou Aécio Neves mente compulsivamente em sua campanha eleitoral, ou se afastou dos princípios que sempre guiaram seu partido no poder, inclusive em Minas Gerais. Pelas promessas que fez, isso ficou claro.
Depois do debate da Band, o Viomundo titulou assim sua opinião: Em debate agressivo, Aécio foge de perguntas e se sai melhor.
Um dos comentaristas disse que o título continha uma contradição em si. Como Aécio poderia ter se saído melhor, se fugiu às perguntas?
Em nossa opinião, aconteceu hoje de novo: o senador tucano articula melhor a apresentação de suas ideias, sejam elas falsas ou não.
Mas a capacidade de discursar de forma coerente não é capaz de esconder as contradições. Hoje, Aécio assumiu para si o controle da inflação sob o plano Real, aprovado durante o governo de Itamar Franco, mas se afastou de Fernando Henrique Cardoso quando Dilma Rousseff falou em privataria, desemprego e arrocho salarial.
A presidente não tem o mesmo traquejo do adversário quando se trata de defender seu governo ou o do antecessor. Precisa contar com a memória dos eleitores para fazer a comparação, algo que fica difícil para os jovens que não viveram sob os governos de FHC.
Mas, dos três debates que acompanhamos até agora, este foi aquele em que a presidente estava mais tranquila. Aécio continua contando com o desconhecimento dos brasileiros sobre os governos que fez em Minas Gerais. Só isso permite a ele dizer, com a maior cara de pau, que “é absolutamente fiel aos trabalhadores” ou que pretende criar “a nova escola brasileira”.
Ouçam o que tem a dizer a sindicalista Beatriz Cerqueira, liderança dos professores, sobre a herança maldita dos tucanos em Minas, que ela chama de os “fantasmas de hoje”.
Leiam, aqui e aqui, sobre o engodo que foi o chamado “choque de gestão” de Aécio Neves nas finanças, na análise do economista Fabrício de Oliveira.
Ouçam a denúncia dos jornalistas mineiros, que afirmam que a censura e a manipulação midiáticas impediram que os brasileiros soubessem a verdade sobre os governos de Aécio e aliados em Minas Gerais.
Hoje, no debate da Record, Aécio mencionou o programa Poupança Jovem como projeto bem sucedido que levaria para o plano nacional.
Segundo Beatriz Cerqueira, a sindicalista de Minas, tal programa atende a apenas 9 dos 853 municípios mineiros.
Se os brasileiros comprarem este marketing domingo que vem, é pela competência retórica de um candidato que, no debate da Record, mais parecia um vendedor de enciclopédias.
Audiência
A média de audiência do debate na Record foi de 12 pontos, enquanto a Globo marcou 16 e o SBT, 9.
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