sab, 27/09/2014 - 16:32
Com 40%, contra 27 de Marina e 18% de Aécio, segundo o DataFolha, Dilma luta para recuperar ao menos quatro pontos da candidata peessebista para levar a eleição no primeiro turno. O que os levantamentos atuais estão dizendo é que presidente já tem a totalidade dos votos dos que consideram o governo "ótimo" e "bom", mais que natural, mas não muito mais que 10% dos que o consideram "regular".
Cientistas políticos geralmente não atentam para esta questão de fundo semântico. Quando alguém avalia o governo ou o mandatário como "regular", ele pode estar dizendo "não-bom" ou "não-ruim". O que são opções muito diferentes entre si. A avaliação do cenário discursivo do momento, levando em consideração a luta pela interpretação por parte dos atores políticos, é fundamental para compreender o que o eleitor quer dizer, e como ele se identifica com um discurso ou outro.
Os grandes meios de comunicação venderam a ideia e convenceram a muitos de que o país passaria por uma crise generalizada em todos os níveis: institucional, político, econômico, nas esferas da saúde, e da educação, da segurança etc.
Ora, depois de tanto esforço, o que se tem? Em torno de 25% da população concorda com essa avaliação. É muito pouco se levarmos em conta o poder de produção de consenso que os grandes meios ainda detêm hoje.
Para este quarto da população, nenhum esforço de DIlma para convencê-los do contrário será bem sucedido. Por outro lado, entre 34 e 38% da população nunca deixou de considerar o governo "ótimo" ou "bom". A mídia passou longe de conseguir convencê-los do contrário.
O campo de batalha, portanto, seria entre aqueles que consideram o governo "regular", hoje variando entre 35 e 39%. Oposição e grande imprensa apostam na soma da avaliação "regular" com "ruim" e "péssimo". Só expressão de um desejo. Neste caso, a eleição de Dilma estaria perdida definitivamente. Não é difícil imaginar que entre estes há quem considere o governo "de razoável para ruim". Mas não se pode deixar de considerar que também há aqueles que dizem que DIlma é uma governante de "razoável para boa".
Dimensionar estes dois subgrupos seria necessário, e os institutos de opinião não tiveram a simples ideia de desmenbrar este contingente - vamos chamá-lo aqui por puro comodismo de contingente de "regulares", para contrastá-los aos "pessimistas" e "otimistas". De qualquer forma, o que era espantoso é que não só Dilma vinha perdendo todos os "pessimistas", o que era mais que natural, assim como aqueles que a consideram "medíocre" (de razoável para ruim), mas também todos que possivelmente estariam no grupo dos que avaliam o governo entre "bom e razoável". Até recentemente DIlma só conseguia os votos dos otimistas convictos, quem estava convencido de que este governo é "ótimo" e "bom". Isso não é comum.
E não é comum ainda porque o consenso que a grande mídia visava era justamente a de uma situação caótica. Avaliação de governo como "regular" num cenário discursivo deste tipo é indício de resistência.
Mas por que então Dilma estaria perdendo mesmo os que a consideravam de "razoável" a "boa"? A chave da interpretação é o fator Marina. Ao enxergar na candidata do PSB uma espécie de "continuidade melhorada" do governo DIlma/Lula/PT, é possível que parte do contingente satisfeito "ma non troppo" tenha migrado de forma expressiva para a candidata do PSB. Era a tal da imagem "Lula de Saias" (o que se reforçou com o déficit de carisma de Dilma). Mas o PT vem conseguindo marcar diferença, e a própria Marina vem se colocando como antítese dos governos Lula e Dilma.
O eleitor que considera o governo de "razoável a bom" não quer mudanças radicais (e é incrível o primarismo como a ideia de "mudança" foi interpretada pela maioria dos meios e mesmo cientistas políticos). É este eleitor que pode estar voltando para Dilma. Principalmente, baseado na nova classe média. E há margem para crescimento, mesmo até 5 de outubro, visto que a candidata à reeleição precisaria de não muito mais que 30% do contingente de quem avalia o governo como "regular", o que nas pesquisas eleitorais apareceria como um acréscimo de oito a dez pontos percentuais a mais (no embate direto com Marina, "roubando", portanto, de quatro a cinco pontos da candidata do PSB) . Resta saber qual o universo total daquele subgrupo.
Fácil não é. Visto que Marina tem mais cara de "nova classe média" do que DIlma. E aqui não há nada próximo à tolice divulgada há poucos dias de que certos grupos "votariam emocionalmente". "Ter cara" significa compreender os anseios e esperanças, compartilhar vivências. Dilma realmente não sustenta nenhuma imagem de "nova classe média", mas como o desmonte de Marina, muito mais próxima hoje de uma filiação a um modelo tucano do que de um paradigma petista de governança, está longe de ser impossível uma vitória em primeiro turno da atual presidente.
Com 40%, contra 27 de Marina e 18% de Aécio, segundo o DataFolha, Dilma luta para recuperar ao menos quatro pontos da candidata peessebista para levar a eleição no primeiro turno. O que os levantamentos atuais estão dizendo é que presidente já tem a totalidade dos votos dos que consideram o governo "ótimo" e "bom", mais que natural, mas não muito mais que 10% dos que o consideram "regular".
Cientistas políticos geralmente não atentam para esta questão de fundo semântico. Quando alguém avalia o governo ou o mandatário como "regular", ele pode estar dizendo "não-bom" ou "não-ruim". O que são opções muito diferentes entre si. A avaliação do cenário discursivo do momento, levando em consideração a luta pela interpretação por parte dos atores políticos, é fundamental para compreender o que o eleitor quer dizer, e como ele se identifica com um discurso ou outro.
Os grandes meios de comunicação venderam a ideia e convenceram a muitos de que o país passaria por uma crise generalizada em todos os níveis: institucional, político, econômico, nas esferas da saúde, e da educação, da segurança etc.
Ora, depois de tanto esforço, o que se tem? Em torno de 25% da população concorda com essa avaliação. É muito pouco se levarmos em conta o poder de produção de consenso que os grandes meios ainda detêm hoje.
Para este quarto da população, nenhum esforço de DIlma para convencê-los do contrário será bem sucedido. Por outro lado, entre 34 e 38% da população nunca deixou de considerar o governo "ótimo" ou "bom". A mídia passou longe de conseguir convencê-los do contrário.
O campo de batalha, portanto, seria entre aqueles que consideram o governo "regular", hoje variando entre 35 e 39%. Oposição e grande imprensa apostam na soma da avaliação "regular" com "ruim" e "péssimo". Só expressão de um desejo. Neste caso, a eleição de Dilma estaria perdida definitivamente. Não é difícil imaginar que entre estes há quem considere o governo "de razoável para ruim". Mas não se pode deixar de considerar que também há aqueles que dizem que DIlma é uma governante de "razoável para boa".
Dimensionar estes dois subgrupos seria necessário, e os institutos de opinião não tiveram a simples ideia de desmenbrar este contingente - vamos chamá-lo aqui por puro comodismo de contingente de "regulares", para contrastá-los aos "pessimistas" e "otimistas". De qualquer forma, o que era espantoso é que não só Dilma vinha perdendo todos os "pessimistas", o que era mais que natural, assim como aqueles que a consideram "medíocre" (de razoável para ruim), mas também todos que possivelmente estariam no grupo dos que avaliam o governo entre "bom e razoável". Até recentemente DIlma só conseguia os votos dos otimistas convictos, quem estava convencido de que este governo é "ótimo" e "bom". Isso não é comum.
E não é comum ainda porque o consenso que a grande mídia visava era justamente a de uma situação caótica. Avaliação de governo como "regular" num cenário discursivo deste tipo é indício de resistência.
Mas por que então Dilma estaria perdendo mesmo os que a consideravam de "razoável" a "boa"? A chave da interpretação é o fator Marina. Ao enxergar na candidata do PSB uma espécie de "continuidade melhorada" do governo DIlma/Lula/PT, é possível que parte do contingente satisfeito "ma non troppo" tenha migrado de forma expressiva para a candidata do PSB. Era a tal da imagem "Lula de Saias" (o que se reforçou com o déficit de carisma de Dilma). Mas o PT vem conseguindo marcar diferença, e a própria Marina vem se colocando como antítese dos governos Lula e Dilma.
O eleitor que considera o governo de "razoável a bom" não quer mudanças radicais (e é incrível o primarismo como a ideia de "mudança" foi interpretada pela maioria dos meios e mesmo cientistas políticos). É este eleitor que pode estar voltando para Dilma. Principalmente, baseado na nova classe média. E há margem para crescimento, mesmo até 5 de outubro, visto que a candidata à reeleição precisaria de não muito mais que 30% do contingente de quem avalia o governo como "regular", o que nas pesquisas eleitorais apareceria como um acréscimo de oito a dez pontos percentuais a mais (no embate direto com Marina, "roubando", portanto, de quatro a cinco pontos da candidata do PSB) . Resta saber qual o universo total daquele subgrupo.
Fácil não é. Visto que Marina tem mais cara de "nova classe média" do que DIlma. E aqui não há nada próximo à tolice divulgada há poucos dias de que certos grupos "votariam emocionalmente". "Ter cara" significa compreender os anseios e esperanças, compartilhar vivências. Dilma realmente não sustenta nenhuma imagem de "nova classe média", mas como o desmonte de Marina, muito mais próxima hoje de uma filiação a um modelo tucano do que de um paradigma petista de governança, está longe de ser impossível uma vitória em primeiro turno da atual presidente.
Jornal GGN
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