POR FERNANDO BRITO · 22/03/2017
A acusação de Gilmar Mendes à Procuradoria Geral da República foi um tanto quanto, afinal, óbvia.
É virtualmente impossível que todos os jornalista tivessem, logo que entregue o maço de 300 processos (somados os pedidos de inquérito e os declínios de competência para outras instâncias), exatamente os mesmos nomes selecionados entre centenas.
A falta de decoro com que Gilmar Mendes se exprimiu não chega a ser, no caso dele, nenhum ponto fora da curva.
A virulência e a grosseria da reação de Rodrigo Janot, porém, devem ser levadas em conta como algo inusual. Afinal, Janot poderia ter ficado em protestos formais, afirmações de que a PGR é “à prova de vazamentos” e outras platitudes do gênero, nas quais todo mundo finge acreditar.
Mas dizer que um ministro do Supremo “bostejou” – desculpem pela tradução popular do “disenteria verbal” – e que está perdeu a moral – de novo, tradutor acionado para “decrepitude moral” é comprar um confronto que “data vênia, excelência” não resolve. Por 10% disso, Gilmar e Joaquim Barbosa quase foram às vias de fato.
Algo há nisso e a impressão de um velho aluno da matéria “tem batata nessa chaleira” ministrada por Leonel Brizola por tantos anos, é a de que Janot reagiu ao terror dos terrores da Procuradoria Geral da República: a possibilidade de Gilmar vir a ser Presidente da República pelo voto indireto, com um único e inigualável “programa de Governo” para os “eleitores” do Congresso: liquidar a Lava Jato.
Está nas suas nãos, lembremo-nos, o destino de Michel Temer, porque é o presidente do Tribunal Superior Eleitoral e é ele que levara à pauta o relatório sobre a cassação da chama onde i atual presidente se alojava. Sua declaração de que Temer poderia ser cassado e eleger-se pelo voto dos congressistas, indiretamente, é de dar frouxos de riso, porque se já é ilegítimo agora o quanto seria se esta impossibilidade fosse buscada?
Se Temer não pôde, em quase um ano, dar um passo para o “estancar a sangria” da Lava Jato e agora dá sinais de que nem a degola previdenciária, Gilmar Mendes se oferece, com a sua costumeira truculência, ao papel.
Isso está diante de todos, uma disputa que perdeu, aí sim, o decoro verbal e moral.
Mas como nossa imprensa embora ainda tenha ainda um pouco do primeiro e quase nada do segundo, não se diz ao povo brasileiro que isso é mais do que uma troca de xingamentos entre moleques.
A molecagem é outra, pior, e mais vergonhosa.
Tijolaço
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