segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Extratos de contas na Suíça mostram que Cunha também mentiu sobre declaração

SEG, 09/11/2015 - 20:09


Jornal GGN - Reportagem da Folha de S. Paulo desta segunda-feira (9) mostra que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), forneceu informações inverídicas não apenas sobre a existência de reservas de dinheiro na Suíça em seu poder, mas também sobre a necessidade de declarar o montante à Receita Federal e ao Banco Central.

Nas últimas semanas, após a confirmação pela Procuradoria Geral da República da existência de quatro e bloqueio de duas contas que beneficiam a família de Cunha no exterior, o deputado começou a afirmar que nunca fez declarações aos órgãos competentes porque não havia saldo mínimo obrigatório para isso.

Mas, segundo a reportagem da Folha, extratos bancários da conta Kopek, que está em nome da esposa de Cunha, a jornalista Cláudia Cordeiro Cruz, demonstram que por três anos consecutivos não houve declaração sobre as contas onde estavam depositados 287 mil dólares em 2012, 148 mil dóçares em 2013 e 278 mil dólares em 2014.

Os recursos da conta Kopek e da Netherton Investments (cujo beneficiário final é Cunha) estão bloqueados desde abril. Quando a investigação do Ministério Público da Suíça foi transferida para o Brasil, Cunha passou a dizer que não tinha valores nas contas que fossem passíveis de declaração.

No último final de semana, durante entrevista ao Jornal Nacional, ele ainda sustentou que não tem contas na Suíça, mas dois trusts que controlam seus negócios no exterior. Depois, Cunha voltou atrás e admitiu que a conta que Cláudia usa para pagar despesas de cartão de crédito deveria ter sido declarada, e afirmou que ela é alimentada apenas por poucos recursos retirados da conta Triumph SP, associada a um dos trusts.

"Os extratos enviados pelo banco Julius Bär, contudo, mostram o contrário: a Triumph SP sempre depositou antes e em quantidade superior aos gastos pagos por Cláudia através da Kopek. Ao todo, a Trumph transferiu US$ 1 milhão para a conta da mulher do deputado entre 2008 e janeiro de 2014", escreveu a Folha, acrescentando que, para especialistas em tributação, Cunha deveria ter feito declaração da origem do dinheiro usado pelos trusts no momento em que eles foram criados.

A Triumph SP, segundo investigadores, foi fechada poucas semanas após a Operação Lava Jato ser deflagrada, em 2014. Cunha também encerrou a Orion SP, uma conta que teria sido usada pelo lobista João Augusto Henriques para pagar 1,3 milhão de francos suíços ao deputado, em 2011. O réu delator disse que o dinheiro era referente a uma operação da Petrobras na África, sobre a qual Cunha ganharia em cima.

Mas o presidente da Câmara afirmou, em sua defesa, que desconhece a origem do depósito, mas supeita que seja o pagamento que recebeu do ex-deputado Fernando Diniz, morto em 2009, por ter emprestado a ele mais de 1 milhão de dólares. Não há provas dessa transação, mas Cunha pretende apresentar essa versão para evitar cassação de mandato Conselho de Ética da Câmara.

Cunha também disse que o dinheiro controlado pelos trust está ligado a negócios seus na área de venda de carne processada na África e em investimentos feitos no mercado de capitais.

O BC exige declarações de contas no exterior no imposto de Renda a partir de 100 mil dólares. Segundo a Folha, a omissão da declaração pode ser punida com multa de R$ 250 mil.

Veja os extratos das contas de Cunha aqui.


Jornal GGN

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