Boicotada no comércio internacional com os EUA e a Europa, Rússia de Vladmir Putin responde com proibição de importação de produtos dessas origens; Brasil sai diretamente beneficiado; "é uma revolução", define secretário de Política Agrícola; venda de carne, milho e soja, além de aves, frutas, vegetais e alimentos industrializados, pode triplicar; aliança costurada pela presidente Dilma Rousseff com líder russo, durante encontro dos Brics, conta com a sorte; cerco geopolítico dos ricos a Putin abre oportunidade histórica para avanço nas relações entre os gigantes Brasil e Rússia
7 de Agosto de 2014 às 14:28
247 – O cerco geopolítico dos Estados Unidos e dos países europeus sobre a Rússia vai beneficiar diretamente, em curtíssimo prazo, o Brasil. Numa atitude recíproca ao embargo ampliado pelos países ricos contra produtos russos, o presidente Vladmir Putin determinou a proibição da importação de produtos desses e de outros países, num grupo que alcança a Austrália e ainda pode crescer. O Brasil está fora desta lista negra, e deve brilhar no rol de compras que os russos terão de fazer para substituir os países vetados. "O agronegócio pode passar por uma revolução", avaliou o secretário nacional de Política Agrícola, Seneri Paludo. Encomendas de carnes, aves, milho e soja, que já são comprados pela Rússia do Brasil, podem duplicar e até triplicar imediatamente.
A partir de entendimentos que se consolidaram em julho, durante a reunião da cúpula dos Brics, em Fortaleza e Brasília, a presidente Dilma Rousseff se aproximou de Putin. Ambos assinaram acordos bilaterais de cooperação em várias áreas, inclusive a tecnológica. No organismo que reúne ainda China, Índia e África do Sul, se tornaram sócios no banco dos Brics e juntarão reservas para constituir um fundo de US$ 100 bilhões para dar estabilidade financeira ao grupo que, assim, vai se consolidando como bloco.
As circunstâncias do boicote dos ricos a Putin nem de longe envolvem o Brasil. Em todos os foros diplomáticos, os representantes brasileiros não se pronunciam a respeito da crise da Ucrânia, agravada após o voo da Malaysia Airlines ter sido abatido no ar, com 298 pessoas a bordo. As fortes suspeitas de responsabilidade de rebeldes pró-Rússia desataram uma série de novas sanções por partes dos ricos, liderados pelo governo de Barack Obama. Putin, que até ali reagia com frieza à escalada de boicotes, resolveu dar o troco agora. A proibição de importação de produtos americanos e europeus será correspondida pela abertura de novas fronteiras comerciais pelo gigante do leste.
Com relação ao Brasil, o comércio tímido de sempre, marcado por objeções, poderá, enfim, deslanchar. Relações bilaterais que nunca se concretizaram na plenitude podem avançar, agora, a partir da dinâmica natural dos fatos internacionais. Nem Obama poderá reclamar dessa aproximação. Ele sabe que ele mesmo a provocou.
Abaixo, notícia da Agência Brasil a respeito:
Embargo da Rússia abre grande janela para Brasil exportar carnes
Kelly Oliveira – Repórter da Agência Brasil
O anúncio de embargo da Rússia à importação de produtos agropecuários dos Estados Unidos e de países da Europa abre "uma grande janela para o Brasil" entrar no mercado russo, na avaliação do secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Seneri Paludo.
Hoje (7), a Rússia proibiu a importação de produtos alimentícios de países europeus e dos Estados Unidos, em resposta às sanções ocidentais contra Moscou. Essa proibição inclui carne bovina, suína, aves, peixe, queijo, leite, legumes e frutos provenientes dos Estados Unidos, da União Europeia e também da Austrália, do Canadá e da Noruega. Estados Unidos e Europa decretaram sanções econômicas à Rússia pelo envolvimento na guerra da Ucrânia e apoio aos rebeldes pró-russos no Leste do país.
"Do ponto de vista da política agrícola, é positivo", disse o secretário. Paludo acrescentou que a Rússia é um grande consumidor não somente de grãos, mas também de carnes. Para Paludo, a medida do governo russo pode levar a uma "revolução" nas exportações brasileiras de carne, milho e soja. O secretário também avaliou que essa decisão pode ter efeito parecido com a entrada da China na Organização Mundial do Comércio (OMC), em 2001, quando houve um "abalo sísmico" no mercado de commodities (produtos primários com cotação internacional).
Brasil 247
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