O resumo da ópera do acordo – o nome correto é capitulação – entre Dilma Rousseff , a oposição e o chantagista Renan Calheiros, que é quem detém o poder de brecar o impeachment empurrado por Eduardo Cunha: no meu governo, o pré-sal não será entregue; depois, seja o que Deus quiser.
Não se pode deixar de considerar que, se estivesse havendo um combate, poderia ser explicado que estamos dando um passo atrás para dar outros à frente.
Só que não há um combate, há uma deserção ao combate, com a esperança de que, em algum momento, a máquina irá se apiedar e parar seu processo de esmagamento de qualquer projeto, político e econômico, de afirmação soberana do Brasil.
Não vai, é claro.
Embora, por milagres, até os incréus como eu torçam.
O resultado prático é que o Governo (e o PT, malgrado a reação de muitos de seus integrantes) vai se desmilinguindo, se derretendo ainda mais.
E paralisando a reação do povo brasileiro à entrega de sua Petrobras que, admitem, estava mesmo cheia de irregularidades. Veja se algum governo fez isso com a Exxon ou a Shell, ou a BP, que distribuíram dinheiro e fizeram guerras?
Desde quando – isso nas raríssimas vezes que o fizeram – deixaram que a punição pessoal transbordasse para a empresa, que era o braço de seus interesses?
Ainda não é, infelizmente, o corolário de um processo que desprezou, desde há muito tempo e progressivamente, a ideia de que sem o povo como agente político, a história não caminha adiante.
Desde o início do Governo Dilma – não é justo dizer que tenha se inciado com ela, tem raízes muito anteriores – resolveu-se assumir como verdade o discurso do inimigo.
A faxina, desculpem, não foi ideia de Moro.
Mas isso é lá atrás.
Fiquemos nos últimos dois anos: “não vai sobrar pedra sobre pedra”.
Também não é frase do Moro.
Há dois anos este sujeito avança sobre a República. Hoje, tem a República a seus pés.
E o povo brasileiro, depois de passar meses, anos, tentando descobrir onde estão seus líderes, Lula e aquela a quem ele delegou sua continuidade. Não o culpem pelo fato de que se seduza por guizos falsos.
Aprendi, das profundezas gaúchas do Brizola, a expressão “boi sinuelo”, isto mesmo, aquele que tem um sino ao pescoço e sinaliza ao rebanho os perigos, os riscos e as trilhas. Ou, se domesticadíssimo, ao matadouro.
Sinais, não há coletivo animal ou humano que os dispense. Perguntem aos militares antigos o que é “tocar reunir”
O Governo, o PT, Dilma, Lula parecem ter inventado o toque de “dispersar”, que aliás não existe no conjunto de toques militares, porque às suas forças nunca se dispersa.
É que o povo brasileiro, como naquelas profundezas, sente o cheio de raposas e lobos e muitos, ainda, empacam e procuram o sinuelo.
E não encontram o que o compositor gaúcho Leopoldo Raissier, descreveu: E ao contemplar o agora dos seus campos/O lugar onde seu porte ainda fulgura/O velho taura dá de rédeas no seu eu/E esporeia o futuro com bravura…
Tijolaço
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