sexta-feira, 31 de março de 2017

O que ninguém notou no Ibope: Dilma bate Temer de goleada. Por Paulo Nogueira

Postado em 31 Mar 2017




Está passando despercebido um fato que emerge da pesquisa CNI-Ibope divulgada hoje.

No confronto entre Dilma e Temer, este perde amplamente.


Segundo a pesquisa, 41% dos ouvidos consideram Temer pior que Dilma. Apenas 18% acham o inverso. (Para os demais, são equivalentes.) Isso está escondido neste artigo do Estadão.

Dilma foi chacinada em seu segundo e breve governo. A mídia e o PSDB se uniram para sabotá-la de todas as maneiras. Ao lado dela, Temer a traía. E Cunha conduzia o processo de impeachment com suas conhecidas táticas criminosas.

Todo este enredo sórdido para dar numa calamidade política e econômica — e num presidente cuja popularidade se aproxima do zero.

São duas pesquisas que mostram as mesmas coisas esta semana: esta da CNI-Ibope e, ontem, a da Ipsus.

E Dilma melhor que Temer no julgamento da sociedade.

Que mais será preciso para abreviar a caótica jornada de Temer e convocar diretas?



Diário do Centro do Mundo   -   DCM

A sentença de Moro contra Cunha prova que a quadrilha no poder o usou apenas para eliminar Dilma

Postado em 30 Mar 2017

Ele

De um amigo do DCM:

Li hoje pela manhã a íntegra da decisão de Sérgio Moro que condenou Eduardo Cunha a 15 anos e quatro meses de prisão pela prática de três crimes: corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.

Os crimes estão relacionados à propina que Cunha recebeu pelo negócio fraudulento entabulado pela Petrobras para “exploração” de petróleo em Benin, na África.

Tecnicamente, a decisão está muito boa. Mas há dois pontos que merecem um breve comentário. O primeiro é que a sentença de Moro é a prova irrefutável de que a quadrilha que hoje ocupa o poder usou Cunha apenas para dar um pontapé na presidenta Dilma Rousseff.

Um observador minimamente atento deve se perguntar: se Cunha tinha uma ficha corrida dessas (olhe a página 105 da sentença), que já era conhecida à época dos fatos, como é que presidia a Câmara dos Deputados e como é que liderou, foi peça-chave, no encaminhamento da abertura de um processo fraudulento de impeachment contra uma mandatária eleita pelo povo?

O segundo, relacionado diretamente ao primeiro, é que, na decisão, Moro faz um elogio (está na página 108 da sentença) à coragem do ministro Teori Zavascki de afastar cautelarmente Eduardo Cunha da presidência da Câmara.

O afastamento de Cunha pelo Supremo ocorreu somente no dia 5 de maio de 2016, quando o pedido de impedimento já estava sendo analisado pela comissão especial do Senado. Ou seja, a decisão do Supremo só ocorreu quando Cunha já era carta fora do baralho e não mais servia aos interesses escusos dos que tramavam a usurpação do poder.

Acho que Teori Zavascki era, de fato, um homem probo, que merece elogios. Mas, para o bem da história e pelo compromisso com os fatos, é necessário chamar a atenção para esse ponto que, é claro, foi ignorado na sentença do Moro.

Um último e importante detalhe: o afastamento de Cunha ocorreu no julgamento de uma ação cautelar. Esse tipo de ação, por sua natureza, requer o conhecimento e decisão rápidos.

O MPF havia pedido o afastamento de Cunha em dezembro de 2015 (a autuação da demanda no Supremo é datada de 16/12/2015), alegando que sua permanência na presidência da Câmara representava risco para as investigações e para a institucionalidade do país, uma vez que o então deputado era o terceiro na linha de sucessão presidencial.

Mas o STF levou cinco meses para decidir. Tirem suas próprias conclusões.


Diário do Centro do Mundo   -   DCM

Acredite: o dono da Riachuelo, profeta da salvação através do impeachment, é pré-candidato à presidência

Postado em 30 Mar 2017


Flávio Rocha e Donatella Versace


Publicado na Rede Brasil Atual.

POR HELENA STHEPHANOWICZ

O partido Novo – que muitos chamam de “partido dos banqueiros” –, teve seu registro de fundação aprovado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2015 e surgiu na cena política com o oportunista, além de velho e surrado, discurso de ser um “partido político sem políticos”, composto por pessoas “sem experiência na política”, que entre si compartilham o “descontentamento generalizado com a política partidária nacional”. Conversa para atrair apoiadores.

O “dono” do partido é o banqueiro João Dionísio Amoêdo, que além de presidente da legenda é também presidente do Citibank, tendo ocupado a presidência do Itaú BBA e do Unibanco.

Ao lado do banqueiro, assinam a fundação do Partido Novo Marcelo Lessa Brandão, executivo do grupo que controla as redes de fast food Bob’s, Pizza Hut, McDonald’s e KFC ; João Antonio Lian, presidente do Conselho de Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) – e Fábio Luis Ribeiro, figura de destaque do setor financeiro, onde atua como gestor de fundo de investimentos.

Entre os amigos idealizadores do partido estão o ex-ministro da Fazenda Edmar Bacha e o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, ambos homens fortes do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Com nomes como esses em sua cúpula, o partido Novo promete “renovar a política”, e já anunciou que vai lançar em breve, como pré-candidato à Presidência da República em 2018, o dono da rede de lojas Riachuelo, Flávio Rocha. Em entrevista, João Amoêdo deu o tom das qualificações que o partido vê em seu candidato para lança-lo na corrida presidencial: “Flávio Rocha é uma pessoa alinhada com os princípios do Novo e um bom gestor”.

Logo de cara, já “deu ruim”. Renovar a política com Flavio Rocha como candidato é uma contradição para o discurso de “sem experiência na política”, já que o partido afirma oferecer ao eleitorado brasileiro a novidade, e o nome escolhido traz o legado da, como eles mesmo dizem, velha política.

O empresário Flávio Rocha, foi deputado federal em 1986 pelo PFL (atual DEM). Tão logo foi eleito, transferiu-se para o PL. Foi reeleito em 1990, mas então já estava no PRN, para onde foi após ser convidado por Fernando Collor. De volta ao PL, foi candidato à Presidência da República em 1994 – quando sua principal bandeira foi a criação do chamado Imposto Único, que substituiria todos os demais.

Mas deixou a competição antes das eleições, por força das denúncias de envolvimento no “escândalo dos bônus eleitorais” – um mercado paralelo e ilegal de venda destes papeis, lançados à época como forma de financiamento de campanhas. Candidatos conseguiam compradores por um certo valor, mas os vendiam com deságio, pela metade do que valeria, a fim de legalizar recursos recebidos por empresas e não contabilizados oficialmente.

Largou a política e foi cuidar da empresa da família.

Recentemente, Flávio Rocha apareceu em uma reportagem da revista Carta Capital, desta vez como empresário, queixoso da política econômica e “um dos porta-vozes do empresariado nacional a defender o impeachment” de Dilma Rousseff.

Pela crítica feroz que fez da “política dos campeões nacionais do BNDES”, o banco estatal de fomento da economia brasileira, chama a atenção que, entre 2006 e 2009, o empresário tenha recebido financiamentos da ordem de R$ 1,44 bilhão, além de ter se beneficiado de isenção de 75% do Imposto de Renda na construção de fábricas no Ceará e no Rio Grande do Norte.

O partido Novo poderia explicar que novidade há no perfil político e empresarial de seu pré-candidato a presidente. Afinal de novo mesmo, não existe nada, é a velha repetição de vícios e desvios do país, que apenas se repetem com cara de renovação.



Diário do Centro do Mundo   -   DCM

LULA DIZ QUE MÍDIA NÃO CONSEGUIU DESTRUÍ-LO

GOLPE PRODUZ MAIS UM RECORDE NEGATIVO: 13,5 MILHÕES DE DESEMPREGADOS


Destruição da economia brasileira, decorrente da aliança entre PSDB e PMDB, prossegue; dados divulgados nesta sexta-feira 31 pelo IBGE revelam que o Brasil tem hoje 13,5 milhões de desempregados; a taxa de desocupação foi de 13,2% no trimestre encerrado em fevereiro de 2017, com altas de 1,3% frente ao trimestre anterior; mais cedo, Banco Central divulgou que a recessão acumulada em doze meses é de 3,99%; responsáveis pela tragédia são nomes como Eduardo Cunha, ontem condenado a 15 anos e quatro meses de prisão, Aécio Neves, que ateou fogo ao País após perder as eleições, Michel Temer, que aprofundou a recessão, e Fernando Henrique Cardoso, que avalizou o golpe, que já está prestes a completar um ano

31 DE MARÇO DE 2017 


247 - Destruição da economia brasileira, decorrente da aliança entre PSDB e PMDB, prossegue; dados divulgados hoje pelo IBGE revelam que o Brasil tem hoje 13,5 milhões de desempregados. 

Segundo os dados da Pnad Contínua, a população desocupada chegou a 13,5 milhões e bateu o recorde da série iniciada em 2012. Este contingente cresceu 11,7% (mais 1,4 milhão de pessoas) frente ao trimestre encerrado em novembro de 2016. 

Mais cedo, Banco Central divulgou que a recessão acumulada em doze meses é de 3,99%; responsáveis pela tragédia são nomes como Eduardo Cunha, ontem condenado a 15 anos e quatro meses de prisão, Aécio Neves, que ateou fogo ao País após perder as eleições, Michel Temer, que aprofundou a recessão, e Fernando Henrique Cardoso, que avalizou o golpe, que já está prestes a completar um ano.

Leia material do IBGE sobre o assunto: 

PNAD Contínua: taxa de desocupação chega a 13,2% no trimestre encerrado em fevereiro de 2017

A taxa de desocupação foi estimada em 13,2% no trimestre móvel encerrado em fevereiro de 2017, com altas de 1,3 ponto percentual frente ao trimestre móvel anterior (setembro a novembro de 2016 -11,9%) e de 2,9 pontos percentuais em relação ao mesmo trimestre móvel de 2016, quando a taxa foi estimada em 10,2%. Essa foi a maior taxa de desocupação da série histórica, iniciada em 2012.

A população desocupada chegou a 13,5 milhões e bateu o recorde da série iniciada em 2012. Este contingente cresceu 11,7% (mais 1,4 milhão de pessoas) frente ao trimestre encerrado em novembro de 2016 e 30,6% (mais 3,2 milhões de pessoas em busca de trabalho) em relação a igual trimestre de 2016.

A população ocupada (89,3 milhões) recuou tanto em relação ao trimestre encerrado em novembro de 2016 (-1,0%, ou menos 864 mil pessoas), quanto em relação ao mesmo trimestre de 2016 (-2,0%, ou menos 1,8 milhão de pessoas).

O rendimento médio real habitual (R$ 2.068) no trimestre encerrado em fevereiro de 2017 manteve estabilidade frente ao trimestre anterior (R$ 2.049) e, também, em relação ao mesmo trimestre de 2016 (R$ 2.037). A massa de rendimento real habitual (R$ 180,2 bilhões) no trimestre encerrado em fevereiro de 2017 também ficou estável nas duas comparações.

O nível da ocupação (indicador que mede o percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar) foi estimado em 53,4% no trimestre de dezembro de 2016 a fevereiro de 2017, apresentando queda de 0,7 frente ao trimestre de setembro a novembro de 2016, (54,1%). Em relação a igual trimestre do ano anterior este indicador apresentou retração de 1,8 ponto percentual, quando passou de 55,1% para 53,4%. Este é o menor nível da série histórica iniciada em 2012.

A força de trabalho (pessoas ocupadas e desocupadas) no trimestre de dezembro de 2016 a fevereiro de 2017 foi estimada em 102,9 milhões de pessoas. Esta população cresceu 0,5% comparada ao trimestre encerrado em novembro de 2016. Frente ao mesmo trimestre do ano anterior houve alta de 1,4% (acréscimo de 1,4 milhão de pessoas). É importante notar que a força de trabalho cresceu devido ao aumento da população desocupada.

O contingente fora da força de trabalho no trimestre de encerrado em fevereiro de 2017 (64,6 milhões de pessoas) ficou estável comparado ao trimestre encerrado em novembro de 2016 e cresceu 1,1% (mais de 730 mil pessoas) em relação ao mesmo trimestre de 2016.

O número de empregados no setor privado com carteira de trabalho assinada (33,7 milhões de pessoas) recuou tanto frente ao trimestre de setembro a novembro de 2016 (-1,0% ou 337 mil pessoas) quanto ao mesmo trimestre de 2016 (-3,3%, ou 1,1 milhão de pessoas).

No trimestre encerrado em fevereiro de 2017, a categorias dos empregados no setor privado sem carteira de trabalho assinada (10,3 milhões de pessoas) ficou estável em relação ao trimestre anterior e cresceu 5,5% (ou mais 531 mil pessoas) em relação ao mesmo trimestre de 2016.

O número de trabalhadores por conta própria (22,2 milhões de pessoas) ficou estável na comparação com o trimestre anterior e recuou (-4,8%, ou 1,1 mil pessoas a menos) em relação ao mesmo trimestre de 2016.

O contingente de empregadores (4,1 milhões de pessoas) ficou estável frente ao trimestre anterior e cresceu 9,5% (mais 359 mil pessoas) em relação ao mesmo período de 2016.

A categoria dos trabalhadores domésticos, estimada em 6,0 milhões de pessoas, se manteve estável em ambos os trimestres comparativos.

Agricultura e Construção têm o menor número de trabalhadores desde 2012

No trimestre encerrado em fevereiro de 2017, os grupamentos de atividade Agricultura (8,8 milhões) e Construção (6,9 milhões) registraram os menores contingentes de ocupados desde o início da série da pesquisa em 2012. No sentido inverso, Alojamento e Alimentação atingiu o maior contingente de ocupados (5,0 milhões) desde o início da série da pesquisa em 2012.

Na comparação com o trimestre anterior, houve quedas na Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (-4,4%, ou -702 mil pessoas) e na Indústria geral (-2,0% ou -225 mil pessoas). Houve altas em Alojamento e alimentação (+3,5%, ou +169 mil pessoas) e Informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (+2,2% ou +215 mil pessoas). Os demais grupamentos se mantiveram estáveis.

Em relação ao mesmo trimestre de 2016, houve crescimento apenas no grupamento de Alojamento e Alimentação, +9,0% (+409 mil pessoas). Reduções foram registradas em Construção, -9,7% (-749 mil pessoas), Agricultura, Pecuária, Produção Florestal, Pesca e Agricultura, -7,4% (-702 mil pessoas), Indústria Geral, -4,3% (-511 mil pessoas) e Serviços domésticos, -3,1% (-193 mil pessoas). Os demais grupamentos não sofreram alteração.

Rendimento dos trabalhadores mostra estabilidade

O rendimento médio real habitualmente recebido pelas pessoas ocupadas foi estimado em R$ 2.068 no trimestre de dezembro de 2016 a fevereiro de 2017, mantendo estabilidade frente ao trimestre anterior (R$ 2.049) e, também, em relação ao mesmo trimestre de 2016 (R$ 2.037).

O rendimento médio real habitual cresceu apenas para os Empregados no setor público: 3,2% em relação ao trimestre anterior (setembro a novembro de 2016) e 5,1% em relação ao mesmo trimestre de um ano antes (dezembro de 2015 a fevereiro de 2016). Nas demais posições de ocupação houve estabilidade em ambos os períodos analisados.

Na comparação com o trimestre anterior, houve estabilidade no rendimento de todos os grupamentos de atividade, com exceção da Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais, que registrou variação positiva de 3,4%. Frente ao mesmo trimestre de 2016, somente dois grupamentos apresentaram alta no rendimento: Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (+6,9%) e Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (+3,6%). Os demais grupamentos ficaram estáveis.



Brasil 247

LEVANTE OCUPA GLOBO COM O MOTE: GOLPE, A GENTE VÊ POR AQUI



Avalista do golpe parlamentar de 2016, que arruinou a economia nacional e manchou a imagem do Brasil no mundo, a Globo teve sua sede ocupada nesta manhã, no Rio de Janeiro; manifestantes montaram dezenas de barracas e ergueram a faixa "Golpe, a gente vê por aqui"; "Se a Juventude se unir, a Globo vai cair", gritam os manifestantes; protesto é parte das manifestações do dia nacional de mobilização e greve contra a reforma da Previdência; Globo apoiou o golpe militar de 1964 e só pediu desculpas 50 anos depois, para, logo em seguida, apoiar o golpe parlamentar de 2016, que instalou Michel Temer no poder, um projeto reprovado por 90% dos brasileiros

31 DE MARÇO DE 2017 


Rio 247 - Avalista do golpe parlamentar de 2016, que arruinou a economia nacional e manchou a imagem do Brasil no mundo, a Globo teve sua sede ocupada nesta manhã, no Jardim Botânico, Rio de Janeiro.

Manifestantes montaram dezenas de barracas e ergueram a faixa "Golpe, a gente vê por aqui". "Se a juventude se unir, a Globo vai cair", gritavam os manifestantes. 

Globo apoiou o golpe militar de 1964 e só pediu desculpas 50 anos depois, para, logo em seguida, apoiar o golpe parlamentar de 2016, que instalou Michel Temer no poder, um projeto reprovado por 90% dos brasileiros.


Brasil 247

quinta-feira, 30 de março de 2017

Resumo da gestão Dória em 100 dias: bravatas e ações suspeitas entre amigos. Por Joaquim de Carvalho

Postado em 29 Mar 2017


Ele


Domingo passado, um dia depois do prefeito João Doria inaugurar alguns banheiros no Ibirapuera – estranho, só agora me dou conta de que a inauguração de banheiros virou notícia em São Paulo –, um deles, masculino, foi pichado com tinta azul, o que levou a uma intensa movimentação dos seguranças do parque.

Uma mulher com uniforme de segurança, talvez não se dando conta de que era um banheiro masculino, entrava e saía correndo, para chamar os colegas, que vieram em seu apoio, de bicicleta. Estava muito nervosa e conclamava os colegas a procurar os suspeitos entre os muitos jovens que brincavam de patins e skate nas imediações.

“Absurdo, o prefeito inaugurou ontem e já picharam. O povo não merece coisa boa”, dizia ela.

A pichação do banheiro, um dano ao patrimônio público difícil de evitar, já que não se pode nem se deve colocar câmeras na parte interna dos banheiros, foi um dos revezes do prefeito João Doria na semana marcada por dois bate-bocas dele, um com o presidenciável Ciro Gomes e outro com a gigante do comércio eletrônico de livros Amazon.

Ciro Gomes definiu Doria como “farsante” e tirou do armário do prefeito dois esqueletos do tempo em que ele presidiu a Embratur, no governo de José Sarney.

Em 1991, Doria foi intimado a devolver aos cofres públicos dinheiro que, segundo o Tribunal de Contas da União (TCU), havia sido desviado da Embratur, quando ele a presidiu, entre 1987 e 1988.

O outro esqueleto exumado por Ciro é o da propaganda que a Embratur fez sob sua gestão interpretado como um convite ao turismo sexual no Brasil.

Ciro não mencionou, mas, na mesma fonte – arquivo do Jornal do Brasil – existe referência a dinheiro que Doria conseguiu por empréstimo da Embratur junto à Comunidade Econômica Europeia e não entrou na contabilidade da empresa. 

Segundo investigação do TCU à época, o dinheiro do financiamento era administrado diretamente por pessoas ligadas a ele, não à Embratur, inclusive parentes.

“Ciro deveria, primeiro, cuidar da sua saúde mental”, respondeu Doria, fazendo eco a um coronel de extrema direita do Ceará, que recentemente publicou um post no Facebook recomendando à família do ex-governador que internasse o presidenciável para tratar de um hipotético vício de drogas.

Já a Amazon fez uma crítica sutil, inteligente. Mostrou o cinza da Avenida 23 de maio, resultado da pintura que a prefeitura fez sobre antigos grafites, e graças à computação gráfica colocou frases literárias sobre a parede cinza.

Ou seja, devolveu a arte ao paredão cinza. Colocou literatura onde a administração de Doria escondeu arte.

Visivelmente incomodado, Doria gravou um vídeo e devolveu no estilo do coronel de extrema direita do Ceará. Chamou a maior empresa de comércio de livros do mundo de “oportunista”, se colocou como porta-voz da população e pediu doação à empresa.

Às vésperas de se completarem 100 dias da gestão de Doria, não é preciso muito empenho para apurar que a gestão dele é um sucesso de mídia e um fracasso de realizações.

Os buracos no asfalto se multiplicaram pela cidade. Um deles, o da movimentada rua Topazio, bairro da Aclimação, herança da gestão de Haddad, não foi tapado até agora e ganhou um buraco ao lado.

Os motoristas têm que demonstrar habilidade para desviar de um e não cair em outro. Os moradores colocaram cones para ajudar os motoristas. No Morumbi, a rua Doutor Jesuíno de Abreu, Zona Residencial, está tomada por lixo e por carcaças de carro abandonadas.

Buracos como este, lixo acumulado e mato crescido em praças fazem parte da relação de reparos solicitados no início da gestão de Doria pela reportagem da Folha de S. Paulo e não atendidos.

Segundo o jornal, de cada quatro solicitações, apenas uma é atendida nestes primeiros meses da gestão de Doria.

A obra mais relevante que entregou foi um conjunto habitacional no Grajaú, construída com verba do governo federal – a maior parte quando Dilma Rousseff era presidente.

Quando um morador fez esse registro, Doria se enfureceu e mandou o manifestante embora da solenidade e procurar a turma dele, em Curitiba.

Estava descontrolado e disse que o morador estava estragando a festa.

Quem tem mais de 40 anos e viu não pode deixar de associá-lo a Fernando Collor de Mello, o presidente que antes de ser deposto passou boa parte de seus 2 anos e meio de mandato brigando com quem discordava dele.


Doria, até agora, fez um governo que entrega pouco e aparece bastante, o prefeito e os amigos do prefeito.

Havia uma emissora de rádio, a Jovem Pan, e duas emissoras de TV quando o prefeito entregou a reforma dos banheiros do parque.

Ele contou que a recuperação dos espaços nasceu de uma visita que fez com amigos empresários, depois de eleito prefeito.

“Há exatamente 60 dias eu estive aqui e convidei alguns amigos, que são empresários, e verificamos que os banheiros estavam em péssima qualidade. Imediatamente iniciamos as reformas com investimento privado. Sessenta dias depois estamos inaugurando metade de todos os banheiros do parque, todos com acessibilidade. Os outros oito banheiros, que completam os 16 banheiros do parque estarão entregues em 60 dias”, disse o prefeito.

O que o prefeito confessa é uma ilegalidade, já que, mesmo reformas frutos de doação, necessitam de consulta pública, para dar aos empresários oportunidades iguais de ter seu nome vinculado a uma ação do governo. Administração é, por princípio, impessoal.

Por exemplo, a reforma dos banheiros do Ibirapuera custou R$ 340 mil à empresa Cyrela, do ramo da construção e incorporação de imóveis de alto padrão.

O nome da empresa apareceu numa placa durante a reforma e continua nas páginas dos jornais e até no site da prefeitura. É o que se chama de mídia espontânea.

A Unilever vai fornecer material de limpeza para os banheiros durante um ano, ao custo de R$ 450 mil. A empresa já fabrica desinfetantes, sabão em pó e outros produtos de higiene e limpeza. O que representam R$ 450 mil para ter seu nome associado a uma ação que, no fundo, tem tudo a ver com seu negócio?

Doria disse que a reforma foi bancada pelos empresários que são seus amigos, mas o site da prefeitura informa que, no caso da obra civil, houve uma consulta pública e que foi vencida – imagina por quem? – pelo amigo do prefeito, o dono da Cyrela.

Não é só Doria um homem de sorte. Os amigos dele também nasceram com a testa voltada para a Lua.



Diário do Centro do Mundo   -   DCM

Sempre próximo do poder, Elio Gaspari jantou com Michel antes de lançar o “Fica, Temer”. Por Kiko Nogueira

Postado em 29 Mar 2017

Elio Gaspari

Elio Gaspari quer que você acredite que Michel Temer “é o que há de melhor para levar o país até as eleições de 2018”. É o que alega em sua coluna de 29 de março. Aqui o texto na íntegra.

Elio faz uma ginástica retórica para defender a solução Michel. A ideia é a de que, se não for o marido de Marcela, teremos “a eleição indireta de um napoleãozinho civil”.

Destaco alguns trechos:

. “Ele foi eleito na chapa de Dilma Rousseff, conhecendo a mecânica de suas obras e suas pompas”.

Imagine se não conhecesse.

. “Temer ofereceu-se para o lugar de Dilma Rousseff como um governo de salvação e união nacional”.

Não salvou e muito menos uniu. Ficamos combinados que, segundo Elio, MT não conspirou e cavou o pênalti, apesar de cartas com citações em latim, encontros com empresários e até um convite para Chalita ser ministro da Educação em setembro de 2015.

. “Quem ia para rua gritando ‘Fora, Temer’ deve reconhecer que as coisas pararam de piorar”.

Passo.

. “Nas duas últimas vezes em que se mexeu com a legitimidade de um vice-presidente, o Brasil acabou metido em memoráveis encrencas.”

Ora, a encrenca já é memorável. A ilegitimidade está personificada em Michel e no golpe que protagonizou — com gosto e com vontade, não docemente constrangido ou no papel de estadista que se imola para nos salvar.

Nem Elio acredita em Elio. Seus arquivos contêm um vasto manancial de argumentos contrários à sua proposta.

No dia 1º, ele lembrou que Temer “fritava a presidente Dilma Rousseff e o comissariado petista”. O “governo de notáveis” anunciado por ele “era lorota e foi logo desmentida”.

Antes disso, cravou que “Temer foi instrumento essencial e ostensivo do processo que depôs Dilma Rousseff.” Fico por aqui, mas de onde veio isso tem mais.

O que o fez embarcar no barco de Michel?

Eventualmente, Michel lui même. No último dia 17, os dois jantaram no La Tambouille, em São Paulo. Quem pagou, veja só, foi o Faustão.

Fausto Silva, conta sua assessoria, “estava no restaurante quando entrou o jornalista Elio Gaspari, que foi cumprimentá-lo. Como o Elio já havia pagado um jantar para Fausto, na ocasião de uma entrevista, o apresentador, em retribuição, avisou ao gerente que aquela mesa era por conta dele”.

Depois disso, afirmam os assessores, “o presidente entrou e sentou na mesa do jornalista”.

Elio Gaspari sempre esteve próximo do poder. Em seus “Diários da Presidência”, FHC gasta páginas e páginas sobre José Serra. Num trecho, diz o seguinte: “Basta ler os artigos de Elio Gaspari, que são obviamente escritos por inspiração do Serra.”

Diante da língua melíflua de Michel, conhecedor da mecânica das obras e das pompas — resistir, quem há de?



Diário do Centro do Mundo   -   DCM

Moro deixa de cumprir o que assinou no caso do vazamento da condução de Lula. Por Lenio Streck

Postado em 30 Mar 2017

Ele

Publicado no Conjur.

POR LENIO STRECK, jurista e professor

Eu tinha uma coluna pronta. Todavia, quando li a matéria a seguir, resolvi fazer outra. Deu-me muito trabalho. Semana cheia. Terça publiquei o artigo Foro Privilegiado: “Supremo em Números” (FGV) não é Números Supremos. Quem não leu ainda, faça-o já.

Sigo. Não bastassem tantas polêmicas o envolvendo, — como a recente ilegal e arbitrária condução coercitiva e a violação do sigilo da profissão do blogueiro Eduardo Guimarães — Sergio Moro não pode ficar 24 horas sem os holofotes. Falem mal, mas falem. Agora ele mesmo está deixando de cumprir algo que assinou. Incrível. E o que assusta é o modo como ele decide e o silêncio eloquente dos democratas. Poucos reclamam.

O que quero falar e denunciar é a ilegalidade flagrante da possibilidade do uso da imagem do ex-presidente Lula no filme sobre a Policia Federal (que por certo, dará o Oscar para Pindorama — já imagino a Glória Pires comentando o filme sem tê-lo visto). Já denunciei aqui que os atores do filme “oscarizando” fizeram um tour pelas celas, porque queriam ver os “dentes dos presos”.

Lembremos que no despacho em que autorizou a condução coercitiva de Lula, Moro afirmou que “NÃO deve ser utilizada algema e NÃO deve, em hipótese alguma, ser filmado ou, tanto quanto possível, permitida a filmagem do deslocamento do ex-presidente para a colheita do depoimento”. Atenção: os dois “NÃOS” maiúsculos são da ordem original de Moro.

Pronto: não deve ser filmado em hipótese alguma. Não deve ser permitida, tanto quanto possível a filmagem (por terceiros e pela própria Polícia Federal) do seu deslocamento. O que se entende disso? Que qualquer filmagem do ex-presidente sendo conduzido estava proibida. Qualquer filmagem. E a filmagem de seu deslocamento (foi de carro até o aeroporto) também não devia ser permitida. Portanto, qualquer filmagem é ilegal. Írrita. Nenhuma. Ou seja; se em hipótese alguma deveria haver filmagem, mesmo que alguma fosse feita, por óbvio não poderia ser utilizada pela Polícia Federal. E nem cedida a qualquer diretor de filmes. Simples assim.

Pois bem. Diante de revelações feitas para diferentes veículos de comunicação, nas quais atores do já famoso filme e até mesmo o diretor afirmam — sem nenhum segredo — que tiveram acesso aos vídeos gravados pela Polícia Federal, a defesa de Lula apresentou nova petição no dia 27 de março de 2017. Os advogados de Lula juntam entrevista do produtor do filme, Tomislav Blazic, na qual afirma ao jornal Folha de S.Paulo que havia feito “acordo sem precedentes” com a Polícia Federal. Vejam: “acordo sem precedentes”. Sem querer, acertou: não há precedentes de tamanha bizarrice.

O que mais precisa demonstrar? O filme pronto e o estrago feito? Na Idade Média era permitida a tortura por ordem judicial. Mas o réu podia interpor recurso para a instância superior. Com um detalhe: não tinha efeito suspensivo. Bingo. Algo como o que está ocorrendo com os estragos feitos por determinadas decisões judiciais pindoramenses. Feito o estrago, depois vem ou um pedido de desculpas ou uma “explicação” tipo “dou-me conta de que, de fato, blogs podem ser equiparados a jornais”. Mas aí Inês já é morta.

A primeira petição dos advogados foi respondida com uma sutil ironia pelo juiz Sergio Moro, que afirmou que não podia impor censura a veículos de comunicação ou mesmo à produção de algum filme. Bingo de novo. Genial. Ele proíbe a filmagem e depois, uma vez usada à socapa e à sorrelfa essa filmagem, lava as mãos, posando de liberal porque não pode impor censura. Desta vez o Brasil ganha ou o Oscar com a película ou o Nobel pela decisão “anticensura”.

A parte melhor da decisão de Moro é quando afirma que a petição dos advogados de Lula se baseava apenas em reportagem jornalística, não sendo apresentada qualquer gravação durante a condução coercitiva. Para Moro, se qualquer veículo de comunicação ou produção do filme tivesse tido acesso às imagens, provavelmente estas já teriam sido disponibilizadas.

“Provavelmente” é bom, não? Mas o Direito lida com “provavelmente”? E se tivessem sido disponibilizadas as gravações? Isso resolveria o quê? Por óbvio que o tal filme não pode utilizar as imagens de Lula sendo conduzido coercitivamente. Mesmo que Moro não tivesse dito que NÃO (e disse), ainda assim não poderiam usar.

Há de ter um Tribunal neste país que barre esse tipo de autoritarismo e ilegalidade. O filme está quase pronto. Se for lançado e isso não tiver sido resolvido, estaremos em face do “fator tortura do medievo”: uma vez torturado, adianta ganhar o recurso se o ferro quente já lanhou o lombo do vivente?

Será que ainda há juízes em Berlim? Porto-me, aqui, como o Moleiro de Sans Souci (ver vídeo Direito & Literatura aqui — não é longo; podem olhar). O Imperador Frederico pode tudo ou pensa que pode tudo. Mas, como disse o pobre Moleiro, não tiro o meu moinho daqui nem a pau, Juvenal (essa parte do “nem a pau Juvenal” parece que não consta na frase original do Moleiro — não sou cineasta, mas faço minha licença poética). O Moleiro tinha certeza que, mesmo contra o poder despótico do Imperador da Prússia, haveria de ter um juiz que lhe daria razão. Bingo para o moleiro. Esse moleiro deveria vir ministrar aulas nas faculdades de Direito de Pindorama.

Enfim, a literatura sempre corre à frente do Direito. Por exemplo, as decisões de Moro parecem a manifestação do personagem Humpty Dumpty, de Alice Através do Espelho, de Lewis Caroll. Ali ele, o personagem Humpty Dumpty, dá às palavras o sentido que quer. Para quem não leu: discutindo sobre o papel do “desaniversário”, Humpty Dumpty diz para Alice que é melhor que haja 364 dias destinados ao recebimento de presentes — que são os desaniversários — e somente um de aniversário. É a glória para você, aduz Humpty, pois poderá receber, em vez de um, 364 presentes. Ela responde: mas isso não pode ser assim. E Humpty Dumpty complementa: “Quando eu uso uma palavra, ela significa exatamente o que quero que ela signifique: nem mais, nem menos”. Como consta no livro, é o fim “demolidor” de uma discussão.

Por isso, feliz desaniversário, Dr. Sergio Moro. Afinal, mesmo que hoje não seja o seu aniversário (que, como sabemos — e é também o meu caso — só ocorre uma vez por ano), podemos comemorá-lo em qualquer dia dos outros 364. Afinal, as palavras valem o que queremos que elas valham, certo?

Mundo, mundo, vasto mundo; se eu me chamasse Raimundo, seria uma rima… mas não seria uma solução, dizia Carlos Drummond de Andrade. Nem vou falar do juiz Azdak, do livro O Círculo de Giz Caucasiano, também adaptável à situação. Mas o texto ficaria longo e nestes tempos de pós-verdades, isso afasta o leitor, que gosta mesmo é de drops. De todo modo, para quem quiser, eis o vídeo do programa Direito & Literatura (ver aqui).



Diário do Centro do Mundo   -   DCM

HUCK SE LANÇA E TENTA SER O CANDIDATO DOS ANALFABETOS POLÍTICOS



Implosão do sistema político brasileiro abre espaço para novas aventuras e, nesta quinta-feira, quem se lançou ao Palácio do Planalto foi o apresentador Luciano Huck, com o discurso 'bicho, vamos usar nosso poder para o bem'; em longa entrevista à Folha, sua frase mais idiota foi: "Se foi golpe ou se não foi golpe, não importa"; como apresentador "do bem", Huck tenta se erguer como o Berlusconi das ruínas democráticas do Brasil

30 DE MARÇO DE 2017 

247 - Em uma longa entrevista à Folha de S.Paulo, o apresentador Luciano Huck, da Rede Globo, praticamente já se lançou candidato ao Palácio do Planalto e defendeu que é a hora da sua geração "ocupar os espaços de poder".

Com um discurso permeado de clichês "do bem" e defendendo um "apartidarismo", Huck mostrou que seu projeto político é basicamente se aproveitar dos analfabetos políticos: "o único jeito de arrumar esse país é se a gente conseguir fazer um pacto apartidário. Sem revanchismo, sem revolta. Se foi golpe ou se não foi golpe, não importa."

Há dez anos, Huck declarou que gostaria de se candidatar à Presidência. Questionado se este momento havia chegado, ele não negou.

"Esta é sempre a pergunta pegadinha. Não dá para responder na atual conjuntura. Falando seriamente, nossa geração chegou a um momento em que tem capacidade, saúde, força de trabalho, relevância, influência. Quem entrou na faculdade em 1990 está chegando agora aos espaços de poder. Faço parte desta geração. Estamos vivendo um trauma moral e ético que se soubermos capitalizar para o bem, tenho convicção de que daqui a 10, 20, 30 anos vamos ter um país de fato diferente e mais justo.

Já faço política, fazendo televisão aberta no Brasil, com o poder que a Globo tem, trazendo boas histórias, dando opinião. Agora, se me perguntarem se vou concorrer a algum cargo eletivo, eu não sei responder. E qualquer tipo de resposta é especulação, fofoca."

Clique aqui para conferir a entrevista na íntegra.



Brasil 247

Aos novos jornalistas, por Gilson Caroni Filho

QUI, 30/03/2017 - 08:34
ATUALIZADO EM 30/03/2017 - 08:53


Aos novos jornalistas, por Gilson Caroni Filho

Discurso de Paraninfo do Curso de Jornalismo das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha)- Turma 2016.2

Prezados colegas que compõem a mesa, prezados formandos, familiares e amigos aqui presentes.

Uma formatura é sempre um momento especial. Nele rememoramos o que foi o convívio acadêmico, o aprendizado de saberes fundamentais (teóricos e práticos) para o bom exercício do jornalismo e o quanto lutamos para estarmos aqui, neste 29 de março de 2017, com a sensação de missão cumprida.

Meus queridos alunos, em toda solenidade como esta eu me emociono. Não só pela homenagem em si, mas pelo que ela contém: o entrelaçamento de duas histórias: a minha e a de vocês, que começou nas salas, em aulas de Sociologia e de Cultura, Memória e Sociedade, e, acreditem, não vai terminar aqui.

Mas a formatura de hoje é especial. Muito especial mesmo, pois o tempo em suspensão me faz transitar pelo passado e pelo presente. Há exatos 30 anos, em 1987, eu era paraninfo pela primeira vez. Continuar sendo homenageado três décadas depois, não me dá apenas a certeza de que trilho o caminho certo. Mas a de que sou predestinado a viver momentos mágicos com pessoas mágicas.

Há nítidas diferenças entre o horizonte e as expectativas daqueles alunos dos anos 1980 e os sonhos e aspirações de vocês. Mas também há muitas semelhanças. Duas formaturas: tão distantes no tempo, tão próximas no afeto.

Na primeira, vivíamos tempos mais esperançosos, com o país se redemocratizando, após uma longa noite de arbítrio, uma Constituição sendo escrita e a certeza de que viveríamos num mundo mais justo, plural e democrático. Ingressar nas redações e emissoras de rádio e televisão, se não era fácil, era bem menos difícil do que é hoje.

O engajamento dos jovens progressistas se dava em partidos de esquerda e movimentos sociais que lutavam (e ainda lutam) contra a concentração de renda, o latifúndio que a tantos mata e a falta de moradia. O sindicalismo nascido no ABC paulista aparecia como novidade no mundo do trabalho.

Para o jovem dos anos 2000, sem prejuízo dos embates no campo político-econômico, os movimentos identitários adquiriram centralidade. E como são substantivos! No Brasil, uma mulher é estuprada a cada 11 minutos. Sessenta e três negros são assassinados por dia e as violações de direitos cometidas contra a população LGBT atingem índices inaceitáveis.

Como afirmar que as novas agendas são politicamente menos relevantes do que a de gerações anteriores? É possível uma democracia misógina? É plausível pensar a questão democrática ignorando que vivemos em uma sociedade fracionada, com fortes resquícios escravocratas? Como falar em liberdade sem abolir os preconceitos heteronormativos? E o que dizer de uma ordem cisnormativa que faz do corpo a prisão do desejo? Nunca subestimemos a vontade de potência desta garotada. Rotulada de individualista, uma boa parte dela luta, combate, nos interstícios do tecido social, pelo aprofundamento da democracia.

Para os que estavam no auditório da ABI, há 30 anos, o objetivo era fazer da imprensa uma ferramenta para a transformação social, para a promoção da cidadania. Era consenso, e isso eu destaquei no discurso de 1987, que só haveria democracia no país se conseguíssemos democratizar os meios de comunicação.

Naquele ano, e no primeiro mês de 1988, o jornalismo brasileiro perdia três nomes importantes: Claudio Abramo, Sandro Moreyra e Henfil . Os dois primeiros eram jornalistas. O terceiro, um cartunista e escritor, que com traços precisos, criou um desenho humorístico político, crítico e satírico, para lutar em diversos jornais e revistas, pelo fim da ditadura, pela anistia política e pelas Diretas Já .

Todos eles tinham um traço em comum: Eram a expressão exata de uma deontologia que não separa o profissional do cidadão. Pelo contrário, reforça, por ação recíproca, as duas dimensões de quem age a descoberto. E é disso que precisamos.

Faço questão de citá-los porque o legado que eles deixaram deve nortear os novos jornalistas. Seria interessante acompanharem o trabalho árduo de Luís Nassif, Luiz Carlos Azenha, Rodrigo Vianna, Marcelo Auler, Paulo Nogueira e Jânio de Freitas, entre outros. São exemplos de que o jornalismo pode ser a minha linda profissão, quando se nada contra a corrente do panfletarismo neoliberal.

Se para os alunos do passado a tarefa era ingressar no mercado e fazer da informação um instrumento para revelar o que, para a maioria, estava oculto, a de vocês é reinventar uma imprensa que se perdeu de si mesma. Que ignora a relevante função social que deveria desempenhar, que se submete aos imperativos de mercado para derrubar governos democraticamente eleitos, legitimar ilegítimos e criar a narrativa que suprime direitos sociais e trabalhistas. E aí está o pensamento único, em telas e páginas, tratando o desmonte de conquistas como “reformas inadiáveis”

Prezados formandos, de lá pra cá, houve inovações tecnológicas, mídias digitalizada e mudança de plataformas, mas algumas coisas permanecem inalteradas para um bom profissional: a apuração rigorosa, a necessidade de um texto conciso, a primazia da informação sobre a opinião e uma ética que não pode ser negociada com nenhuma linha editorial.

Eu sei que é difícil. Mas difícil não e sinônimo de impossível. Aquele jovem paraninfo de 1987 é hoje um professor aposentado que continua na ativa por acreditar na juventude para a qual leciona. E com ela aprende e se comove.

Encerro com as palavras de Paul Valéry: “o homem vive e morre aquilo que vê, mas só vê aquilo que sonha”. Sonhem sempre, vocês hoje estão deixando a faculdade, mas permaneceremos juntos no firme propósito de acreditar na vida como invenção diária. Muita força, muita luta.

Muito obrigado.

Professor Gilson Caroni Filho.

Rio de Janeiro, 29 de março de 2017.



Jornal GGN

IPSOS: PARA 90%, BRASIL DE TEMER ESTÁ NO RUMO ERRADO

quarta-feira, 29 de março de 2017

Governo Temer entregará mais de 80% de supersatélite a multinacionais, por Carlos Hetzel

TER, 28/03/2017 - 15:47


Do Viomundo
Mais uma entrega do patrimônio estratégico nacional

por Carlos des Essarts Hetzel


Estava previsto para 21 março de 2017, passou para o dia seguinte, quando foi adiado mais uma vez devido a uma greve na Guiana Francesa. A nova data ainda não está definida.

Estou-me referindo ao lançamento do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicação Estratégica (SGDC-1), que, do Centro Espacial de Kouru, na Guiana, será colocado em órbita espacial, pelo veículo lançador Ariane VA 236.

Trata-se do primeiro satélite brasileiro depois da privatização do sistema Telebrás.

Pesando 5,8 toneladas e 5 metros de altura, um dos maiores do mundo, ficará em órbita geoestacionária, a 35.786 Km de distância da Terra (nível do mar).

Cobrirá todo território brasileiro, países fronteiriços ao Brasil e parte do Oceano Atlântico. Terá dois Centros de Controle e Operação, sendo um em Brasília (DF) e outro no Rio de Janeiro (RJ).

Este investimento do Estado Brasileiro vai trazer mais segurança para as comunicações estratégicas do governo, bem como para as comunicações do setor civil e militar, pois seu controle e operação será feito no Brasil, por brasileiros, resultado da parceria entre a Telebrás e o Ministério da Defesa.

Idealizado no governo do presidente Lula, foi uma decisão estratégica e necessária, considerando a necessidade inadiável de o Brasil voltar a ter seu próprio sistema de comunicação satelital, atendendo assim, aos ditames constitucionais que versam sobre a Segurança Nacional e a Independência e Sigilo das Comunicações civis e militares.

O Sistema Nacional de Comunicação Via Satélite é uma questão de soberania e segurança nacional, pois os atuais satélites utilizados pelo Brasil são de propriedade e controle de multinacionais. Sua operação é feita por estações terrenas localizadas fora do país.

No caso de conflito internacional ou litígio decorrente de outros interesses políticos ou econômicos, os riscos de interrupções e/ou corte nas comunicações são reais.

Neste momento que deveria ser de glória do povo brasileiro e de fortalecimento da soberania nacional, pois estamos caminhando para adquirir a independência nas comunicações via satélite, fomos surpreendidos, no dia 23/02/2017, pelos dirigentes da Telebrás, quando em audiência pública, ratificada pelo Edital de Chamamento Público n. 01/2017, apresentaram proposta para comercialização do Satélite–SGDC, optando por dividir a capacidade satelital em 4 lotes e alienar 3 deles, isto é, mais de 80% da capacidade, mediante oferta pública.

Esse Satélite, que sequer entrou em operação, será vendido no mercado para as grandes operadoras multinacionais de telecomunicações, sem absolutamente nenhum compromisso de prestação de serviços para a sociedade brasileira, desconsiderando o arcabouço normativo que legalizou sua aquisição, operação e utilização.

Ao valor de R$ 2,1 bilhões, esse satélite foi projetado para atender, em caráter prioritário, as seguintes demandas:

• As necessidades de universalização de banda larga em todo Território Nacional, principalmente aos 2325 municípios localizados, na quase sua quase totalidade, nas regiões Norte- Nordeste, que hoje se encontram em estado de “apagão digital”, gerador dos “excluídos digitais”.

• Atendimento a pequenos provedores de acesso à internet com backhaul.

• Infraestrutura para provimento de serviços de dados ao governo.

• Serviço de comunicação e transmissão de dados das Forças Armadas brasileiras.

Dentre estes serviços, também o atendimento direto às residências, aos usuários excluídos, num modelo de negócios ao usuário final, com preços compatíveis à realidade econômica da população.

É de bom alvitre salientar que, em 1998, o setor de telecomunicções foi privatizado pelo governo do PSDB, com valores abaixo do preço real de mercado, utilizando dinheiro público através do BNDES.

Esta manobra é conhecida como “Privataria Tucana”.

Para entender um pouco o que aconteceu nesta privatização com o importante setor de satélites nacionais de comunicação, faremos um brevíssimo histórico;

Em 1985 foi lançado o 1° Satélite Doméstico Brasileiro, o Brasilsat A1, de fabricação Canadense, tendo sua operação e controle pela Embratel, empresa do Grupo Telebrás.

Logo vieram os satélites BrasilSat, A2, B1, B2, B3 e B4.

Este universo “estrelar satelital brasileiro”, composto de 6 satélites geoestacionários de comunicação e de suas estações terrenas de controle e operação, que também serviram às comunicações dos países vizinhos da América Latina, foram entregues a partir de 1998, para a iniciativa privada multinacional.

Primeiramente à empresa estadunidense Verizon e, em seguida, ao mexicano, Sr. Carlos Slim, dono da América Móvil, que é hoje a maior empresa de telecomunicações da América Latina; no Brasil, controla Embratel, Claro e Net.

Esta entrega nos deixou com as comunicações — militares e civis — controladas e na completa dependência de uma empresa multinacional.

Esta mesma situação poderá se repetir se prosperar este modelo proposto pela Telebrás, pois sem nenhum objetivo de atendimento social e, tampouco, sem impor um valor mínimo pelos lotes vendidos, comunica ao mercado que pretende transferir, mais uma vez, patrimônio público estratégico para a iniciativa privada.

É necessário clarear a existência de normas legais que serviram de balizador para o gasto de R$2,1 bilhões do erário, para a aquisição desse satélite.

Vejamos o arcabouço legal:

O ACÓRDÃO N° 589/2013 – CD, do Conselho Diretor da Anatel, que autorizou a emissão do Termo de Autorização do SGDC em favor da Telebras, sem licitação e pelo valor mínimo, dita que:


2. O referido sistema satélite será́ implantado com vistas a assegurar a autonomia das comunicações satelitais militares e das comunicações estratégicas entre os Órgãos e Entidades da Administração Pública Federal, bem como ferramenta de atendimento à demanda de massificação do acesso à internet, objeto do Programa Nacional de Banda Larga — PNBL.

O direito de exploração do SGDC foi conferido à Telebrás com um condicionante, conforme o Termo de Direito de Exploração:


“5.9. A EXPLORADORA DE SATÉLITE, quando do provimento da capacidade espacial associada ao objeto deste Termo, deve se ater ao cumprimento dos objetivos do Plano Nacional de Banda Larga – PNBL em cotejo com o dever de implementação do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas – SGDC.” .

A Procuradoria da Anatel é enfática ao afirmar (Parecer no 99l/2013/MGN/PGF/PFE-Anatel, de 26 de agosto de 2013):


a) a referida outorga à Telebrás deve-se ater ao cumprimento dos objetivos do P N B L e m cotejo com o dever de implementação do SGDC, não podendo extrapolar tal finalidade, sendo necessário que essa determinação conste nos respectivos Atos e Termos.

Ademais, a prevalecer as cláusulas da minuta contratual (anexa ao Edital de Chamamento Público) que versam sobre a utilização por terceiro das estações de acesso do SGDC de propriedade da Telebrás (gateways), ou ainda a utilização de outros centros de controle, de propriedade daquela empresa que passar a ser a cessionária dos lotes em processo de alienação, estará caracterizada o total desrespeito às determinações da Anatel, passível inclusive de extinção do Direito de Exploração do SGDC.

O Termo de Autorização é inquestionável ao determinar:


“3.1. Obriga-se a EXPLORADORA DE SATÉLITE a informar previamente à Anatel alterações técnicas ao projeto, relativamente ao constante da Metodologia de Execução, sob pena de extinção do Direito de Exploração e perda do valor pago por este direito referido no item 2.1.

4.1. O segmento espacial será explorado em conformidade com os termos da regulamentação concernente e observadas as condições fixadas na Metodologia de Execução.”

Objetivo da Metodologia:


Quanto aos tipos de aplicações na banda Ka, conforme mencionado pela Telebrás, o SGDC será otimizado para tráfego IP banda larga de alta capacidade, sendo essa capacidade utilizada para complementar e expandir o atendimento ao PNBL em localidades de difícil implementação de rede terrestre de fibra óptica. Para tanto, serão disponibilizados backhauls de alta capacidade aos provedores interessados em prover serviços de acessos banda larga IP aderentes ao PNBL.

Outra aplicação é o transporte das comunicações dos órgãos do governo consideradas estratégicas e que exigem algum grau de sigilo e segurança da informação contida na comunicação.

Nesse caso, a rede de satélite irá disponibilizar aplicações tipo ponto-a-ponto e ponto-multiponto/área (fls. 16 a – 17).

Embora a Metodologia de Execução seja um documento considerado confidencial, dentro do processo que concedeu o direito de exploração do SGDC à Telebras, o Informe no 467/2013- ORLE/0RER/SOR, de 29/10/2013, é categórico ao afirmar que as chamadas estações de rastreamento, telemetria e comando do satélite serão operadas pela Telebrás em conjunto com o Ministério da Defesa.

Transcrição do Informe no 467/2013-ORLE/0RER/SOR, de 29/10/2013, citado na Nota acima:


Conforme consta da Metodologia, o SGDC será composto pelo segmento espacial, cujo satélite terá um módulo de carga útil com transponders nas bandas X e Ka e um módulo de serviço que inclui sistemas de energia, posicionamento, telemetria, monitoração, dentre outros, e com previsão de 2 (duas) estações de rastreamento, telemetria e comando do satélite (TT&C); bem como pelo segmento terrestre que terá estações de controle de comunicações e estações terrenas (fl. 13).

Observe-se mais uma vez na Metodologia, que as estações TT&C e Segmento Terrestre, deverão ser operadas pela Telebrás em conjunto com o Ministério da Defesa, pelo princípio básico da Segurança Nacional e do Sigilo das Comunicações, deveres e obrigações devidamente positivadas na Carta Magna.

Neste novo modelo de negócios da Telebrás, um verdadeiro pacote de maldade, é adicionada também, a vedação da participação em consórcio, eliminando as Operadoras Médias e Pequenas que hoje verdadeiramente estão fazendo a massificação da banda larga no Brasil.

É de bom alvitre salientar que, em 2016, esses ISP´s – Provedores de Serviços Internet Regionais, foram responsáveis por 46% dos novos usuários de banda larga fixa no Brasil.

Como podemos verificar, a política do governo atual, de entrega do patrimônio público, tem data marcada pela Telebrás, 04 de abril, data da implementação deste nefasto modelo de negócios.

Acreditamos que se a sociedade e o Congresso Nacional não reagir imediatamente a essa “privatização antecipada”, mais uma violência contra a nação brasileira e o seu povo será executada, entregando-se um patrimônio imprescindível e estratégico para o desenvolvimento da sociedade e de Segurança Nacional.

Carlos des Essarts Hetzel é especialista em Telecomunicações & Infraestrutura de TIC; trabalha na liderança do PT no Senado.



Jornal GGN