16 de julho de 2015 | 21:49 Autor: Fernando Brito
Eduardo Cunha, denunciado diretamente – inclusive com reuniões pessoais para cobrança – por pedir US$ 10 milhões de propina ao representante da da Mitsui e da Samsung, mostra que é um homem realmente ousado.
Ameaçou – e já não tão veladamente – aceitar um pedido de impeachment contra a Presidenta Dilma Rousseff como retaliação a Rodrigo Janot, a quem acusa de estar “obrigando o delator a mentir“ao fazer-lhe a acusação de propineiro.
– No momento em que tem um aprofundamento da discussão sobre eventual decisão de pedido de impeachment, de repente querem constranger o Poder Legislativo? – perguntou Cunha aos jornalistas, em entrevista.
No Senado, Renan tenta se antecipar e anuncia duas CPIs para tentar sangrar o Governo.
Do outro lado, as insinuações não são menos graves, até de vingança física:
— Estamos falando de uma pessoa que, segundo ele, tinha o comando de 260 deputados no Congresso. Uma pessoa de alto poder de influência. O maior receio é com a família. Quem age dessa maneira perfeitamente pode agir contra terceiros, disse o acusador de Cunha, Júlio Camargo.
E também Alberto Youssef fez o mesmo em relação à CPI comandada por aliados de Cunha:
— Sim, venho sofrendo intimidação pelas minhas filhas, minha ex-esposa, pela CPI coordenada por alguns políticos e eu acho isso um absurdo (a CPI pediu a quebra de sigilo bancário dos familiares de Youssef). Eu, como réu colaborador, quero deixar claro que estou sendo intimidado pela CPI da Petrobras, por um deputado pau mandado do deputado Eduardo Cunha — declarou o “bandido profissional”.
Dá para imaginar que o Judiciário e o Legislativo possam ser palco de um espetáculo de banditismo deste nível de explicitude?
E o que dizer que depoimentos que mudam e se avolumam ou refluem como ondas, onde se diz uma coisa num dia e outra diferente dias após, onde se alega que se mente em Curitiba e se diz a verdade em Brasília e vice-versa?
O Dr. Rodrigo Janot, diante de uma acusação explicita como esta a um presidente da Câmara que está sob sua investigação não pode, simplesmente, dizer que aquilo que se diz publicamente, com um vídeo exposto a todo o país, nada tem a ver com o procedimento que ele conduz. Se nada tem a ver é sobre o que o seu inquérito, é sobre jogo de bolinhas de gude?
Só alguém que se acumplicia à hipocrisia pode achar que existe “meio-sigilo”, onde a mesma coisa dita em dois lugares num deles é secreta e em outra é manchete dos jornais.
Está claríssimo que o depoimento de Camargo, hoje, teve sua condução adrede preparada, como dizem os advogados. Moro poderia ter perfeitamente, como o fez depois que tudo havia sido dito em detalhes, cortado a palavra do delator quando o assunto descambasse para acusações que devem ser feitas em foro privilegiado. Ele, aliás, cansou de fazer isso na primeira fase da operação, como todos se recordam.
O fato de Eduardo Cunha ser uma figura notória e capaz não só de fazer o que lhe foi imputado mas muito mais ainda não justifica o procedimento de provocar “vazamentos seletivos”, daqueles que se fez ás dúzias contra petistas.
É um evidente procedimento preparatório, como o foram as “batidas” nas casas dos senadores.
E virá mais ainda, assim que se iniciar o recesso do Legislativo, a partir de amanhã, escrevam.
Aquele celular no ouvido e a mão na frente da boca para evitar leitura labial que tanto aparece nas imagens de Eduardo Cunha vai ser “arroz de festa” para os fotógrafos.
Tão tolo quanto achar Eduardo Cunha uma vestal é apostar que ele cairá de garras recolhidas.
Tijolaço
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