Líder nas pesquisas para o governo do Maranhão, Flávio Dino está prestes a fazer história; sua chegada ao poder simbolizará, também, o fim da era Sarney, que se tornou sinônimo de "velha política"; alvo de uma intensa campanha de baixarias, que envolveu até a contratação de um presidiário pago para o vincular à prática de crimes, Dino resistiu e deverá ser eleito em primeiro turno; durante a campanha, foi acusado também de tentar instaurar o comunismo no Maranhão; "deu vergonha alheia", brinca o candidato, que promete implantar, na verdade, o capitalismo no Maranhão; "aqui vai acabar o patrimonialismo, ou seja, ninguém será dono do poder ou de pedaços do Estado para construir fortunas"; leia a íntegra
26 de Setembro de 2014 às 17:39
Maranhão 247 - O Maranhão está prestes a viver um 5 de outubro histórico. Quando os votos forem contados, provavelmente chegará ao fim a chamada "era Sarney", que, nos últimos anos, se tornou sinônimo de "velha política".
O responsável pela façanha é um jovem advogado, de apenas 46 anos anos, que foi magistrado, professor de Direito e presidente da Embratur, no governo da presidente Dilma Rousseff. Flávio Dino, candidato ao governo do Maranhão pelo PC do B, aparece em todas as pesquisas com mais de vinte pontos de vantagem sobre seu oponente, o senador Edison Lobão Filho (PMDB-MA). E nada indica que isso irá mudar até o dia da votação.
Ao longo da campanha, Dino resistiu a um bombardeio que fez lembrar os anos da Guerra Fria. Numa de suas peças de campanha, Lobão chegou a alertar para o risco de que o Maranhão poderia se tornar "o primeiro estado comunista" do Brasil. Não acredita? Assista abaixo:
O que dizer diante de uma peça de campanha tão surreal? "Senti aquilo que hoje as pessoas chamam de vergonha alheia", disse Dino, em entrevista exclusiva ao 247. "Ressuscitaram uma retórica da Guerra Fria para tentar disseminar o medo na população maranhense".
Bem mais grave do que este caso, foi outra peça produzida pela campanha de Lobão Filho, em que um presidiário acusava de Dino de se associar a marginais para praticar crimes, como o tráfico de drogas. Assista abaixo:
Poucos dias depois, apareceu a verdade. O presidiário foi pago para produzir a denúncia contra Flávio Dino (leia mais em "Baixaria no Maranhão: denúncia contra Flávio Dino foi paga"). "O jogo sujo não nos intimida", disse Dino.
Na conversa com 247, ele até se diverte com a acusação de que poderia tornar o Maranhão comunista. "Na verdade, o que vamos fazer aqui é implantar o capitalismo", afirma. "Vamos dar fim ao patrimonialismo. Ou seja, o Estado não será usado para criar verdadeiras fortunas privadas".
Desenvolvida por Raymundo Faoro, no livro "Os Donos do Poder", a tese do patrimonialismo retratou sistemas políticos ancorados no compadrio e na mistura entre interesses públicos e privados. "Nada mais parecido com o Maranhão", diz Dino. "Basta olhar para meus adversários". Ele lembra que a família Sarney, afiliada da Rede Globo, se tornou proprietária de grandes empreendimentos imobiliários – alguns deles, alugados para o governo estadual. Enquanto isso, a família Lobão, afiliada do SBT, se tornou dona também de vários imóveis e construtoras que fazem negócios com o estado.
"Uma coisa já está sendo dita a todos aqui. Nem o governador, nem a família do governador ou de qualquer secretário terá também qualquer atividade empresarial ou interesses privados que colidam com o interesse público", afirma. "E isso fará com que o Maranhão volte a atrair grandes investimentos. O empresário quer regras claras, previsibilidade e segurança jurídica".
Poder político?
Dino diz ainda que, ao Maranhão, não fará falta o poder e o prestígio político das famílias Lobão e Sarney – nos últimos anos, os dois clãs ocuparam posições importantes no setor elétrico, com forte influência sobre o setor empresarial. E isso, dizem os aliados de Sarney e Lobão, teria ajudado o Maranhão a atrair grandes investimentos.
"Os investimentos que o Maranhão recebeu nos últimos anos vieram, sobretudo, em razão das vantagens naturais do Estado. O porto de Itaqui é o mais próximo do Canal do Panamá e dos grandes mercados consumidores. A fábrica da Suzano aproveitou um investimento da Vale já existente. Seria injusto dizer que nada foi feito. Mas o papel deles nesse ciclo de investimentos é superdimensionado", diz Dino. Ele garante que, com seu modelo de regras claras e impessoalidade, um novo ciclo irá se abrir.
"Até porque o Maranhão é um dos estados com maiores atrativos naturais. É um estado rico, com o povo pobre. Tem uma das bacias hídricas mais ricas do País, com rios perenes em todo o estado. Aqui não há semiárido. Além disso, temos aqui o segundo maior litoral do País e não há escassez de energia. Sem donos do poder e do estado, as portas irão se abrir para o investimento privado", afirma.
Focos de ação emergenciais
Retratado recentemente de forma negativa na mídia de todo o País em razão das rebeliões no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís (MA), o Maranhão vive uma grave crise de segurança, com ônibus incendiados e toques de recolher na capital.
"Essa é a grande emergência e as primeiras medidas do nosso governo serão restaurar os comandos do sistema penitenciário e da secretaria de segurança, para que a paz volte a reinar no Estado", diz ele. Dino afirma, ainda, que, dentro de quatro anos, será possível retirar o Maranhão das últimas colocações no Índice de Desenvolvimento Humano. "Ninguém no meu governo estará aqui para fazer negócios, mas para fazer com que o estado atinja todo o seu potencial de desenvolvimento econômico e social."
Brasil 247
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