28 de julho de 2015 | 14:39 Autor: Fernando Brito
A esta altura, com os anjos vingadores do Paraná, o Dr. Moro e a nossa garbosa Polícia Federal com o poder que têm, não deve haver um sem-vergonha roubando no serviço público federal, estadual, municipal, distrital e nem mesmo na conta da quitanda…
Afinal de contas, que dirigente empresarial, depois de ver Odebrechts e Gutierrez indo para a cadeia fará arranjos para dar “bola” a dirigentes públicos? Ou que dirigente, observando até um Almirante ser levado às galés, arriscar-se-á a pedir um “agrado” milionário?
Ainda mais com o zeloso tribunal de contas, habitado por gente que não respondeu a processos por desvio de verba nem tem filhos e filhotes lambuzados na pomada das facilitações e jeitinhos do tráfico de influência e pega no pé das pedaladas que, embora históricas, agora descobriu-se serem criminosas.
Nem o ousado Eduardo Cunha neste momento tem condições de dizer: “estou precisando já dos meus US$5 milhões”, não é?
Então, porque é que não estamos assistindo um ciclo esplendoroso de avanço econômico, de eficiência na administração pública e privada? Porque não assistimos a um florescer da honradez, não se tapam os buracos de estradas e vielas, porque não pululam os empregos, agora que as verbas já não se esvaem em propinas, em remessas ao exterior, em desperdícios e ostentações?
Chegamos a um grau de “moralidade” – paradoxalmente não por razões morais, mas práticas – capaz de nos colocar em primeiro lugar nos rankings mundiais de transparência, certo? E o país afunda na crise, como pode? Não é a corrupção dos contratos, das obras, das manilhas compradas com comissão que tem a responsabilidade pelo atraso do Brasil, por nossas misérias e carências?
O problema da hipocrisia é que ela é, em geral, enfrentada com mais hipocrisia, com a qual se disfarçam as verdadeiras intenções dos hipócritas.
Para “acabar com a corrupção” acabou-se com a atividade indutora do Estado brasileiro sobre a economia, a infraestrutura, sobre a base industrial do desenvolvimento.
Para acabar com os “desvios” do dinheiro público acabou-se com o próprio dinheiro público, afundando a arrecadação de impostos com a retração econômica que isso provocou.
Só um setor da economia está recebendo mais recursos públicos, os emprestadores de dinheiro ao Estado pela via dos juros públicos.
Para estes não há problema em que se exijam comissões cada vez mais altas do Governo, nem que este docilmente as entregue, com taxas cada vez maiores e, por isso, um endividamento que, depois de cair consistentemente durante anos a fio, voltou a subir.
Demos, sem cerimônias, aos “juristas” do Brasil, em poucos meses, mais que o 1 ou 2 ou 3% dos Paulo Roberto Costa, mas não sobre os alguns bilhões de contratos da Petrobras, sobre um montante de trilhões representado pelo nosso endividamento público regido pela Selic.
Roubar, no Brasil, não é problema.
Quando convém aos ladrões, isso não dá cadeia, dá salva de palmas.
Tijolaço
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