20 de outubro de 2014 | 10:51 Autor: Fernando Brito
Ontem, finalmente, tanto no programa eleitoral quanto no debate da Record, Dilma Rousseff tocou na questão da seca que atinge São Paulo.
E não há qualquer exagero em dizer isso, porque a pesquisa Datafolha de hoje mostra que já 60% dos paulistanos (e 38% de maneira grave) sofrem com problemas de abastecimento.
Mas se isso é lamentável e angustiante para todos os que vivem em São Paulo e para os de outros Estados que superam o bairrismo tolo de ficar dizendo que “eles merecem” por conta de sua opção pelo governador que – à testa do Estado ou, quando não, junto dos outros poucos tucanos que o comandaram – levou nossa maior metrópole, não se pode esconder que o Governo Federal, até agora, estava deixando os paulistas sem algo tão essencial quanto a água.
O esclarecimento sobre as responsabilidades de cada governante, os alertas que o órgão federal fez às autoridades paulistas e sobre sua disposição de ajudar, que se expressa na autorização para retirada das águas mais profundas dos reservatórios e, até, em abster-se de uma intervenção – a que legalmente já tem direito, pois se trata de uma concessão vencida, a do Cantareira, de intervir no sistema.
O governo brasileiro sofre de um onirismo republicano de que as instituições da sociedade a ela são fiéis e tratam das questões com equilíbrio e equidade.
É uma versão institucional da “teoria do controle remoto” que norteou (ou, melhor dizendo, desnorteou) a comunicação do Governo Dilma.
Também neste caso, acreditou que a a mídia poderia revelar os problemas – afinal, falta d’água é um problema social imenso – e levar não apenas à correta atribuição das responsabilidades como a uma pressão para que se adotassem medidas prudentes.
Nem mesmo um comunicado da Agência Nacional de Águas, ainda fora do período eleitoral, para não haver questionamentos, se publicou. Que dirá, então, na TV.
Geraldo Alckmin aproveitou-se, com o cinismo que lhe é peculiar, desde cedo deste silêncio.
Seu primeiro ato, logo que a questão da água começou a ser noticiada, foi confundir a população sobre as responsabilidades pela administração da crise.
Sacou do bolso do colete aquela história da transposição das águas do rio Paraíba do Sul, que é tecnicamente algo extremamente questionável tecnicamente ( as cabeceiras do Paraíba do Sul se localizam na mesma área geográfica de parte dos mananciais do Cantareira e do Alto Tietê e, portanto, sujeitas ao mesmo regime de chuvas, tanto que o rio está dramaticamente seco) e inviável sob o aspecto da engenharia, porque é obra para, em ritmo alucinado e imprudente, levar ao menos dois anos para se concluir.
Aqui se advertiu sobre a bobagem que era a tal “guerra da água”, tanto que já a se esqueceu.
O Governo de São Paulo, em sua ânsia de praticar o estelionato político-eleitoral com as sucessivas afirmações de que “tudo ia bem” e que “a água estava garantida” perdeu todas as estribeiras em matéria de mistificação.
Agora, diante de todos os valentes jornais paulistanos, tudo o que era dito pela Sabesp e pelo Governador estava contaminado pela “esperteza” que era sua única reação ao problema.
De degrau em degrau, chegou ao ponto de fraudar estatísticas, medições e, agora, retirar da internet os valores das medições do nível dos reservatórios, “abolidos” desde sexta-feira.
A única reação decente nem sequer saiu nos jornais, ficou restrita ao blog do jornalista Mauricio Tuffani, da Folha, que ontem publicou que “A água ainda não acabou, mas a informação, já”, no qual, inclusive, menciona a manipulação estat´sitica que, há meses, vem marcando o que se divulga, a qual a gente aqui percebeu na hora, porque evidente.
Agora, não é surpresa que, embora menos que antes, os paulistas possam crer que há responsabilidades da União – e até da Prefeitura de São Paulo! – numa questão exclusivamente conduzida pelo Governo do Estado, como revela a pesquisa da Folha.
É por isso que disse, ao início que finalmente se tocava no assunto.
Porque não é democrático nem republicano que se deixe a população à míngua da verdade, como não é que lhe falte água.
Deixar um povo sem informação ou com informação que vem somente de grupos cuja cumplicidade política está mais que clara não é democrático, porque impede o seu livre processo de formação de consciência e de julgamento.
E os leva, muitas vezes, a decidir contra seus próprios interesses.
Talvez, depois dessa, se convençam de que o saudoso Chacrinha estava certo: “quem não se comunica, se trumbica”.
Ontem, finalmente, tanto no programa eleitoral quanto no debate da Record, Dilma Rousseff tocou na questão da seca que atinge São Paulo.
E não há qualquer exagero em dizer isso, porque a pesquisa Datafolha de hoje mostra que já 60% dos paulistanos (e 38% de maneira grave) sofrem com problemas de abastecimento.
Mas se isso é lamentável e angustiante para todos os que vivem em São Paulo e para os de outros Estados que superam o bairrismo tolo de ficar dizendo que “eles merecem” por conta de sua opção pelo governador que – à testa do Estado ou, quando não, junto dos outros poucos tucanos que o comandaram – levou nossa maior metrópole, não se pode esconder que o Governo Federal, até agora, estava deixando os paulistas sem algo tão essencial quanto a água.
O esclarecimento sobre as responsabilidades de cada governante, os alertas que o órgão federal fez às autoridades paulistas e sobre sua disposição de ajudar, que se expressa na autorização para retirada das águas mais profundas dos reservatórios e, até, em abster-se de uma intervenção – a que legalmente já tem direito, pois se trata de uma concessão vencida, a do Cantareira, de intervir no sistema.
O governo brasileiro sofre de um onirismo republicano de que as instituições da sociedade a ela são fiéis e tratam das questões com equilíbrio e equidade.
É uma versão institucional da “teoria do controle remoto” que norteou (ou, melhor dizendo, desnorteou) a comunicação do Governo Dilma.
Também neste caso, acreditou que a a mídia poderia revelar os problemas – afinal, falta d’água é um problema social imenso – e levar não apenas à correta atribuição das responsabilidades como a uma pressão para que se adotassem medidas prudentes.
Nem mesmo um comunicado da Agência Nacional de Águas, ainda fora do período eleitoral, para não haver questionamentos, se publicou. Que dirá, então, na TV.
Geraldo Alckmin aproveitou-se, com o cinismo que lhe é peculiar, desde cedo deste silêncio.
Seu primeiro ato, logo que a questão da água começou a ser noticiada, foi confundir a população sobre as responsabilidades pela administração da crise.
Sacou do bolso do colete aquela história da transposição das águas do rio Paraíba do Sul, que é tecnicamente algo extremamente questionável tecnicamente ( as cabeceiras do Paraíba do Sul se localizam na mesma área geográfica de parte dos mananciais do Cantareira e do Alto Tietê e, portanto, sujeitas ao mesmo regime de chuvas, tanto que o rio está dramaticamente seco) e inviável sob o aspecto da engenharia, porque é obra para, em ritmo alucinado e imprudente, levar ao menos dois anos para se concluir.
Aqui se advertiu sobre a bobagem que era a tal “guerra da água”, tanto que já a se esqueceu.
O Governo de São Paulo, em sua ânsia de praticar o estelionato político-eleitoral com as sucessivas afirmações de que “tudo ia bem” e que “a água estava garantida” perdeu todas as estribeiras em matéria de mistificação.
Agora, diante de todos os valentes jornais paulistanos, tudo o que era dito pela Sabesp e pelo Governador estava contaminado pela “esperteza” que era sua única reação ao problema.
De degrau em degrau, chegou ao ponto de fraudar estatísticas, medições e, agora, retirar da internet os valores das medições do nível dos reservatórios, “abolidos” desde sexta-feira.
A única reação decente nem sequer saiu nos jornais, ficou restrita ao blog do jornalista Mauricio Tuffani, da Folha, que ontem publicou que “A água ainda não acabou, mas a informação, já”, no qual, inclusive, menciona a manipulação estat´sitica que, há meses, vem marcando o que se divulga, a qual a gente aqui percebeu na hora, porque evidente.
Agora, não é surpresa que, embora menos que antes, os paulistas possam crer que há responsabilidades da União – e até da Prefeitura de São Paulo! – numa questão exclusivamente conduzida pelo Governo do Estado, como revela a pesquisa da Folha.
É por isso que disse, ao início que finalmente se tocava no assunto.
Porque não é democrático nem republicano que se deixe a população à míngua da verdade, como não é que lhe falte água.
Deixar um povo sem informação ou com informação que vem somente de grupos cuja cumplicidade política está mais que clara não é democrático, porque impede o seu livre processo de formação de consciência e de julgamento.
E os leva, muitas vezes, a decidir contra seus próprios interesses.
Talvez, depois dessa, se convençam de que o saudoso Chacrinha estava certo: “quem não se comunica, se trumbica”.
Tijolaço
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