Produção em crescimento de 600 mil barris/dia pela Petrobras no pré-sal não sensibiliza candidata Marina Silva, do PSB; em programa de governo de 250 páginas, coordenado pela herdeira do banco Itaú Neca Setúbal, acento na produção de combustíveis vai mesmo para o etanol, extraído a partir da cana-de-açúcar por uma centena de usinas no País; Petrobras prevê que vendas a partir da exploração das águas profundas possam render mais de US$ 100 bilhões ao País nos próximos dez anos; presidenciável que cresce nas pesquisas vê de outra maneira: "Costumo dizer que o petróleo é um mal necessário. Temos que sair da idade do petróleo"; guinada de 180 graus em relação a estratégias implantadas ao longo de 12 anos nos governos Lula e Dilma poderá ter alta velocidade
29 de Agosto de 2014 às 14:15
247 – O programa de governo da candidata Marina Silva, do PSB – um catatau de 250 páginas, que impressiona pelo volume e foi coordenado pela herdeira do banco Itaú Neca Setúbal, como interface das ideias da presidenciável com o ex-governador Eduardo Campos – já tem uma primeira vítima: o pré-sal. Num eventual governo Marina, o acento tônico da presidente e seus principais auxiliares será na direção de reerguer a cadeia produtiva do etanol, na qual sobressaem usinas que extraem combustível a partir da cana-de-açúcar.
Manter na Petrobras a política de "produção, produção e produção", expressada pela presidente da estatal, Graça Foster, não é, definitivamente, intenção da candidata que sucedeu Campos.
- Costumo dizer que o petróleo ainda é um mal necessário, frisa Marina. Temos de sair da idade do petróleo. Não é porque falte petróleo. É porque encontraremos e já estamos encontrando outras fontes de suprimento de energia.
A partir deste ponto de vista, a prioridade da candidata já está demonstrada na retomada da cultura da cana para alimentar as usinas de etanol. Um compromisso firmado pessoalmente por Marina, na quinta-feira 28, em Sertãozinho, no interior de São Paulo, pela postulante do PSB.
O prenúncio de esvaziamento da área de produção da Petrobras, em caso de vitória de Marina, como já apontam pesquisas de intenção de votos para um possível segundo turno, representa uma guinada de 180 graus na política pública exercida até aqui para a estatal de petróleo. Mesmo tendo ocupado as manchetes em razão da criação da CPI para investigar a compra da Refinaria de Pasadena, a Petrobras está dando um show mundial em termos de obtenção de petróleo. A companhia é a única do mundo a ter aumentado sua produção nos últimos anos. E, agora com um valor de mercado estimado em US$ 100 bihões, voltou a ocupar a ponta no ranking das maiores empresas da América Latina.
A presidente Dilma Rousseff classificou como "leviandade" a maneira como a oposição vai tratando a Petrobras. Ela e Graça Foster trabalham com a certeza de que a estatal já passou pela fase mais difícil de sua história e estaria entrando, exatamente em razão das descobertas e exploração do pré-sal, num círculo virtuoso. Em tempo recorde, após os leilões de exploração em regime compartilhado, com prevalência da empresa nacional, a Petrobras já vai extraindo 600 mil barris/dia em seus poços de águas profundas.
A estatal trabalha com dados objetivos de que está diante de uma reserva natural de 12 bilhões de barris de óleo de boa qualidade. Para Marina, no entanto, o futuro está muito mais no modelo de usinas que empregam cortadores de cana do que na alta tecnologia que envolve a obtenção do "mal necessário".
Brasil 247
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