quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Medidas cambiais à vista - Por José Dirceu


Pelas declarações tanto do presidente Lula quanto de sua sucessora, a presidenta Dilma Rousseff, vem ai medidas duras contra a guerra cambial. Fica claro, antecipam as declarações dos dois, que caso não haja nenhum acordo na próxima semana na reunião do G-20 (a última deste ano), em Seul, na Coréia do Sul, o Brasil terá que cuidar à sua própria maneira da questão cambial.

O tema é de extrema importância porque envolve nossas contas externas, nossa indústria e nossa política macroeconômica. O presidente Lula acusou diretamente os Estados Unidos e a China de promoverem uma "guerra cambial" para protegerem suas economias reforçando, assim, declarações de sua sucessora. O presidente prometeu "brigar" contra essa guerra na reunião do G-20 para a qual viaja em companhia da presidenta eleita.

Já no discurso do domingo à noite, após a confirmação de sua eleição, a presidenta Dilma antecipara que tomará medidas para proteger a economia e as empresas brasileiras. "Todos os países - exceto China e EUA - percebem que há uma guerra cambial", disse Dilma, pela qual estes países buscam obter mais competitividade no cenário internacional ainda de crise econômica.

Todo o arsenal de medidas para debelar apreciação do real

Dilma advertiu enfática, ontem: ninguém e nenhum país no mundo resolve o problema de câmbio sozinho. "A última vez que uma desvalorização [de moeda] competitiva aconteceu, deu no que deu,
a Segunda Guerra Mundial", alertou.

Ficou claro, assim, que o Brasil recorrerá a todos os instrumentos à sua disposição para evitar que o custo da crise dos países desenvolvidos - EUA à frente - a sub-valorização do yuan e do dólar (agora agravada pela emissão de US$ 600 bilhões de títulos norte-americanos para estimular sua economia) seja transferido para nós.

Os presidentes Lula e Dilma já não deixam dúvidas: para resolver a nossa questão cambial fazendo frente a subvalorização das moedas norte-americana e chinesa, o Brasil recorrerá a todos os mecanismos mesmo, incluindo a quarentena para capitais especulativos que entrem, a proibição de determinadas operações especulativas e a discriminação de determinados capitais que vêm ao pais exclusivamente para especular.

OK, mas o que realmente contará e funcionará como algumas das alternativas eficazes são a redução dos juros internos e o fortalecimento do nosso mercado doméstico, dos investimentos e de nossa infraestrutura. O que funcionará para valer mesmo serão nossas próprias reformas, a redução do custo financeiro e tributário de nossa economia - particularmente de nossa indústria - as mudanças e incentivos nas áreas de inovação e educação e o aumento dos investimentos públicos e privados.

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