Postado em 01 dez 2015
por : Paulo Nogueira
Cunha com o banqueiro Andre Esteves, no início do ano
As coisas chegaram a um tal ponto que não basta cassar Eduardo Cunha.
Ele tem que ser preso.
Nada, chantagem, ameaça de impeachment, nada justifica manter Eduardo Cunha.
Ele é o símbolo máximo de um mundo político putrefato.
Ele representa a vitória da plutocracia sobre a democracia. O dinheiro – dinheiro sujo — o levou a uma posição de enorme poder para que Cunha defendesse, no Congresso, os interesses dos plutocratas.
Está escrito em sua testa ampla: “Eu defendo os ricos e os poderosos. Eu sou um instrumento da iniquidade e da desigualdade. Eu não estou nem aí para os desfavorecidos.”
E ele cumpriu sua agenda torpe na Câmara do seu jeito brutalmente indecente. Cunha encontrou uma maneira de aprovar a permanência do financiamento privado, a janela pela qual os plutocratas tomaram de assalto a democracia.
Lutou pela pilhagem dos direitos trabalhistas ao fazer aprovar um projeto favorável à terceirização.
Pesa agora contra ele a acusação de haver manobrado para fazer passar medidas que trariam ainda mais bilhões aos já muitos de André Esteves, do BTG Pactual.
Por este serviço, segundo as denúncias, ele teria recebido 45 milhões de reais.
Cunha nega, assim como nega as contas na Suíças, das quais não é dono, mas “usufrutuário”, para lembrar a palavra que ele imortalizou e colocou no dicionário das infâmias de 2015.
Um deputado que se mantivesse no cargo depois de tantas delinquências comprovadas seria uma aberração. Tratando-se do presidente do Congresso, é uma vergonha nacional e internacional.
Tão rigoroso com tanta gente, sobretudo petistas, onde está Moro no caso mais dramático de corrupção do país?
Escondido.
Um dos motivos, talvez o maior, é que Cunha tem poder de retaliação, algo que não agrada a Moro.
E a imprensa, a autoproclamada fiscalizadora dos políticos: por que Cunha jamais entrou no seu radar?
Esta é fácil: porque ele defendeu sempre os interesses dos donos das grandes empresas de mídia. Por isso virou um intocável, um inimputável. A agenda econômica de Cunha é a agenda econômica dos Marinhos, dos Frias, dos Civitas. Numa palavra, a perpetuação da desigualdade.
A sociedade deve aos suíços – não a Moro e os policiais da Lava Jato, não à imprensa livre fiscalizadora – o desmascaramento de Eduardo Cunha.
Não fossem os suíços, ele estaria fazendo o serviço de sempre na Câmara. Não fossem os suíços, sua mulher Claudia continuaria a postar no Facebook fotos que demonstravam a vida suntuosa do casal, e incompatível com o ordenado de um deputado.
Muitas vezes você tem que descer ao abismo para mudar alguma coisa que parece impossível de mudar.
O Brasil teve que enfrentar uma inflação de 80% ao mês para que a sociedade gritasse que não dava mais. O próprio Malan, homem forte da economia sob FHC, admitia isso. Veio a estabilidade com FHC, e teria vindo com qualquer outro, dada a exaustão absoluta dos brasileiros com a inflação desmesurada.
Agora, na política, Eduardo Cunha representa o que a hiperinflação foi para a economia.
Há que tirá-lo de cena para que um paciente trabalho de reconstrução política possa ser iniciado.
E já não é suficiente cassá-lo, repito. É imperioso prendê-lo.
Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.
Diário do Centro do Mundo
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