Dois textos, nos jornais de hoje, não podem deixar de ser comparados.
A manchete do Valor. com texto de Ligia Guimarães e Catherine Vieira, informando que, segundo registros do Ministério da Saúde, consolidados pelo Observatório da Criança e do Adolescente, a taxa de mortalidade infantil voltou a crescer em 2016, primeiro ano de governo golpista. O número de óbitos evitáveis de crianças entre um e quatro anos, aumentou, tanto em taxa quanto em valores absolutos, após 13 anos em queda.
“A mortalidade pós-neonatal, que é a mais sensível ao desenvolvimento social, está tendo um repique. Algumas dessas causas de morte mostram aumento em 2016 e projeta aumento para anos seguintes também. Algumas são muito associadas à pobreza, por exemplo, as gastrointestinais, que vinham reduzindo fortemente, mas tem repique em 2016.”, diz Fátima Monteiro, que comanda o registro das mortes infantis.
O diagnóstico das causas aparece claramente quando se olha o valor dos orçamentos voltados para a infância:
Levantamento feito pela Fundação Abrinq aponta que alguns programas tiveram corte nos investimentos em 2016. Um exemplo é o programa Rede Cegonha, voltado à atenção à mãe no pré-natal, parto e nascimento, e o desenvolvimento da criança até os dois primeiros anos de vida. Em 2015, foram gastos no orçamento federal só R$ 21 milhões de R$ 172 milhões previstos; no ano seguinte, o valor liquidado caiu a R$ 18,3 milhões, dos R$ 117 milhões previstos no início daquele ano. No Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), em que o governo federal repassa aos Estados recursos para garantir a alimentação na escola para alunos de todas as fases da educação pública, também encolheu o volume liquidado no Orçamento de R$ 3,7 bilhões para R$ 3,4 bilhões. “Há uma fragilização considerável das políticas sociais voltadas à criança”, diz Denise Maria Cesario, gerente executiva da Fundação Abrinq.
Sem exagero, trata-se de um infanticídio fiscal.
Mas os deputados que votaram, sem piedade, os projetos de congelamento – e redução, em valores reais – dos gastos sociais estão mais preocupados com outras questões, lembra Rainier Bragon , na Folha.
Uma comissão especial da Câmara dos Deputados deve aprovar nos próximos dias um dos projetos mais vergonhosos da atualidade, a chamada Escola Sem Partido. Capitaneado pela bancada religiosa e por toda ordem de conservadores aparentemente saídos de uma fenda ligada à Idade Média, o projeto quer fazer crer que o mundo educacional está infestado de comunistas travestidos de pedagogos, prontos a catequizar uma legião de novos Ches e derrubar o capitalismo.
Para evitar os “comunistas” que antigamente “comiam criancinhas” e que agora, na visão doentia destes imbecis, parecem estar dispostos a transformar os infantes em gays e lésbicas, preocupa-se em vetar “qualquer ensino relativo a “ideologia de gênero, o termo ‘gênero’ ou ‘orientação sexual’.”
Nem ligam para os “anjinhos” que baixam sepultura, aos milhares.
Anjos não têm sexo, não é?
Tijolaço
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