segunda-feira, 18 de julho de 2016

O protesto coxa do dia 31 será em homenagem ao diretor da Fiesp que deve R$ 6,9 bi ao Fisco. Por Kiko Nogueira

Postado em 18 Jul 2016



A manifestação coxa marcada para o dia 31 de julho tem como bandeiras, segundo o movimento golpista Vem Pra Rua, o afastamento definitivo de Dilma, o apoio à Lava Jato e a “prisão de políticos corruptos”.

Faz tempo que ninguém mais acredita na honestidade desse pessoal, mas a coisa fica realmente escancarada nos detalhes: o ponto de encontro, em São Paulo, continua sendo a Fiesp.

A federação das indústrias, presidida por um homem sem indústria, Paulo Skaf, o popular Caveira, virou um símbolo golpista, a Torre Eiffel espiritual da vilegiatura do interino. Ajudou a financiar o golpe, deu abrigo e filé mignon a reaças sem teto, iluminou a sede com a palavra “impeachment”.

Os sujeitos da Fiesp são feitos do mesmo material que os manés que se juntam em torno do edifício. Só têm mais dinheiro e são mais espertos.

Matéria do Estadão dá conta de que o empresário Laodse de Abreu Duarte, um dos diretores, é o maior devedor da União entre as pessoas físicas. A dívida é maior do que a dos governos da Bahia, de Pernambuco e de outros 16 Estados: 6,9 bilhões de reais.

Duarte já foi condenado à prisão por crime contra a ordem tributária, mas recorreu e está em liberdade. Dois irmãos dele ainda devem mais de 6,6 bilhões. Um outro estaria citado nos Panamá Papers e o próprio Laodse também aparece ligado ao escândalo Banestado. Uma beleza.

Laodse Duarte, diretor da FIESP, deve $6.9 bilhões ao Fisco, mas ele pode

A entidade deu uma nota tentando tirar o corpo fora. Laodse não possui “qualquer vínculo ou responsabilidade sobre questões pessoais, profissionais ou empresariais de seus diretores e conselheiros”. Ele aparece no site como integrante do Conselho do Agronegócio e da diretoria.

Não será expulso porque não é, obviamente, o único diretor da Fiesp com algum tipo de pepino na Justiça. Se os “grupos contra a roubalheira” fossem sérios e não bancados por essa gente, já teriam se manifestado publicamente ou mudado o ponto de encontro para, sei lá, o Trianon.

Nunca o farão. Laodse, se der as caras, será aplaudido como um injustiçado na luta contra o estado inchado e incompetente, que obriga o cidadão a pagar impostos que bancam ditaduras bolivarianas. O dinheiro, no tempo do PT, ia todo para Cuba. Agora ninguém sabe e ninguém se importa.

Alexandre Frota, conselheiro do ministério da Educação, estará lá, bem como Lobão. Et caterva. A ausência mais sentida será a do pato gigante. Plágio de um artista holandês, o bicho foi obrigado a sair de cena.

Estará no entanto, muito bem representado por outros patos, mais perigosos e esquisitos. O pato é o único animal que consegue dormir com metade do cérebro e deixar a outra em alerta. Seus amigos mantêm as duas metades desligadas o tempo inteiro, especialmente quando estão acordados.

Sobre o Autor
Diretor-adjunto do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.


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