Primeira reunião teve disputa regimental entre governo e oposição, mas potencial de incomodar pesos-pesados do PSDB é grande; instalada em sessão comandada por senador Eduardo Suplicy, do PT, comissão pode revolver acusações de corrupção e distribuição de propinas pelas multinacionais Alstom e Siemens, em São Paulo, contra tucanos graúdos como o candidato a vice Aloysio Nunes, o suplente de José Serra ao Senado, José Aníbal, e o ex-tesoureiro de campanha Andrea Matarazzo; nova sessão marcada para setembro, antes das eleições; governistas buscam dar troco a ação da oposição na CPI da Petrobras
6 de Agosto de 2014 às 19:17
247 – Debaixo de uma severa ação do PSDB sobre a CPI da Petrobras, com desdobramentos na Justiça e no Ministério Público, os governistas no Congresso conseguiram nesta quarta-feira 6 dar um troco em outra moeda.
Por obra do senador Eduardo Suplicy, do PT, que presidiu a sessão, foi instalada a CPI Mista do Metrô, reunindo deputados e senadores para investigar casos como o escândalo de distribuição de propinas, em São Paulo, patrocinado pelas multinacionais Siemens e Alston, sobre as administrações tucanas no governo do Estado.
No vasto noticiário sobre o caso, nomes como o do candidato a vice Aloysio Nunes, do suplente do candidato a senador José Serra, José Aníbal, o ex-tesoureiro de campanhas presidenciais do PSDB Andrea Matarazzo, e até o conselheiro do Tribunal de Contas Robson Marinho.
Não há perspectivas de que, em curto prazo, a nova CPI consiga realizar depoimentos de suspeitos tão cedo, mas a simples instalação da comissão deu ânimo aos governistas. O senador Suplicy sustentou um debate regimental com integrantes da oposição e fez com que fosse eleito para presidente da CPI o senador João Alberto, do PMDB. Como ele não estava presente, sua posse e consequente início dos trabalhos ficou marcada para setembro, a tempo de exercer uma certa influência na eleição presidencial, a depender do que venha a fazer.
Abaixo, notícia da Agência Brasil a respeito:
Deputados e senadores adiam eleição de presidente e relator da CPMI do Metrô
Brasília/Mariana Jungmann – Repórter da Agência Brasil
Após conturbada reunião de instalação, os membros da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Metrô de São Paulo decidiram hoje (6) adiar para 2 de setembro a eleição do presidente e do relator dos trabalhos
Presidida pelo senador Eduardo Suplicy (PT-SP), que era o mais velho entre os presentes, a reunião foi marcada por diversos questionamentos regimentais de governistas e oposicionistas. No fim, como o senador João Alberto (PMDB-MA), que foi indicado pelo PMDB para assumir a presidência, não estava presente, os parlamentares acharam melhor adiar a reunião. "Por algum motivo, o senador João Alberto teve que ir para o Maranhão, e não fica adequado eleger um presidente da sua ausência" , explicou Suplicy.
Os parlamentares da oposição, no entanto, criticaram a postura dos governistas, que tomaram a iniciativa de convocar a reunião de instalação da CPMI e adiaram a votação para escolha de presidente. "É uma vergonha. O PT fugiu. O PT, que dizia que queria investigar, escalou um senador que viajou para o seu estado. Eu fui candidato a presidente, e ele [Eduardo Suplicy] não me deixou concorrer", reclamou o deputado Fernando Francischini (SD-PR).
O relator da CPMI do Metrô de São Paulo será o deputado Renato Simões (PT-SP), que defendeu o adiamento das votações. Ele lembrou que, historicamente, os partidos com mais cadeiras no Congresso têm a prerrogativa de indicar o presidente e o relator das CPIs e que, neste caso, a indicação cabe ao PMDB e ao PT, respectivamente.
"Adiamos para respeitar a prerrogativa do PMDB do Senado, que é o partido majoritário. O PMDB sofreu a contingência de ter que trocar o seu nome de ontem para hoje, do [senador Cassildo] Maldaner (PMDB-SC) para o João Alberto. Nós respeitamos o direito de PMDB de indicar o presidente. A base do funcionamento desta CPMI é um acordo partidário", disse.
A CPMI do Metrô deverá investigar denúncias de formação de cartel, corrupção de autoridades e outros ilícitos nos contratos, licitações, execução de obras e manutenção de linhas de trens e metrôs em São Paulo e no Distrito Federal. Embora se trate de obras de governos estadual e distrital, o Congresso tem a prerrogativa de fazer a investigação porque foram usados recursos federais.
Brasil 247
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