sexta-feira, 8 de abril de 2011

Chinês não é bobo. Não abre a economia nacional - Por Brizola Neto


O Ipea divulgou um interessante estudo sobre as relações econômicas entre Brasil e China.

A maior parte dos dados é aquilo que se tem dito aqui:

“Entre 2000 e 2009, os produtos básicos passaram de 68% para 83% da pauta. Os produtos que apresentaram a maior participação das exportações, em 2010, foram minérios (40%), oleaginosas (23%) e combustíveis minerais (13%), que juntos responderam por 76% das
exportações brasileiras (Gráfico 5). Pode-se afirmar que ao longo dos últimos 10 anos, para cada dólar que o Brasil adquire de suas exportações para China, 87 centavos vêm de produtos primários e de manufaturas intensivas em recursos naturais, 7 dos produtos de média intensidade tecnológica e apenas 2 centavos das vendas de produtos de alta tecnologia.”

Os chineses investem cada vez mais no Brasil, mas na hora de deixar investir lá dentro, a conversa é outra. Diz o Ipea que além da baixa capacidade de internacionalização das empresas brasileiras, o problema são “as restrições e dificuldades para a entrada de empresas estrangeiras em alguns setores do mercado chinês. Esses obstáculos estão atrelados ao quadro regulatório desse país para receber investimentos externos, que vão desde a obrigatoriedade de operação com parcerias locais e, até mesmo, à restrição absoluta de IDE (Investimento Estrangeiro Direto) em setores considerados estratégicos e de segurança nacional pelo governo chinês.

Ou seja, os chineses – ao contrário dos brasileiros – protegem sua economia e nem por isso deixam de crescer em ritmo acelerado. Em 2008, o governo da China criou um lei antimonopólio que estabelece que as firmas estrangeiras devem provar que sua entrada no mercado chinês não se configura como uma ameaça à segurança nacional e este ano a lei que cuida dos processo de fusões e de aquisições realizadas pelas empresas estrangeiras amplia o conceito de segurança nacional para a autorização destes processos.

Vocês imaginem o que aconteceria (e acontece) aqui se tomássemos medidas protecionistas só um centésimo tão drásticas para defender nossa economia? Ia começar a gritaria: “xenófobos, jurássicos, comunistas”!

Bom, comunistas os chineses são. Mas bobos, não.

Brizola Neto

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