quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Ao El País, Lula fala sobre crise e impeachment, e Folha distorce conteúdo

QUI, 10/12/2015 - 19:39
ATUALIZADO EM 10/12/2015 - 19:51


Jornal GGN - O ex-presidente Lula concedeu ao jornal espanhol El País uma entrevista falando sobre a crise econômica e os riscos aos avanços sociais, o pedido de impeachment de Dilma Rousseff (PT), os caminhos do PT e as operações Lava Jato e Zelotes - que decidiu investigar um de seus filhos. Segundo nota do Instituto Lula, o jornal Folha de S. Paulo repercutiu a entrevista nesta quinta (10) fazendo uma tradução equivocada da fala de Lula.

O jornal escreveu que Lula teria dito que o brasileiro pobre vai ter que comer arroz sem carne temporariamente, em função da crise. O conteúdo distorcido foi manchetado na página principal do portal UOL. Na versão traduzida pelo El País brasileiro, Lula disse: "Estamos passando por uma certa dificuldade, ou seja, nós passamos a comer carne quase todo dia, agora eu vou ficar um dia sem comer carne." O Instituto classificou o ato da Folha como "má-fé".

O jornal publicou uma errata jogando panos quentes sobre o erro na manchete, mas manteve a tradução que fez da fala de Lula ao El País. O jornal também passou batido em outros assuntos abordados por Lula.
Na entrevista, o ex-presidente disse que Eduardo Cunha (PMDB) deflagrou o processo de impeachment contra Dilma por vingança, e porque faz parte de sua "índole" criar obstáculos à gestão da presidente.

"Eu penso que faz parte da índole dele criar dificuldade para a presidenta Dilma governar o país. Não há um único indício de qualquer coisa que possa justificar a presidenta a sofrer um processo de impeachment. As alegações sobre as contas da presidenta não é o Tribunal de Contas que vota, é o Congresso Nacional. Então que as contas que sejam votadas no Congresso antes de se falar em impeachment. (...) Você não vota as contas e já coloca o impeachment? E coloca como um processo de vingança com relação ao comportamento do PT. Mais grave ainda", disse Lula.

Para ele, "a única coisa que vai acontecer é que o Congresso vai chegar à conclusão que seria mais fácil que o presidente da Câmara tivesse recusado a proposta de impeachment."

Questionado pelo El País sobre a investigação do Ministério Público Federal sobre tráfico de influência em favor da Odebrecht, Lula respondeu: "O Ministério Público pediu informações por uma denúncia de uma revista chamada Época, que nós desmentimos. O Ministério já recebeu todas as palestras que fizemos e todas as viagens. É engraçado porque todas as viagens eram divulgadas pela imprensa, estavam no site do Instituto, não tinha viagem secreta do Lula, todas as minhas viagens estavam no site do Instituto. Era passado o release para imprensa, em alguns países eram gravadas, ou seja, quem quiser saber nós estamos aqui pra mostrar pra eles tudo que nós fizemos sem nenhuma preocupação."

Abordado sobre a Operação Zelotes e o foco na empresa de seu filho, o empresário Luiz Cláudio Lula da Silva, cuja quebra de sigilo fiscal e bancário foi autorizado essa semana pela Justiça, Lula disse que "se ele cometeu algum deslize e os investigadores, o Ministério Público ou a polícia descobrir, pagará o preço de ter cometido o erro. Igual a mim, igual a qualquer um, não tem diferença não tem protecionismo. Nós viemos ao mundo para fazer a coisa certa."

Confira a entrevista completa aqui.


Jornal GGN

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