Postado em 20 Jul 2016
por : Paulo Nogueira
Almas gêmeas
Mesmo alguns adeptos de Temer, como o jornalista da Globo Jorge Bastos Moreno, estão cansados do número de pessoas encrencadas na justiça que vão fazendo parte do governo.
O assunto só não é manchete diariamente porque a imprensa protege Temer, e joga para debaixo do tapete notícias desagradáveis para ele.
Mas qual é a surpresa com os ficha-suja de Temer?
Nenhuma.
Temer recruta sua equipe essencialmente em seu partido, o PMDB, símbolo do que existe de mais arcaico e mais corrupto da política brasileira.
É como aquele sujeito que pede a um amigo que vá reunir virgens num lupanar. É uma tarefa impossível, simplesmente.
Não existem virgens no PMDB. Pessoas com qualquer tipo de idealismo jamais entrariam na política pelas portas imundas do PMDB.
Num esforço, você pode admitir que haja uma ou outra virgem no PSDB. Não falo dos caciques, é claro. O habitat deles, como Aécio e FHC, é também o lupanar. Penso em jovens iludidos, talvez. Um ou outro.
Mas, se entre os tucanos as virgens são raras, ou raríssimas, no PMDB elas são zero. “Vou ficar rico” é o que ocorre a um jovem que opte pelo PMDB para entrar na política.
É o partido dos oligarcas, dos homens que se perpetuam no poder à base de práticas indecentes, dos dinossauros que só deixam a política num esquife.
É o partido de Eduardo Cunha, enfim.
Ninguém simboliza tanto o PMDB quanto Cunha. Os integrantes do baixo clero do partido sonham ser Cunha. É o triunfo do interesse particular, e oblíquo, sobre o interesse público e transparente.
Temer, ele mesmo, é um típico peemedebista. Quem compraria um carro usado dele?
Como presidente do PMDB, se tivesse qualquer intolerância em relação a corrupção, Temer já teria se livrado de Eduardo Cunha há muito tempo.
Mas, nas palavras de um delator, Temer é Cunha.
Veja as equipes que Cunha montou na presidência da Câmara para defender seus interesses. Seus aliados na Comissão de Constituição e Justiça, por exemplo. Salva algum? Você tem o impulso de segurar a carteira no bolso ao vê-los.
É de um tipo de material parecido que se abastece Temer.
Um governo do PMDB será sempre um governo corrupto. E velho. E anacrônico.
É uma ironia dura que depois de tantas marchas de tolos de verde-amarelo, tantas etapas da Lava Jato e tantas manchetes da mídia em torno da corrupção tenhamos no governo o que há de mais sujo na política.
Ou não é ironia. Pode ser apenas uma prova de que a plutocracia, em sua campanha contra Dilma, não estava remotamente interessada em acabar com a corrupção.
Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.
Diário do Centro do Mundo - DCM
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