sábado, 14 de novembro de 2015

PARA KAKAY, LAVA JATO SE TRANSFORMOU EM ESPETÁCULO

Advogado criminalista diz não acreditar que a presidente Dilma sofrerá processo de impeachment em decorrência dos desdobramentos da operação e argumentou que não há fatos que justifiquem a destituição: “Hoje nós temos uma grande espetacularização do processo da Lava Jato. Não existe absolutamente nada que chegue perto da presidenta”; para ele, a Lava Jato é importante, mas tem tomado dimensão “contra uma série de direitos e garantias que foram conquistados ao longo do tempo pelo cidadão”


14 DE NOVEMBRO DE 2015 ÀS 09:12

Sarah Mohn

Do portal A Redação, de Goiânia – O advogado criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay, disse com exclusividade ao jornal A Redação que não acredita que a presidente Dilma Rousseff (PT) sofrerá processo de impeachment em decorrência dos desdobramentos da Operação Lava Jato. Kakay avaliou que a operação vem passando pelo que ele chama de “espetacularização” e argumentou que não há fatos que justifiquem a destituição da presidente da República.

“Hoje nós temos uma grande espetacularização do processo da Lava Jato. Não existe absolutamente nada que chegue perto, pelo menos até agora, da presidenta Dilma. Eu não vejo nesse momento, mesmo com toda investigação, nenhum elemento que justifique falar em impeachment”, disse ao AR.

Kakay criticou que estaria havendo politização do processo criminal no país e que, apesar de o impeachment não precisar estar atrelado ao procedimento criminal, é preciso que haja comprovado crime de responsabilidade. Disse ainda que a crise política instaurada não pode ser o motivador de impeachment.

“Na verdade, o impeachment não tem que ser feito porque o governo não está indo bem. Então seria muito melhor que discutíssemos, no Brasil, a implementação do parlamentarismo. No parlamentarismo, o primeiro-ministro cai quando perde o apoio político”, argumentou.

O advogado avaliou como “importante” o processo da Lava Jato, mas ponderou que a operação tem tomado dimensão “contra uma série de direitos e garantias que foram conquistados ao longo do tempo pelo cidadão dentro do poder judiciário”.

“Acho que a grande reflexão que se deve fazer da Lava Jato é a seguinte: que país que nós queremos? Todos nós queremos o enfrentamento da corrupção. Eu não admito que um juiz queira mais do que eu, mais do que o cidadão comum, mais do que a pessoa que trabalha fora do judiciário. Mas como fazer esse enfrentamento? A gente vai fazer esse enfrentamento garantindo os direitos individuais do cidadão ou vai fazer a qualquer custo, passando por cima desses direitos. Essa é questão”, pontuou Kakay.

Quanto às denúncias de corrupção envolvendo o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), Kakay disse as considerar insuficientes para justificar o afastamento do comando do Congresso Nacional.

“Eu não sou advogado dele, mas não se pode imaginar a hipótese de se afastar um presidente da Câmara porque o cidadão está sendo investigado. Isso seria uma inversão absoluta. No meu ponto de vista, não passa no Supremo. Seria uma inversão absoluta da presunção de inocência, do respeito entre os poderes. Ele tem que ser investigado? Tem, como todo cidadão tem que ser investigado se for o caso. Mas nunca o afastamento”, avaliou.

Kakay esteve em Goiânia na noite de quinta-feira (12/11) participando de bate-papo no comitê do candidato da chapa OAB Forte à presidência da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Goiás (OAB-GO), Flávio Buonaduce. Com cerca de 30 anos de carreira jurídica, o criminalista foi recentemente eleito pela revista GQ Brasil um dos 15 advogados mais poderosos do país. Na lista de clientes do jurista estão Aécio Neves, Marconi Perillo, José Sarney, Carolina Dickeman, José Dirceu, Ricardo Teixeira e Edison Lobão.


Brasil 24/7

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