POR FERNANDO BRITO · 12/07/2016
Vou esperar que alguém com um francês melhor que o meu, ginasiano, para traduzir os detalhes da entrevista de Lula ao francêsLiberation.
Mas a chamada, “Os pobres são a solução”, que seria parte de suas declarações, traz-me à mente uma divertida e sábia história que ouvi algumas vezes de Darcy Ribeiro.
Dizia ele que o Japão, no século passado, reuniu suas elites para imaginar o que poderiam fazer para que um país mal-saído do feudalismo, pudesse desenvolver-se.
Reuniram-se os “principais’ em torno de uma mesa e um deles perguntou:
– Nós temos muita terra?
– Não, responderam todos, que sabiam ser o Japão uma pequena ilha e, para piorar, montanhosa, o que reduz muti a área agricultável.
O mesmo cidadão insistiu:
– Temos muito minério?
A resposta, claro, foi negativa, porque a produção mineral do país é uma titica. O petróleo produzido por lá representa 0,5% do que é consumido. Isso mesmo, meio por cento.
Então, um dos integrantes da reunião pergunta: mas afinal, o que é que temos com fartura?
E um de olhinhos puxados, quietinho lá no fundo da reunião, diz: o que nós temos em grande quantidade é japonês.
– É, japonês.
E o Japão saiu das ruínas de 2a. Guerra para ser, nos anos 70, a grande expressão emergente da economia mundial.
Só perdeu protagonismo por conta da China até porque, afinal, tem muito mais chinês que japonês.
A elite brasileira continua enxergando o povo como uma problema: quer comer demais, que comprar demais, que ter saúde, educação, serviços públicos, aposentadoria.
Se fizerem uma reunião igual à dos japoneses aqui, é bem capaz que, se perguntarem qual o grande problema do Brasil, há de ter um que, lá do fundo diga: tem pobre demais.
Tijolaço
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