terça-feira, 21 de outubro de 2014

Com Chico e Lobão, PT e PSDB ampliam diferenças



Adesões de estrelas da MPB e professores da academia ganham peso renovado na eleição que termina domingo; PT de Dilma Rousseff apostou no peso de Chico Buarque e na mobilização da classe para influenciar camadas médias da população; PSDB de Aécio Neves teve declaração a favor de Lobão e promoveu desfile de cantores sertanejos no horário político, de olho no voto do campo; organicidade petista no setor favorece Dilma na reta final

21 de Outubro de 2014 às 12:57



247 – Não é em toda a eleição que a influência de artistas conhecidos nacionalmente se manifesta. Nas Diretas Já, equivalente a uma campanha eleitoral, em 1984, eles estiveram na linha de frente. Tiveram peso, com a cantora Fafá de Belém e o ícone Milton Nascimento, na corrida de Tancredo Neves ao Colégio Eleitoral. Nas três eleições frustradas de Lula, a militância de nomes como Lucélia Santos e Gonzaguinha não alcançou um resultado positivo. Com a permissão de comícios com shows pagos pelos organizadores, fortunas dos partidos políticos foram gastas no mundo dos sertanejos e do axé. As duas eleições de Fernando Henrique foram embaladas por muita música popular. Este ano, as regras não permitem pagamento a artistas em troca e som, simpatia e apoio – e por isso mesmo a influência eleitoral das estrelas do mundo do entretenimento e da cultura nunca foi tão grande como nesta eleição de 2014. Eles estão no meio da disputa de PT e PSDB pela classe média.

Em seus comerciais no horário político, a campanha do PSDB vem exibindo uma tropa de artistas populares, de Leonardo a Zezé de Camargo e Luciano, com direito a jingle extraído de sucesso da baiana Ivete Sangalo. Se não acreditasse que artistas podem render votos, os tucanos não concederiam mais de dois minutos de tevê, como têm feito, para divulgar imagens e depoimentos deles.

Nesse campo, porém, quem está se sobressaindo é a candidata do PT, Dilma Rousseff. Na noite da segunda-feira 20, no palco do emblemático Tuca, em São Paulo, artistas e intelectuais se reuniram à volta da candidata e do ex-presidente Lula como uma expressão de classe. Mais que nomes fortes, como o de José Celso Martinez Corrêa, os que estavam ali assim como, antes, acontecera em torno de Dilma no Rio de Janeiro, o fizeram de maneira organizada. Realizaram um movimento claro para influenciar, em bloco, o voto dos que ficaram do lado de fora.

Até esse ponto, uma declaração de voto, das muitas que têm aparecido nesta eleição – numa característica não apresentada, com a dimensão atual, em anteriores – fez a diferença: Chico Buarque de Hollanda.

Neste segundo turno, um depoimento curto dele, mas sem meias palavras, pode ter contribuído para a quebra do gelo, na classe média, em relação a Dilma. Sempre procurado a cada eleição, o depoimento de Chico ganhou desta vez, até mesmo pelo contraste em relação aos apoios de Aécio nessa área – o ex-roqueiro Lobão, por exemplo – mais valor.

Atos como as reuniões com artistas e intelectuais em São Paulo e no Rio e a exploração do depoimento de Chico em dois momentos distintos no horário eleitoral também mostram que a campanha do PT tratou de dar importância a esse campo. Parece estar funcionando. Segundo a pesquisa Datafolha divulgada ontem, a presidente está se recuperando na faixa de renda entre 2 e 10 salários mínimos. Ela tem a predominância sobre zero a dois salários e perde longe para Aécio na faixa de acima de salários.
 
 
Brasil 247

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