domingo, 24 de julho de 2016

O formidável acerto de Lula em denunciar Moro como um juiz desqualificado. Por Paulo Nogueira

Postado em 23 Jul 2016

Juiz sem isenção

Com formidável atraso, Lula fez uma coisa vital: denunciou Sérgio Moro.

Já era mais de hora de acabar com a hipocrisia, com o cinismo, com o jogo de cena.

Moro, este o ponto, não tem a menor condição de julgar Lula porque lhe falta o essencial: imparcialidade.

Tecnicamente, Moro é juiz. Mas, no mundo das coisas reais, ele é parte importante de um mecanismo destinado a acabar com Lula.

Isso tem que ficar claro.

Seria o mesmo se coubesse aos irmãos Marinhos, por exemplo, julgar Lula. Ou à família Civita. Ou a Otávio Frias. Ou a FHC, Aécio ou Serra.

Lula seria condenado a despeito de qualquer circunstância.

Lula demorou uma eternidade para reagir aos abusos de Moro e da Lava Jato. Mas deve ser aplaudido por, enfim, ter-se erguido.

Faz parte da farsa da Lava Jato fingir que um juiz é alguém insuspeito de comandar um julgamento desonesto.

Para os analfabetos políticos, é um tremendo argumento: foi a Justiça que condenou, e então a condenação é induscutível.

Mas no Brasil a Justiça é um circo sob o comando da plutocracia, e isto tem que ser dito por quem não se conforma com tamanha aberração.

Os advogados de Lula citaram fatos incontestáveis. Moro, se fosse imparcial, não poderia em hipótese nenhuma comparecer ao lançamento de um livro sobre a Lava Jato que o louva e chacina Lula. Pior ainda, o livro é de um jornalista da Globo, foco central do golpe.

Moro, também foi dito pelos advogados, não poderia jamais comparecer a eventos promovidos por um cacique do PSDB como João Dória e, pior ainda, se deixar fotografar como se estivesse numa festa de casamento.

É o despudor levado ao extremo.

Várias vezes me perguntei se Moro não tinha noção de como é absurdo este tipo de comportamento num pretenso juiz.

Como ninguém o criticou, ele foi adiante. Nem um só editorial da mídia fez reparos a Moro.

E então ele foi adiante.

O mesmo se aplica a Gilmar Mendes. Ele deixou há tempos de ser juiz para se converter em ativista político de direita porque jamais expuseram o horror que isso representa.

Isso tem que acabar — se quisermos avançar como sociedade.

Mesmo que tardiamente, Lula disse o que tinha de ser dito sobre Moro.

É muito bom, e isso deve ser aplaudido. De pé.

Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.


Diário do Centro do Mundo   -   DCM

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