sábado, 14 de novembro de 2015

Estado Islâmico assume autoria de ataques em Paris

Grupo extremista afirma que ataques foram "cuidadosamente" planejados em retaliação a bombardeiros do país contra o EI

por Redação — publicado 14/11/2015 12h46, última modificação 14/11/2015 12h53

AFP


Estado Islâmico assume autoria do ataques em Paris

O grupo jihadista Estado Islâmico (EI) reivindicou neste sábado 14 os atentados terroristas realizados em Paris, que vitimaram ao menos 128 pessoas. Os ataques foram qualificados como um "ato de guerra" pelo presidente da França, François Hollande.

"Oito irmãos usando cintos explosivos e armados com fuzis atacaram locais cuidadosamente escolhidos, no coração de Paris”, afirmou o grupo em comunicado, que justificou os ataques como uma resposta aos "bombardeios contra os muçulmanos em terras do califado” - um termo geralmente utilizado para designar as regiões do Iraque e da Síria controladas pelo EI. "Que a França e aqueles que seguem seu caminho saibam que permanecerão entre os alvos do Estado Islâmico", acrescentou a organização extremista. 

Pouco antes da reivindicação, Hollande havia acusado o EI de ser o responsável pelos ataques. Mais de 200 pessoas ficaram feridas, com ao menos 99 em estado grave. "O que aconteceu na sexta-feira 13 foi um ato de guerra cometido pelo Daesh (acrônimo em árabe de EI). Ele foi preparado, organizado, planejado no exterior, com cúmplices internos que a investigação deverá estabelecer", disse Hollande no palácio do Eliseu.

Ainda na sexta, Hollande afirmou que "a batalha será implacável" contra a “barbárie”. E anunciou a mobilização de 1,5 mil militares adicionais e o fechamento das fronteiras.

O EI opera na Síria e no Iraque e conta com milhares de jihadistas estrangeiros, incluindo franceses, em suas fileiras. Já Paris, participa de uma coalizão internacional que realiza ataques aéreos contra os terroristas nesses dois países. 

Segundo Hollande, “a França será implacável” e tomará "todas as medidas para assegurar a segurança dos cidadãos” com parte de estado de emergência declarado para todo o país. "As forças de segurança internas e o exército estão mobilizados no mais alto nível de suas possibilidades e todos os dispositivos de segurança foram reforçados", assegurou.

Ele decretou luto nacional de três dias e anunciou que falará na segunda-feira ante o Parlamento francês reunido em Congresso em Versalhes "para unir a Nação nesta provação".

Os ataques

Oito terroristas morreram, incluindo sete que se explodiram. Os ataques ocorreram na casa de espetáculos Bataclan, em várias ruas no coração da capital francesa e perto do Stade de France, onde Hollande assistia a uma partida de futebol entre França e Alemanha.

Soldado francês patrulha rua de Paris após ataques

Quatro terroristas morreram no Bataclan, incluindo três ao ativar um cinto de explosivos, o último foi morto durante a intervenção das forças da ordem. "Um verdadeiro açougue. Dentro da casa, pessoas com tiros na cabeça, pessoas que foram atingidas quando estavam no chão", relatou, em frente ao local, um policial que participou da intervenção durante a noite.

Três homens-bomba morreram no Stade de France, e outro no Boulevard Voltaire, no centro de Paris. Ao todo, seis ataques quase simultâneos a partir das 21h20 (18h20 de Brasília), foram registrados em vários locais, principalmente no leste de Paris. 

Os primeiros testemunhos de sobreviventes apontam que os atiradores gritaram "Alá Akbar" (Deus é grande) e citaram a intervenção francesa na Síria para justificar as ações.

"Eram pessoas familiarizadas no manuseio de armas de guerra. Eram homens muito determinados, que recarregavam metodicamente suas armas. Sem escrúpulos", relatou Julian Pearce, um jornalista da rádio Europe 1, que estava no Bataclan e descreveu um dos agressores como uma "máquina de matar", que "abatia metodicamente as pessoas caídas no chão”.

A escala desta tragédia semeou terror na capital, a duas semanas da conferência sobre o clima da ONU em Paris (COP21), onde são esperados mais de uma centena de chefes de Estado e de Governo.

Primeiras consequências 

O Ministério da Cultura de França anunciou neste sábado o fechamento dos museus e demais espaços culturais públicos na capital francesa. As competições esportivas previstas para a região parisiense foram canceladas.

A Ópera de Paris cancelou os concertos previstos para este sábado e a grande sala da Philharmonie permanecerá fechada durante o fim de semana. O Palácio de Versalhes e o Museu do Louvre chegaram a abrir as portas antes da decisão de fechar todos os espaços.

O parque de diversões Disneylândia, situado ao leste de Paris, ficou fechado neste sábado, em solidariedade às vítimas dos atentados.

A banda de rock U2 cancelou um show previsto para este sábado em Paris.

Algumas estações do metrô da cidade foram fechadas. Escolas, universidades e repartições públicas também estão fechadas.

Com informações de AFP e Deutsche Welle.


Carta Capital

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