Do professor Francisco Carlos Teixeira, titular da cadeira de História Moderna e Contemporânea da UFRJ:
Eu já ouvi muito sobre corrupção, incluindo “modelos” fotogênicos. Se fosse assim tão fácil de “desenhar”, como querem nossos juristas que inventam leis e interpretações mirabolantes, tudo estaria resolvido. Na verdade há um “habitus”. Continuo achando melhor ler com cuidado Raymundo Faoro, Victor Nunes Leal e Eli Diniz. Buscar as formas e representações desse “habitus” que é a própria cultura brasileira e, por isso, não e reformável.
Temos que mudar de baixo para cima. Sistemas se montam, se estruturam na história e se reproduzem através de grupos sociais. Valores não vivem de brisa. Economistas, cientistas políticos e juristas adoram grandes “sistemas abstratos” que não se sustentam sobre um solo e sob um céu, e assim desmancham no ar como nas cenas do STF ou nos planos econômicos.
Nós historiadores, como os Senhores militares, não gostamos de castelos abstratos e brilhantes – embora alguns se deixem seduzir. Queremos a materialidade da vida, do peso das coisas e avaliamos os riscos e as ameaças. Não vivemos de blefes ou frases ocas. Quarta, quinta e nesta última sexta-feira – o dia mais longo da República – os homens da toga blefaram, tomaram a bola e exigiram cobrar pênalti. Mas não sabiam sequer onde era o gol.
Não se blefa com adversário – é preciso acumular meios e aí não é blefe, é dissuasão. O outro time acumulou meios e fez uma boa concentração: o time da toga levou uma lavada. Os que apostaram em tais mágicos de Mac Donalds – os militares, políticos e parcela da Nação – quedou aturdida. Embaixo da toga não havia nada. O que vier agora é lucro. Forjou-se uma narrativa “do povo” contra “os poderosos”, incluindo os que não precisavam falar e falaram.
Nós historiadores, e os Senhores militares, sabemos: blefar não é dissuadir.
6 de abril de 2018, para uns o Dia do Blefe, para outros o Dia que o Rato rugiu!
Tijolaço
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