Ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, Miguel Rossetto, admite que "vivemos uma instabilidade política como esta geração nunca viu", mas se mostra otimista no sentido de que o País tem maturidade democrática para superar a crise; segundo ele, a oposição brasileira está mais "venezuelana" e "aventureira" do que nunca; "É uma oposição que não se contenta mais em criticar o governo: quer impedi-lo de governar", alerta; ministro expõe que o governo da presidente Dilma Rousseff aposta em três ações estratégicas para colocar fim à crise política e afastar de vez o fantasma do impeachment: estabilizar as relações com o Congresso, estimular o ambiente de cooperação com governadores e prefeitos e criar mecanismos de diálogo direto com a sociedade; parte do plano será executado nesta quinta-feira, em reunião com governadores marcada para começar às 16h
30 DE JULHO DE 2015 ÀS 10:18
Najla Passos, da Carta Maior
O governo Dilma Rousseff aposta em três ações estratégicas para colocar fim à crise política e afastar de vez o fantasma do impeachment: estabilizar as relações com o Congresso, estimular o ambiente de cooperação com governadores e prefeitos e criar mecanismos de diálogo direto com a sociedade.
Quem afirma é o ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, Miguel Rosseto, para quem o cenário de instabilidade é real e não pode ser desmerecido, embora ele siga otimista que o país tem maturidade democrática para superar a crise. "Nós vivemos uma instabilidade política como esta geração nunca viu", afirma.
Rosseto admite a gravidade deste momento político em que a oposição brasileira está mais "venezuelana" e "aventureira" do que nunca. "É uma oposição que não se contenta mais em criticar o governo: quer impedi-lo de governar", alerta.
Ele, entretanto, projeta perspectivas futuras positivas, tanto em relação à economia quanto à política "A economia brasileira é grande, diversificada, uma das maiores do mundo. Por isso, o país vai superar a crise econômica. Da mesma forma, nossas instituições políticas são sólidas e democráticas. O que a sociedade vai produzir ao longo desses meses é um empurrão ao equilíbrio e às normas jurídicas", afirma.
Para o ministro, a tese de impeachment está derrotada e só sobrevive no discurso de alguns poucos irresponsáveis. "Esta é uma tese derrotada do ponto de vista político, além de socialmente descabida. Não há nada que a sustente", avalia.
Rosseto reconhece, no entanto, que o momento inspira cuidados e a crise política ainda pode se aprofundar nos próximos meses. Colaboram para este cenário, segundo ele, a manifestação de rua marcada para o próximo dia 16, que reivindica o impeachment da presidenta, além, é claro, dos possíveis desdobramentos da Operação Lava Jato.
O ministro elenca ainda entre os desafios a serem enfrentados a superação do problema da prestação de contas do primeiro mandato de Dilma, que deve ser julgado nos próximos dias pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
De acordo com ele, as chamadas "pedaladas fiscais", que os opositores usam para sustentar a tese de impeachment, são operações contábeis utilizadas pelos sucessivos governos desde 1991, e sistematicamente aprovadas pelo próprio TCU. "Nós estamos muito seguros da qualidade dos argumentos que apresentamos ao TCU. O que fizemos é feito desde 1991 e homologado pelo tribunal", justificou.
Rosseto garante também que o governo não tem o que temer com o julgamento das contas de campanha da presidenta pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Segundo ele, a prestação de contas da campanha não dará nenhum motivo para problema. "Acredito no que o ministro Dias Toffolli [presidente do TSE] já disse logo após as eleições: não haverá 3º turno", observou.
O diálogo como estratégia
As três ações estratégicas elencadas pelo ministro para tentar conter a crise política têm como base a melhoria da capacidade do governo de dialogar com os diferentes públicos. Por isso a presidenta Dilma lançou na terça (28) a plataforma digital Dialoga Brasil, destinada a ouvir a opinião da população sobre os programas de governo.
Para Rosseto, a iniciativa corajosa da presidente de colocar seus programas de governo para apreciação pública em um momento de crise deverá favorecer o diálogo com o cidadão desvinculado de movimentos organizados, mas também reaproximar governo e entidades da sociedade civil organizadas que se distanciaram do governo por oposição, principalmente, ao pacote de ajuste fiscal.
"Não houve ruptura política entre essa vanguarda social e o nosso projeto. Houve distanciamento, mas não ruptura. E esse é um valor estratégico que temos que valorizar", justificou.
O ministro também ressaltou a tentativa de aprofundamento do diálogo com governadores e prefeitos como imprescindível para a retomada da estabilidade. De acordo com ele, uma reunião entre a presidenta e os governadores já está agendada para esta quinta (30), com o objetivo de promover um ambiente de maior cooperação política entre eles. Outras serão agendadas com os prefeitos.
A ação mais emblemática é a que visa promover maior estabilidade no parlamento que, pelo menos até segunda ordem, continua com Eduardo Cunha (PMDB-RJ), inimigo confesso do Planalto, a liderar a Câmara dos Deputados em um período em que abundam as chamadas "pautas bombas".
"Não é razoável que o Congresso continue a aprovar projetos que estourem as contas do governo como ocorreu neste semestre", observa ele, em referência à aprovação das matérias legislativas que garantiram a mudança no fator previdenciário, o fim da cobrança de PIS/Cofins do Diesel e o reajuste para os servidores do judiciário.
"O governo entende que tem que buscar uma maior estabilidade congressual e, por isso, vamos dialogar, principalmente, com os partidos que compõem nossa base. Vamos ouvi-los mais", garante.
Brasil 247
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