sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Vitória de Dilma: a geração 68 chega ao poder


Demorou 42 anos mas, como bem destacou o presidente Lula em conversa com jornalistas, com a eleição de Dilma Rousseff para a Presidência da República a geração "dos que perderam em 1968", sofrida mas, mais calejada, experiente e do bem da mesma forma como já o era quatro décadas atrás chega ao poder. Melhor do que dizer que chegam ao governo do país os que "perderam" naquele ano, eu prefiro destacar a "vitória" agora daquele geração rumo aos seus ideais, princípios e a concretização de seus sonhos mais acalentados.

Eu diria que é emblemático, mais do que simbólico que esta geração chegue ao poder pelas mãos de Dilma Rousseff, uma combatente da resistência que lutou contra a ditadura como tantos outros jovens, muitos covardemente assassinados na tortura ou em combates simulados. Para estes cuja memória e história verdadeira, sem as sombras impostas por uma cruenta ditadura de 21 anos (1964-1985) ainda devemos ao país, é hora de voltarmos nossos melhores pensamentos.

O resgate do seu idealismo e da bravura com que combateram, resistiram e muitos tombaram só poderemos pagar abrindo os arquivos e encontrando os restos mortais dos desaparecidos, uma ignomínia que a ditadura nos legou. Neste momento de esperança, a menos de dois meses da mudança de governo e da posse de uma das nossas, da combatente Dilma, eu repito o que tantas vezes escrevi aqui no blog: não adianta protelarem, esconderem, os arquivos da repressão um dia serão abertos e conhecidos.

A justiça se fará e seus familiares poderão dar-lhes sepulturas cristãs e viver o luto dolorido, mas cheio de certezas, com o conhecimento da verdade que lhes foi negada até agora.

Que vergonha, VEJA!

Meus amigos, ao mesmo tempo que lembro tantos combatentes da resistência, confesso-lhes o meu espanto com a edição especial que a VEJA lançou esta semana sobre a eleição de Dilma Rousseff. Dentre outras pérolas ao falar sobre 1962 e o presidente da época, João Goulart, o Jango, a revista afirma: "Tíbio, vacilante e sem convicções, Goulart foi dominado pelos radicais comunistas no governo. Subverteu a hierarquia das Forças Armadas, tentou tabelar os aluguéis, desapropriar casas e fazendas e mudar a Constituição para obter poderes ditatoriais. Foi deposto em março de 64 pelos militares antes que pudesse dar seu próprio golpe."

Como é que podem continuar usando essas mentiras, desinformando os leitores e o país 46 anos depois? É quase meio século de mentira! Isso era linguagem, aberrações, inverdades e pretextos da época da Guerra Fria. Hoje está mais do que provado que eram pretextos malucos invocados, ou melhor, inventados para tentar justificar o golpe de 1º de abril de 1964 que implantou os 21 anos de ditadura militar no Brasil.

O governo Goulart, nem no final, e quando já haviam perpetrado todas as barbaridades para desestabilizá-lo e praticamente tudo contra ele, não era nada disso. Comunistas no governo? Jango tentou mudar a Constituição para adquirir poderes ditatoriais? Foi deposto antes que pudesse dar seu próprio golpe? O que é isso? A VEJA não se envergonha dessa falácia, dessa linguagem, desse amontoado de invencionices? Comete um atentado contra a História.

Blog do Zé Dirceu

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