Na capa da Folha de hoje, dois exemplos de como a nossa mídia, com seus comentaristas “sabidos”, não tem a menor vergonha em repetir e repetir “contos da carochinha” para formar um pensamento “óbvio” que, de tão falso, se esboroa no primeiro choque com a realidade.
Ou será que acham que todos já se esqueceram que, seis meses atrás, diziam que a reforma trabalhista ia “liberar a criação de milhares de empregos” e, ainda por cima, melhorar os salários por conta da redução dos passivos criados pela “maldita” CLT.
Não há um pingo de vergonha, mesmo quando as estatísticas do IBGE mostram um salto apavorante no desemprego – 1,5 milhão de pessoas desocupadas em um trimestre – e que os dados do Caged, os únicos que ainda mostrariam a cada vez mais duvidosa “criação de vagas”, dizem, como se lê no jornal, que os poucos empregos que se criaram ficam abaixo de dois salários-mínimos mensais e, nas regiões mais pobres, como o Norte e o Nordeste, abaixo de um?
Acima desta notícia, a informação que, considerados os mandados de prisão não cumpridos, deveríamos ter mais de 1 milhão de pessoas presas e as nossas cadeias, que já têm dois presos ocupando a mesma vaga penitenciária, passariam a ter três corpos ocupando o mesmo lugar no espaço.
Mas o problema da segurança brasileira não era o de que se prende de menos e que, quando a polícia “pega”, a Justiça manda soltar?
Manda mesmo?
“O índice de encarceramento passou de 361,4 mil [em 2005] para 726,7 mil detentos, segundo o último levantamento do Ministério da Justiça (Infopen de 2016). O aumento não foi acompanhado por melhora nos índices de segurança pública”.
Será que os arautos do “reduzir o gasto público” – ao menos por isso, não por qualquer sentimento de humanidade – podem alcançar o que significa uma política de “segurança” que represente encarcerar 1 milhão de pessoas?
Como o debate político fugiu de qualquer racionalidade e tudo o que se procura, desde que o golpismo passou a ser a sua marca, é despertar ódios, pouco importa a realidade, basta-lhes o “óbvio ideológico”, por mais evidente que seja a sua estupidez.
Tijolaço
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