Embora oposição ainda mantenha alarmismo em relação aos preços, assunto está em baixa nas pautas dos jornais e dos debates
por Helena Sthephanowitz publicado 29/09/2014 16:43, última modificação 29/09/2014 17:20
ichiro guerra
Em debate, candidatos da oposição ainda citam a inflação como alvo de críticas, apesar do contexto mundial
A inflação está em baixa, inclusive, na pauta eleitoral da oposição partidária e midiática. Parece não sensibilizar mais a maioria do eleitorado que a enxerga estável e vê seu poder aquisitivo aumentado nos últimos anos, com ganhos reais nos salários.
Mesmo assim, candidatos da oposição ainda citam a inflação como alvo de críticas. No debate entre presidenciáveis na TV Record na noite de domingo (28), Aécio Neves (PSDB), em suas considerações finais, falou em “apresentar uma proposta ao país que permita que a inflação volte a ser controlada”. Pastor Everaldo (PSC), que tem feito “tabelinha” com o tucano nos debates, focou mais tempo nessa pauta. Acontece que o assunto se tornou secundário, tanto no debate quanto na campanha.
Será que haveria fundamento nas críticas ou um alarmismo foi desencadeado pela imprensa oposicionista para abastecer os candidatos da oposição, desde o aumento momentâneo do tomate no ano de 2013? Ou será que o mercado financeiro bate nesta tecla para fazer pressão por juros mais altos e para colocar a raposa tomando conta do galinheiro, capturando o Banco Central para o sistema financeiro privado?
Do ponto de vista da economia interna do Brasil, a inflação vem sendo mantida controlada dentro da meta estabelecida, sempre dentro da faixa perseguida até 6,5% ao ano. Considerando os desafios de manter e criar empregos em um ambiente de crise internacional, faz sentido para qualquer governo responsável com o bem-estar social equilibrar a criação de empregos com o limite tolerável de inflação, em vez de forçar a taxa cair para o centro da meta (4,5%) ao custo de maior desemprego.
Mais curioso é jornalistas de economia, como Miriam Leitão e Carlos Alberto Sardenberg, que sempre comparam a outros países quando há números desfavoráveis ao Brasil, ignorarem completamente o que se passa no mundo na hora de falar sobre inflação.
Entre as grandes potências mundiais em desenvolvimento composta pelos Brics, só a China, com 2,3%, está melhor do que o Brasil no quesito inflação. A Rússia está com uma taxa de 7,6% ao ano. A Índia, 7,8%. A África do Sul, 6,4%. Mesmo a China que adota a política econômica de “um país, dois sistemas”, tem em uma inflação de 6,07% em Macau e 3,9% em Hong Kong.
Entre outros países em desenvolvimento do G-20, os maiores também administram uma inflação maior do que o desejável nas épocas de fartura. Nigéria tem hoje uma taxa de 8,5%; Egito, 11,49%; Indonésia, 3,99%; Irã, 14,60%; Paquistão, 6,99%; Turquia, 9,54%; México, 4,15%; Chile, 4,5%, e Argentina, 10,9%.
Entre as grandes economias, quem está com inflação realmente baixa no mundo, salvo exceções, é quem adotou políticas recessivas e enfrenta alto desemprego, como a Europa e Estados Unidos. Até o Japão tem uma inflação alta para seus padrões (3,3%). A Europa já quer desesperadamente elevar a inflação, que está abaixo da meta, para aquecer a economia.
Praticamente todos os países cujo povo menos sofre as consequências da crise estão com inflação um pouco acima do que seria normal em outras circunstâncias mais favoráveis. Por isso, é falsa como uma nota de R$ 3 a ideia de que estejam com inflação descontrolada. O que há é um equilíbrio entre medidas de controle da inflação e, ao mesmo tempo, preservação de empregos. As propostas da oposição estão em linha com a ruptura desse equilíbrio, sacrificando empregos, salários e aposentadorias, para agradar ao apetite insaciável do mercado financeiro.
Rede Brasil Atual - Blog da Helena
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